O Livro do Juízo Final

O Livro do Juízo Final Connie Willis




Resenhas - O Livro do Juízo Final


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Luan 16/05/2019

Muita pretensão para pouco resultado
Ficção científica com viagem no tempo são elementos convidativos que me fazem comprar um livro. Gosto do tema e ele me atrai facilmente. O livro do juízo final tem estas características. Por isso me interessei de início. Sem buscar conhecer muito a história, mas vendo algumas opiniões positivas, eu comprei e li. E comprovei que nem sempre estes elementos são certeiros para uma obra, assim como receber os maios prêmios literários não definem a qualidade de uma obra.

Em O livro do juízo final, Connie Williams nos leva a 2054, onde a sociedade já convive com avanços tecnológicos, como a viagem no tempo. Em Oxford, na Inglaterra, uma universidade costuma levar seus pesquisadores a diversos lugares no passado a fim de realizar estudos mais precisos sobre a história. Um destes casos é com Kivrin, uma aluna que decide viajar para a Idade Média, um período considerado perigoso para esta atividade. Tudo, aparentemente, ocorre bem no salto dela para o passado. Mas uma misteriosa doença acomete o técnico responsável por operar o sistema e isso pode acabar impedindo a volta da estudante para o presente.

É com esta premissa que O livro do juízo final é apresentado e nos dá uma sensação de saborosa aventura entre o presente e o passado. Mas na prática, não é isso que acontece. É possível dizer que o livro é dividido em duas partes. A primeira, bastante chata, lenta, onde praticamente nada acontece, e a segunda, na reta final, onde a aventura se desenrola e aí sim consegue animar o leitor.

Eu confesso que esperava algo um pouco diferente para o livro. Esperava ver a protagonista vivendo ao longo de vários anos no passado, fazendo descobertas e tentando buscar uma forma de voltar ao presente. Mas isso não ocorre. Ela fica reclusa, por um certo motivo que faz sentido, a um vilarejo. Enquanto que no presente vemos a equipe responsável pelo salto envolta na doença do técnico, tentando entender o que aconteceu com ele e buscando uma solução para puxar Kivrin de volta – se é possível.

O livro é narrado em dois momentos com capítulos que intercalam o presente e o passado, onde está a protagonista. A parte que se passa no presente é, sem dúvida, a melhor. Mais movimentada e com mais dinâmica, é onde ocorre a ação que dá o tom à aventura prometida na sinopse. Os capítulos que narram a Idade Média são aparentemente bons no início, mas se tornam chatos e monótonos a medida que não há acontecimentos e tudo parece girar em círculos.

No entanto, vários problemas teriam sido rapidamente resolvidos se não fosse aquela velha conhecida conveniência de roteiro. É que, para citar um exemplo, toda vez que um personagem precisava contar ou revelar algo, acontecia alguma situação que o impedia, como a chegada de alguém ou um desmaio. Isso impedia a história de desenvolver. E o tanto que a autora enrolou em situações como essas ou em descrições de fatos desnecessários fez com que o livro tivesse quase 600 páginas. Mas seria muito possível ter uma história mais pontual com menos de 400 páginas.

Soma-se a isso o fato de ter vários personagens desnecessários na trama, que não tiveram tanta utilidade a não ser serem chatos ou incomodar quando não deveriam. Tanto no presente quanto no passado isso aconteceu. Apesar de ter um ritmo bom de leitura, a história não evoluiu dentro do que poderia. Prometeu mais do que entregou, mesmo assim ainda trouxe um final que entusiasmou. Mas ainda não decidi se vou continuar a ler esta trilogia. Só o tempo dirá.
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Kaori 07/12/2021

