Borges e os Orangotangos Eternos

Borges e os Orangotangos Eternos Luis Fernando Verissimo




Resenhas - Borges e os Orangotangos Eternos


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Arsenio Meira 17/11/2013

Ao mesmo tempo luz literária e mistério

O romance "Borges e os Orangotangos Eternos", de Luis Fernando Verissimo, começa com um crime. De estalo. Sem delongas. Em Buenos Aires, terra do mítico escritor, poeta, ensaísta, contista Jorge Luis Borges, ocorre no ano de 1985 o assassinato do estudioso alemão Joachim Rotkopf na noite de abertura de um certo congresso denominado Israfel Society, que reunia especialistas na obra do genial Edgard Allan Poe.

O corpo de Rotkopf fora encontrado pelo narrador Vogelstein (jocoso nome dado ao personagem: um misto de Wittgenstein e Hengel, penso eu); um tradutor e professor de inglês de Porto Alegre, aficionado por literatura policial, profundo conhecedor da obra de Poe e do citado argentino Jorge Luis Borges.

Sabendo que a lista de suspeitos seria grande devido ao número de inimigos conquistados por Rotkopf e seu jeito truculento de fazer ameaças para desmascarar teorias de outros especialistas em Poe, a vítima antes de sucumbir ainda conseguiu deixar pistas (a posição do corpo e três cartas de baralho dispostas na mesa), propondo um jogo de análise dedutiva.

Como o único personagem que vira a cena do crime antes dela ser modificada pelas tentativas de socorro, Vogelstein é convidado pelo criminalista Cuervo para ir à biblioteca de Borges e juntos tentarem desvendar o mistério. Desafiados pela realidade, os três se veem como protagonistas e diante da responsabilidade de solucionar uma trama semelhante às histórias que leram e escreveram.

É o início de uma viagem pelo campo das ideias, envolvendo a soturna lógica e a maestria literária de Poe, teorias sobre o espelho na literatura. Some-se a tais desvelos, os estudos místicos de H.P. Lovecraft e John Dee sobre a existência de um nome secreto capaz de invocar forças ocultas destruidoras. Através das conversas entre os três, Verissimo explora as possibilidades dos intertextos e da metalinguagem.

Cria histórias dentro de histórias, mistura realidade com fantasia, usa fatos históricos como ficção e ficção como fato histórico, subvertendo o que seria um romance policial num maravilhoso jogo de referências que ultrapassa os limites do ficcional, invadindo o campo da resenha e da crítica.

É um livro de mistério que vai além, discute filosofia e literatura num processo de auto análise construído em cima da perspectiva objetiva de Cuervo e das possibilidades literárias de Vogelstein e Borges com um desses finais de reviravolta, que roubam o fôlego. Afinal, as palavras escondem segredos. Quando manejada com a destreza de Verissimo neste romance, a literatura pode desanuviar e desarmar céus sombrios, com direito a Corvos plantados em nossas janelas, através do fascínio que também existe no verbo entreter.
Renata CCS 18/11/2013minha estante
Verissimo, escritor mais que genial. Lúcido, corajoso, iluminado, único. Tive a oportunidade de encontrá-lo na FLIP. Declarei meu amor, claro! Vontade de levá-lo para casa e nunca mais devolver!


Arsenio Meira 18/11/2013minha estante
rs, Renata, se você chegasse e ofertasse a ele a camisa do Internacional de Porto Alegre, ele jamais iria esquecer, rsrsrs!

E tenho um defeito, e grave: por ser muito fã do pai, sempre olhei pro filho com um olhar um pouco desconfiado, não muito. mas um pouco. O que é uma baita injustiça, uma covardia até, da qual já me penitenciei. Esse romance, aparentemente despretensioso, colocou tudo em seu devido lugar. O pai é único; mas o filho tem estilo próprio, personalidade e a veia de um grande escritor! E não é fácil desvencilhar-se dessa "dupla missão" na arte que é ter um pai inigualável. Grande abraço




Tecio Ricardo 31/05/2023

Depois da excelente leitura dos dois primeiros, esse terceiro infelizmente foi decepção total.

