Márcia 22/07/2022
O Projeto Desfazer - Michael Lewis
O título é a tentativa de recuperar as individualidades em um trabalho criado em dupla. No caso, a dupla de psicólogos israelenses Daniel Kahneman e Amos Tversky, cujas teses são uma das principais fontes para o surgimento do campo da economia comportamental – que valeram o Prêmio Nobel de economia a Kahneman, em 2002 (Tversky já havia morrido, e o Nobel não é concedido postumamente).
O livro de Michael Lewis pode ser interpretado de quatro maneiras diferentes. A primeira é como uma sintética história da economia comportamental. Um segundo sentido do desfazer, do título do livro, é a reversão de alguns equívocos da teoria econômica, especialmente nas premissas sobre a racionalidade na tomada de decisões.
Como a história é centrada nos dois protagonistas, Kahneman e Tversky, perde-se algo do contexto. Antes dos dois psicólogos israelenses, um economista e psicólogo americano já havia desferido o primeiro golpe no modelo de racionalidade das decisões. Herbert Simon ganhou o Nobel de 1978 por sua tese da racionalidade limitada – segundo a qual a realidade é complexa demais para que possamos tomar decisões ótimas.
O trabalho de Kahneman e Tversky, no entanto, tornou-se a espinha dorsal da economia comportamental, e Lewis apresenta uma síntese competente de seu significado. O grande insight da dupla foi desafiar a noção de que as pessoas pensam como estatísticos. Em seu lugar, os dois israelenses criaram os primeiros modelos de como as pessoas efetivamente pensam. Chamaram isso de heurísticas, ou regras práticas.
A segunda possibilidade de interpretação do livro, ele apresenta o funcionamento do mundo acadêmico e, particularmente, um quadro peculiar da história de Israel. Tanto Kahneman quanto Tversky lutaram em três guerras – a da independência, a dos Seis Dias e a guerra do Yom Kippur – que Israel travou com seus vizinhos.
Uma terceira chave para a leitura do livro é a biografia. Trata-se, porém, de uma biografia parcial. Kahneman e Tversky são retratados primordialmente em sua relação. Tudo o mais – divórcios, viagens, filhos, empregos, guerras – aparece em segundo plano. Não se trata de uma biografia dupla, e sim da biografia da dupla.
Por fim, a quarta maneira de interpretar o livro de Lewis é a ode em homenagem a uma amizade, já desgastada, mas ainda viva e interrompida pela morte de Amos. Com exceção do primeiro capítulo, uma vinculação pobre da psicologia comportamental ao seu livro Moneyball, Lewis faz uma brilhante ode a uma das amizades mais espetaculares da ciência, talvez da história humana.
O início do livro é muito chato e, não entendi através da narrativa, qual era o objeto do livro. Quando começa a descrever a biografia dos protagonistas e como eles se tornaram amigos, e como essa amizade desenvolveu uma teoria revolucionária, o livro começou a ficar interessante.
A teoria da dupla é muito interessante mas como ela é descrita no livro não é atrativa para leigos. Uma escrita arrastada.