Emocionante
"O livro do Juízo Final", de Connie Willis, se passa em meados do século XXI, onde a humanidade consegue realizar viagens no tempo e a jovem historiadora Kivrin é mandada para a Idade Média com propósito acadêmico, mas tudo pode dar errado quando uma doença desconhecida passa a assolar a equipe técnica responsável por trazê-la de volta.
Certamente não deveria ter lido esse livro em 2022, onde uma pandemia acontece. Mas apesar disso, eu senti que a extensa pesquisa que Willis fez para descrever a Idade Média e o modo como as coisas são retratadas fizeram eu me apegar aos personagens.
É um livro denso, com acontecimentos repetitivos e escrita meio cansativa, mas lendo a obra, eu percebi que seu foco não era tratar sobre uma estória épica, cheia de plot-twists e ação; o foco do livro é passar a mensagem de que pessoas são simplesmente... pessoas, e que as emoções que elas passam enquanto vivem tempos trágicos são tanto característicos quanto previsíveis.
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Lu Oliveira 27/08/2017

''...às vezes a gente faz tudo por uma pessoa, mas isso não basta para salvar a vida dela.''
''Ela está a setecentos anos de casa, pensou Dunworthy, num século que desdenhava das mulheres a ponto de nem anotar seus nomes quando morriam.''

O livro do juízo final é narrado em terceira pessoa, e a história se passa no ano de 2054, onde já é possível fazer saltos temporais não-tripulados e tripulados. Kivrin é uma jovem historiadora com o desejo de saltar para a idade média para explorá-la, mas depois de muito preparo, ela vai finalmente realizar seu desejo. Sr. Dunworthy, um dos seus professores, está muito preocupado com sua ida, pois ela estará exposta a vários perigos daquela época, e tem medo de que possa haver muito desvio no salto e ela não chegue ao local planejado.
Tudo pronto, então é hora de embarcar numa viagem com Kivrin para 1320. À partir daí, teremos capítulos divididos, nos mostrando Kivrin na idade média e Dunworthy e o resto do pessoal no presente.

Acontecem duas coisas distintas: os efeitos do salto de Kivrin não estão desaparecendo e o técnico responsável por mandá-la para a idade média adoece logo após conferir os dados. Kivrin não sabe porque está doente, já que tomou todas as vacinas necessárias antes de ir.
As pesquisas iniciais apontam que Badri tem um mixovírus de Influenza, mas não se sabe de onde teria surgido ou como ele teria contraído.

Á partir daí, será uma corrida contra o tempo para descobrir com quem Badri teve contato e a origem do vírus antes que todos caiam doentes. Esse vírus apenas deixou Dunworthy mais preocupado, pois antes de desmaiar Badri tinha ido lhe avisar que algo estava errado. Surgem algumas perguntas; será que Kivrin foi exposta ao vírus? Será que ela ficou doente? Mas ela não poderia ter ficado doente, pois a rede não abriria e o salto não teria acontecido se algo do tipo tivesse ocorrido.

Ela precisa marcar o local do reencontro antes de sair para explorar o lugar e antes que escureça, mas a dor de cabeça está insuportável e quando menos espera, ela está apagando. Kivrin só tem alguns vislumbres de estar sendo erguida, e sendo levada num cavalo. A febre a faz ter muitas alucinações e quando se recupera um pouco, sabe que está sendo cuidada por uma família. Ela consegue entender o que eles falam, mas eles parecem não entendê-la.

Essa será sua vida por um tempo, e vai ser inevitável não se apegar àquelas pessoas. Ela precisa encontrar uma chance de falar com Gawyn para descobrir onde ele a encontrou na floresta, antes que perca o dia do reencontro. As chances nunca estão a seu favor, e nas festividades de Natal um dos convidados é deixado para trás doente, mas isso não pode estar acontecendo, pois ele apresenta sintomas da Peste Negra e ela só chegaria a Europa em 1348. E agora, será que Kivrin está mesmo em 1320?

Connie Willis soube criar uma história envolvente, e personagens simples que conquistam o leitor logo de cara. A leitura não é nem um pouco cansativa, e termina nos fazendo desejar ter o próximo livro em mãos. A autora retratou muito bem a época e um dos acontecimentos mais marcantes da idade média. Apesar da religião ter um papel muito importante em nossa formação como sociedade, vemos o enorme papel que a Igreja e Deus tem nos tempos antigos.

