Joamila 27/02/2014
O simples também em sonetos
Lançado em 1940, uma boa vintena de anos depois da Semana de Arte Moderna, A Rua dos Cataventos (como o próprio Quintana esclarece em uma entrevista dada a TV Educativa) é uma obra escrita para que os leitores fizessem as pazes com o soneto. Para alguns é difícil conciliar a imagem do “poeta das coisas simples” com sonetos, dado todo o trabalho de expiração que envolve a composição dessas belezinhas. Mario Quintana conseguiu a proeza de ser simples trajando toda a imponência dos sonetos nessa obra, encontramos aí o cotidiano em todas as portas e janelas dessa rua. MQ se mostra a vontade para evocar personagens de sua infância, o seu próprio eu infantil e ainda encontra espaço para dedicar versos àqueles que lhe eram caros. Além disso, o diálogo que ele estabelece entre o que é assimilável pelos sentidos, ou o que era fato, com o que é extrassensório, ou seja, a manifestação da sua capacidade poética, é de encher os olhos e o coração. Enfim, essa é uma rua a se descobrir em um passeio daqueles em que não temos medo de sermos despenteados pelos assobios do vento.