Márcia 29/07/2011“Coisas Frágeis”
Para me fazer ler – e terminar – um livro de contos, é preciso que o autor seja muito bom. Odeio estórias curtas e não sei porquê. Me irritam. Mas os contos do Gaiman me consquistaram – alguns mais que outros, mas o resultado foi o mesmo.
O primeiro conto, que ilude ao Sherlock Holmes é tão fraquinho que me desanimou logo de início. Mas o segundo conto, “A vez de Outubro”, é tão interessante que me reanimou e me mantive assim até o fim. Além de me lembrar de um livro do Gaiman que tenho e estou louca para ler “O Livro do Cemitério”.
Destaco o perturbador conto de Suzan – Nárnia para mim é meio que “intocável” e me choquei um pouco com o desfecho do conto, mas ao ler a introdução compreendi a intenção do autor. Até mesmo me chamou a atenção para o fim de Suzan em seu próprio livro.
Também gostei do conto “ O monarca do vale”- um conto de “Deuses Americanos”, com o protagonista do livro. Passei todas as páginas com medo de algum spoiler e acabei ganhando alguns mesmo, mas o que ficou foi uma vontade louca de ler o livro. E ter sido o último e o maior contribuiu para que o livro deixasse uma boa impressão no final. Inteligente, Gaiman. Apesar disso, não vou fingir que entendi o final do próprio conto, ou que fez algum sentido.
Além de “Nárnia” e Sherlock Holmes, outra inspiração famosa presente no livro é “Matrix”. Esse conto “Golias” é o mais confuso, em minha opinião. Nunca vi “Matrix” (e também fiquei com medo de spoiler), mas espero que não seja mesmo preciso ver os filmes para entender o conto (seria um absurdo), mas o fato é que não entendi muito bem.
O conto do Pássaro de Fogo, que Gaiman diz ter escrito como um presente para sua filha – o presente mais brochante que eu poderia ganhar, aliás, preferiria ganhar um livro todo, ora - também é louco, não parece ter pé nem cabeça, e para falar a verdade me incomodou um pouco o fato do Gaiman ficar pegando no pé do personagem americano, o acadêmico.
Em “Lembranças e Tesouros”, tive meu 3º conto preferido. Apresenta 2 personagens interessantíssimos e para mim é o que mais fez sentido. Acho que porque a bizarrice não voou para o sobrenatural; o conto trata de assuntos fortes sim, mas “normais”, “reais”.
“Os fatos no caso da partida da Senhorita Finch” é o conto mais sem-graça e sem sentido que já li. Não começa bem, não continua bem e termina muito mal.
Somando as impressões de todos os contos, o resultado foi um livro repleto de estórias bizarras. Esperava algo mais, é verdade; eu tenho aquela imagem do Gaiman como “O” autor fodão; como aquele tipo de escritor louco que fica martelando numa máquina de escrever tentando organizar suas idéias loucas. E tem mesmo que ser louco para imaginar personagens tão bizarros, com estórias tão bizarras e finais por vezes tão chocantes.
Pretendo guardá-lo e relê-lo, porque tenho certeza que perdi muita coisa. Não são contos para ler superficialmente. “Coisas Frágeis” guarda alguns segredos para mim ainda.