Com suas palavras, a autora desnuda nossos olhos sobre a morte e vemos como, em nossas horas finais, podemos ser despojados de nossa dignidade.
Recomendo a todos os que amam mergulhar num bom livro.

''...às vezes a gente faz tudo por uma pessoa, mas isso não basta para salvar a vida dela.''

site: https://epigraph9.blogspot.com.br/2017/08/o-livro-do-juizo-final-connie-willis.html
tiagoodesouza 31/08/2017minha estante
Nossa, achei super cansativo de ler. E cheio de partes chatas. Podiam eliminar muita coisa que não faria falta. Bem umas cem páginas a menos


Lu Oliveira 31/08/2017minha estante
Poxa, acho que me envolvi tanto que não queria que terminasse.




Luiz 04/09/2021

Me emocionei!
Lendo a sinopse, pensei que esse fosse mais um livro daqueles sobre viagem no tempo em que os personagens precisariam enfrentar perigos no passado, sem alterar o futuro. Ou coisas assim. Mas é bem diferente.
Em 2054, as universidades têm a capacidade de estudar o passado “ao vivo e em cores”, enviando cientistas em viagens temporais. Kivrin é uma dessas cientistas, e é mandada para a Idade Média. Porém, devido a um erro ela vai parar exatamente na época da mortal Peste Negra. Cabe ao professor Dunworthy e outros profissionais trazê-la de volta antes que ela seja vítima da doença.
O início da história é muito lento. A autora detalha bastante a ambientação do século 14, os costumes, medicina, e a trama demora um pouco para andar. Mas quando engrena, empolga muito, além de ser emocionante! As personagens são tão bem desenvolvidas que as mortes são sentidas mesmo. Parece que estamos na pele de Kivrin testemunhando tanto sofrimento, e podendo fazer pouca coisa. Fiquei imaginando qual seria a minha reação numa situação dessas. O núcleo do “presente” é igualmente interessante, ainda mais com a misteriosa doença fatal que começa a se espalhar por Londres, e que pode ter a ver com a viagem no tempo.
O livro é mais sobre a humanidade dentro de cada um, do que a parte técnica das viagens temporais. Serve para pensar e se emocionar. Ainda não conhecia a autora, mas já quero ler mais obras dela!
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Bruna Chaves 24/12/2023

Que livro excelente! O começo pode ser meio lento, pois você vai conhecendo os personagens e se adaptando, mas depois não dava para largar e eu PRECISAVA saber o que iria acontecer. A autora criou personagens incríveis e deixou a angústia até o último minuto do livro. Cinco estrelas e favoritado
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Zana 03/03/2018

Prolixo.
No futuro a estudante de História Kivrin Engle viaja no tempo para pesquisar sobre a Idade Média. Seu orientador se opõe a tal determinação, mas contrariando seus conselhos ela segue adiante utilizando outro departamento da universidade. Algo dá errado e em vez ir para seu objetivo, o ano de 1320, termina projetada para o ano 1348, período de surto da Peste Negra em que metade da Europa terminou por ser dizimada.

Enquanto isso, em 2054 Dunworthy, seu professor e orientador corre contra o tempo, um conflito departamental e uma epidemia de Infuenza que assola a cidade sob quarentena para descobrir o que deu errado no lançamento da sua aluna e tentar o seu resgate. Alternadamente o leitor tem a perspectiva de Kivrin que vivência os horrores da época medieval.

Para preencher as 576 páginas do livro Connie Willis utilizou uma narrativa extremamente prolixa, como uma espécie de looping. Ela repetiu e estendeu exaustivamente situações e diálogos tornando a leitura cansativa e muitas vezes maçante apesar do argumento ser interessante. Então, se você gosta e quer saber sobres fatos da idade média, especificamente sobre uma das piores pandemias da história e eventos relativos como doenças, vírus, inoculação, etc. se jogue na leitura, caso contrário é melhor fugir como se estivesse correndo da peste!
Érica | @aquelacomlivros 04/03/2018minha estante
Você foi corajosa de terminar essa leitura, hein! Rsrs