Luís Fernando Veríssimo tinha tudo pra criar uma história digna de Agatha Christie, mas decidiu"reinventar a roda" e escreveu um livro tão chato que nem sono dá.

Início animador, metade do livro a perdição começou e o final que pensei que ia ajudar, pelo contrário, só fez aumentar a decepção.

Minha recomendação é para deixá-lo ser um dos últimos a ser lido. ??
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Naosabo 28/07/2023

Não tenho criatividade
A bela mistura entre ficção e realidade torna "Borges e Os Orangotangos Eternos" uma leitura deliciosa. Ao apresentar-me Jorge Luis Borges, permite a busca por seus trabalhos.
O humor de Verissimo é outro ponto a se destacar, sútil e certeiro.
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Sérgio Filho 12/05/2010

Borges, Poe, Luis Fernando Veríssimo e misticismo
O maior cronista da atualidade na Literatura brasileira é também um romancista de mão cheia. Em 2000, Luis Fernando Veríssimo lançou um romance de título extenso e esquisito, essa segunda atribuição condiz com a obra, já a primeira não. Borges e os orangotangos eternos tem apenas cento e trinta páginas, e é um entretenimento de qualidade bem superior a esses calhamaços que figuram em primeiro lugar na lista dos mais vendidos de Veja e outros semanários afins.

Borges se refere ao escritor argentino Jorge Luis Borges, cego aos 57 anos e falecido em 1986 com 87 anos. Os orangotangos eternos é uma menção à Filosofias ocultistas, demônios arcanos e os mistérios da cabala.

A trama se passa no ano de 1985 em Buenos Aires, num congresso da Israfel Society, que reúne estudiosos da obra de Edgar Allan Poe e suas influências em outros autores (Israfel é o nome de um poema de Poe). O protagonista, Vogelstein, é um homem solitário e de meia idade cercado por livros e residente em Porto Alegre, que viaja à capital Argentina para participar do evento e lá se vê envolvido em um crime. Vogelstein juntamente com o escritor -personagem Jorge Luis Borges tentará desvendar o mistério que tanto incomoda a polícia daquele país. Os dois partem de seus conhecimentos sobre a Literatura policial nos contos de Allan Poe para revelar o crime, já que o criminoso deixou suas pistas baseadas nas histórias do escritor norte-americano e em causos da Filosofia ocultista. A cada pista descoberta surge um novo enigma e inicia-se uma outra discussão literária, até que se dê o (im)previsível desfecho.

A despeito do final ser ou não previsto pelo leitor(pois tratando-se de um romance policial cada um de nós é um detetive em potencial)todo o enredo de Borges… além de bem escrito serve de justificativa para uma discussão sobre A Literatura policial. Assim Luis Fernando Verissimo adequa perfeitamente o tema a uma intriga ficcional bem mais atraente do que qualquer debate acadêmico.
Sani 25/05/2011minha estante
Faltou dizer que o orangotango é um elemento crucial no conto de Edgar Allan Poe, "Os crimes da Rua Morgue".




Carol 25/11/2010

"- Sou como um amigo meu que foi visitar a catedral de Chartres e começou a levitar diante de um dos vitrais, até se lembrar de que não era místico e voltar para o chão".
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toninho 17/07/2013

Vogelstein é um solitário que viveu sempre entre livros. De repente, o destino sacode sua vidinha e o leva a Buenos Aires, para um congresso sobre Edgar Allan Poe, o precursor do romance policial moderno. Ali ele conhecerá seu ídolo - Jorge Luis Borges - e, por circunstância que a simples paixão pela literatura não explicaria, se verá no centro de um crime que envolve demônios arcanos, os mistérios da cabala e o risco de destruição do mundo dos homens.
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Cibele 12/03/2020

Maravilhoso
História gostosa de ler, divertida e com uma trama muito legal de acompanhar.
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Igor Oliveira 30/05/2009

Borges e os orangotangos eternos
Há oito anos a Companhia das Letras lançou a coleção Literatura ou Morte, com a proposta de que escritores contemporâneos criassem histórias policiais nas quais autores consagrados fossem personagens. No ano seguinte ganhei de presente Borges e os orangotangos eternos, é claro que não por acaso, mas por indicação minha mesmo. Como começara a ler Borges e estava fascinado, o livro, escrito por Luis Fernando Veríssimo, me pareceu muito interessante. Mas só esta semana resolvi lê-lo. Na época achava que conhecia pouco a obra de Borges para entender outro texto amparado nela. Mesmo sabendo que ainda não li tudo que desejo de Borges (ou seja, tudo!), a leitura foi tranqüila.