Zana 04/03/2018minha estante
Desci pro play tive que brincar! ahaha




spoiler visualizar
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Coruja 05/10/2017

Viagens no Tempo, Empatia e Religião
O que você faria se pudesse estudar História viajando pela História? É isso que acontece no futuro não-tão-distante de 2054, no Departamento de História de Oxford, cenário que abre O Livro do Juízo Final e que eu estava extremamente ansiosa para ler desde que tive o prazer de descobrir Connie Willis, em duas antologias de contos, no ano passado. Se bem que muito antes disso, meu amigo Enrique já tinha feito a indicação de To Say Nothing of the Dog, que se passa no mesmo universo, de forma que preciso dedicar o texto de hoje a ele. Sério, Enrique, muito obrigada por ter me apresentado à Willis.

Enfim, a história começa com Kivrin, uma estudante de Oxford, preparando-se para uma viagem até o período medieval, para grande consternação do professor Dunworthy - que embora não esteja ligado aos estudos de Idade Média, foi tutor da moça e tem uma ligação até paternal com ela. É a primeira vez que um salto - como se chama o ato de ir ao passado - é feito até o período, já que, em razão das doenças, perseguições às bruxas, criminalidade, falta de saneamento e outras questões complicadas, a Idade Média tem uma nota alta na escala de periculosidade. E isso só ocorre porque o reitor da faculdade de História está de férias e seu substituto, o professor Gilchrist, acha que todos os relatos medievais macabros são, na verdade, um grande exagero e essa é uma perfeita oportunidade de ele mandar um aluno para a época e ganhar os louros. Dunworthy tenta de todas as maneiras demover Kivrin de fazer a viagem, mas ela está decidida e assim é que, quase às vésperas do Natal, ela é enviada para o meio de estrada entre Bath e Oxford, no Ano da Graça de 1320, devendo passar as próximas duas semanas num vilarejo que está sendo escavado por uma de suas professoras no presente.

Exceto que… alguma coisa deu errado. Logo após realizar o procedimento, o técnico responsável pelo salto procura Dunworthy para avisar que algo não seguiu os parâmetros, mas antes de poder explicar o que aconteceu, cai terrivelmente doente. Numa época em que historiadores podem fazer viagens no tempo como projeto de faculdade, é óbvio que a medicina evoluiu de tal maneira que a doença do técnico é uma situação fora da curva e assim é que, em vez de simplesmente seguirmos Kivrin para o passado, permanecemos no presente, onde o que parece uma simples gripe revela-se um vírus violento, que rapidamente se espalha. Oxford fica de quarentena, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças correm contra o tempo para sequenciar o vírus e encontrar uma vacina e Dunworthy tenta de tudo para descobrir o que fazer por Kivrin, sem ter ideia sequer se ela conseguiu chegar ao local que deveria chegar… e se foi exposta à influenza antes de ir ao passado.

E, de fato, Kivrin chega ao seu destino quase delirante, com sintomas já bem avançados do vírus. Por sorte, a médica responsável por sua preparação para o salto lhe deu tantas vacinas e reforços imunológicos - incluindo até uma imunização para a peste bubônica - que ela consegue reagir o suficiente e se descobre acolhida na casa de uma família de algumas posses, numa vila próxima a Oxford. Ali, ela passa sua convalescença e começa suas pesquisas, observando as damas da casa, Imeyne e Eliws; as filhas, Rosemund e Agnes; os servos e também o padre da vila, o gigante (e um tanto assustador à primeira vista) padre Roche.

O enredo se alterna em capítulos na Oxford de 2054 e a vila medieval, entre o caos social que se instaura com a quarentena numa, e os preparativos para o Natal e o cotidiano de uma casa senhorial noutra. O interessante é que esses dois focos narrativos são presididos por acadêmicos, mas tanto o professor Dunworthy quanto Kivrin perdem qualquer distanciamento e objetividade, ele em sua preocupação com ela; e ela, no seu interesse pela família que a acolheu. Observar o contraste na forma como os acontecimentos evoluem é também uma das grandes jogadas do livro, porque a situação nos dois focos é paralela - pela preocupação com os outros, pela questão da doença e pelo papel da religião.