E Veríssimo, brilhante.

Vamos à trama: o cinqüentão Vogelstein, morador de Porto Alegre, recebe um convite para congresso sobre a obra de Edgar Allan Poe que acontecerá em Buenos Aires. Na capital argentina, após o coquetel de abertura do evento, se vê envolvido no assassinato de um dos participantes, o alemão Joachin Rotkopf. Por ter tantos desafetos entre os presentes, a morte de Rotkopf tem muitos suspeitos e é um prato cheio para Vogelstein e seu ídolo Jorge Luis Borges.
Veríssimo conseguiu criar uma história que homenageia Borges à medida que brinca com a idéia de uma história dentro da outra e tem o próprio escritor como personagem para especular sobre o assassinato e por fim desvendar o mistério.
O autor-personagem de Veríssimo se transforma em alguém de carne e osso, talvez mais real do que o próprio Borges que imaginamos. Os três ou quatro encontros do protagonista Vogelstein com o autor do Aleph nos dão a impressão de estar ali, fora o fato da narrativa o tempo todo ser dirigida ao próprio Borges, como um flashback por carta, literalmente um livro que relata todo o acontecido.
O Borges de Veríssimo ainda é capaz de dar lições de imaginação para Vogelstein escritor:

"Escrever para recordar."

Em meus reles exercícios de escrever, nunca mais esqueço essa máxima, seja ela do Borges autor ou do personagem. Cada vez mais escreverei para recordar.
Apesar do livro estar esgotado na editora, não deve ser difícil de encontrar em sebos ou pela internet. Diversão garantida para os fãs de Borges, Poe, Veríssimo ou simplesmente de uma boa história de mistério. Tanto melhor se gostares dos quatro.
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Alberto 21/03/2010

Borges e os Orangotangos Eternos de Veríssimo

Quando, numa caminhada pela Praça XV, resolvi entrar na Livraria Camões, vi, entre as prateleiras abarrotadas de livros velhos, Borges e os Orangotangos Eternos, de Luís Fernando Veríssimo, ainda lacrado. Preço de saldo por um exemplar novo. Lancei as mãos no livro e comprei-o, juntamente com O Senhor Ventura, de Miguel Torga.
Borges e os Orangotangos era um livro que queria ter, mas nunca foi prioridade entre as minhas visitas às livrarias. Era apenas mais um livro de Veríssimo para a minha coleção, e que, como muitos, entraria na minha vasta lista de espera pela leitura. E re-almente foi.
Há três anos o livro de capa azul e preta descansou entre os demais livros do cronista. Olhava-o sempre com um certo ar de desconfiança, porque prefiro o Veríssimo cronista ao romancista. Apesar de ter gostado de Clube dos Anjos, e de toda a coleção Plenos Pecados, não me sentia disposto a ler o seu livro sobre o mestre argentino.
Não sei se a longa espera foi boa ou negativa. Talvez se o tivesse lido há três a-nos não tivesse o encanto que tive hoje ao me entreter com tal preciosidade. Veríssimo criou uma história fantástica, transformando Jorge Luis Borges em personagem de sua trama de suspense com referências às obras de Edgar Allan Poe.
A leitura é prazerosa e apaixonante. O encontro entre o fã, Volgenstein, e o ído-lo, Borges, é construído de forma inteligente e perturbadora. Os mistérios que rondam o assassinato do crítico literário especialista em Poe são muito bem construídos, embora não seja difícil prever quem seria o real assassino. Mas era essa a intenção do narrador-personagem desde o princípio. Ponto para o autor, a criação de um narrador não confiá-vel, como acontece com a maioria dos contos do autor de O Escaravelho do Diabo.
Alguns fatos passam longe da verossimilhança de um crime e, principalmente, da ação da polícia diante de um assassinato. Mas o que importa isso diante de uma nar-rativa fluente que envolve o leitor desde as primeiras linhas do texto?
Outro ponto interessante do livro é o capítulo final ficcionalmente escrito por Borges, que abandona o posto de personagem-interlocutor para assumir a responsabili-dade pelo desfecho da história. O Borges de Veríssimo faz bem o seu papel de detetive literário, desvendando o mistério que envolve a morte de Joachim Rotkopf, o grosseiro crítico alemão.
Agora penso, depois de voltar com o livro datado para a estante, que relutei para ler um livro encantador e cativante. Faço questão de voltar à obra de Jorge Luis Borges, que certamente não foi bem feita, graças à magia despertada por Luís Fernando.
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@Cb.victorpi. 25/11/2013

Só aqui você descobre como o Jorge Luís Borges influencia muito o Veríssimo.
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regifreitas 12/11/2016

o texto e a imaginação de LFV são impagáveis! nesta obra a ação, o enredo não é tão marcante como os supostos diálogos entre o narrador e Borges sobre literatura, autoria, misticismo, religiões, mitologias, Poe e Lovecraft - a erudição, como o senso de humor, também são características marcantes do autor. contudo, como os outros romances de LFV, os finais sempre me frustam um pouco. não que sejam ruins, mas sempre acabo esperando algo genial! isso justifica a perda de uma estrela aqui - suscetibilidades do leitor, não culpa do autor.
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Glenda 08/03/2009

Sem querer ser chata, mas já sendo...
O nome do autor está escrito de maneira incorreta. Luis Fernando Verissimo, não leva acento em nenhum dos nomes.
Rodrigo 18/04/2021minha estante
Salvou a humanidade com essa informação




Italberto 09/03/2021

Borges e os macacos eternos
É uma singela homenagem ao grande Borges. Reúne num pequeno romance, todos os principais aspectos das obras borgianas: espelhos, revira voltas, mistérios, e muitas referências, muitas mesmo, tanto a obras e autores reais, quanto a simulacros, como aqueles tão presentes nos contos do autor argentino.

Luís Fernando Veríssimo coloca toda seu conhecimento literário nas páginas desse livro, e põe o protagonista, Vogelstein, num lugar que qualquer fã de Borges gostaria de ter estado, no centro da biblioteca labiríntica frente-a-frente com seu bibliotecário cego. Para emular um Borges verosímil, Veríssimo utiliza, tanto quanto pode, referências e mais referências à obra de Borges, de autores anteriores a este que lhe eram admirados e às inúmeras recorrências, sempre presentes nas obras do autor argentino, como tigres, labirintos, espelhos e, é claro, morte.

A trama se passa na cidade de Buenos Aires, durante um congresso sobre as obras de Edgar Allan Poe, no qual um dos participantes (um dos mais polêmicos) é assassinado em seu quarto de hotel. Por uma infeliz, ou não, coincidência, Vogelstein é quem encontra o corpo do congressista, fato que o leva à realizar um de seus maiores desejos, o de encontrar Jorge Luís Borges e, quem sabe, tentar remediar uma situação envolvendo os dois 25 anos antes.

Os principais personagens da trama são:
* Jorge Luís Borges (Autor);
* Vogelstein (O Protagonista tradutor/escritor);
* Cuervo (Criminalista)
* Rotkopf (O defunto)
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Lia 17/07/2021

Relativamente bom
O livro é muiiitttooooo enrolado.
Se você nunca leu nada sobre Edgar Allan Poe antes você vai ficar bem perdido, assim como eu fiquei. O livro só vai se desenrolar nos últimos dois capítulos, onde tudo se interliga.
Mas eu até achei bom o crime, mas não foi fantástico.
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Renan 23/01/2022

História muito cativante
Curti a o desenvolvimento com as citações ao Borges. As menções ao Põe e suas obras, misturada na trama, ficaram muito interessantes. Além disso, o finalzinho é ótimo...rs
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