Não é por acaso que a história se passa no período natalino. Dunworthy constantemente compara sua situação com Kivrin com Deus e Jesus - “Ele que mandou seu filho para o meio dos homens”, mas que, na visão de Dunworthy, teria se arrependido, mas então era tarde demais e o filho já estava perdido e ele era incapaz de encontrá-lo, e depois o “Pai, por que me abandonaste”, a sensação de Kivrin de não conseguir encontrar o local do salto, o fato de as coisas terem dado errado e ela não estar exatamente quando deveria estar. Eles estão constantemente perguntando a uma divindade ausente “por quê?”, enquanto tentam desesperadamente fazer o seu melhor, as pessoas começam a morrer e parece impossível que isso possa terminar num final feliz - o que é curioso, porque a primeira metade do livro te arranca gargalhadas com a fleuma britânica de muitos dos personagens; aí você chega na terceira parte da história e começa a chorar sem parar.

Willis consegue passar muito bem a sensação de impotência e desespero dos personagens, especialmente no caso de Kivrin - ela dá pistas e nos prepara para o que vai acontecer desde o começo, mas quando afinal entendemos o que o técnico tão desesperadamente queria dizer a Dunworthy que dera errado… já é tarde demais.

Quando peguei O Livro do Juízo Final pela primeira vez, fiquei impressionada com o tamanho dele, porque, ao menos em princípio, a sinopse soava bem clara e, o contato que eu já tivera com o estilo de Willis me dizia que ela era uma escritora que não se perdia em muitos arrodeios, era bem direta. Mas cada uma das mais de quinhentas páginas do livro são necessárias; cada um dos personagens está ali por um motivo, ainda que alguns deles sejam bastante estereotipados. Aliás, é engraçado observar que Kivrin parte para a Idade Média repleta de pré-conceitos, mas os estereótipos estão muito mais relacionados aos indivíduos do seu presente: professores cegos pelo ego ou por suas próprias pesquisas; rapazes conquistadores, secretários preocupados, mães superprotetoras, as sineiras americanas - em contraste às personalidades bem melhor desenvolvidas dos medievais.

Fato é que é fácil se apegar a todos que Willis nos apresenta aqui; Kivrin, com sua curiosidade e entusiasmo, Dunworthy, preocupado, sempre ocupado, mas também sempre a serviço, sem perder a humanidade; Colin e a doutora Mary Ahrens, Agnes, Rosamund, padre Roche… E, caramba, daria para escrever um ensaio inteiro sobre a simplicidade, a fé e o desvelo de padre Roche.

É difícil falar muito mais sem entregar um dos pontos principais do plot, o que torna tudo tão mais trágico. Mas é importante perceber que, mesmo quando tudo parece completamente perdido, - na verdade, quando as perdas se somaram tantas que estamos já de coração partido - não se perde a esperança. Ter consciência de que não existe ajuda a caminho e mesmo assim continuar fazendo a sua parte, esforçando-se, tentando auxiliar… o que Kivrin faz naquela pequena vila pode parecer, para ela, algo insignificante no grande esquema das coisas, mas, como Colin observa quando faz a comparação com o outro vilarejo pelo qual ele e Dunworthy passam em busca da estudante, faz toda a diferença: ela impede que as pessoas ao seu redor esqueçam que são humanos e os impele a acreditar.

O título da história é uma referência aos Anais da Irlanda, diário escrito pelo monge John Clyn, cujo relato é uma das nossas principais referências para o que aconteceu na Europa no período da Peste Negra. Clyn é a epígrafe que abre o livro - Kivrin até brinca batizando sua gravação das observações do que está vendo na Idade Média de “Livro do Juízo Final” como uma referência aos escritos do monge e em razão da litania de apreensões do professor Dunworthy - e suas palavras são uma citação constante:
E, para que coisas que devem ser lembradas não sucumbam ao tempo nem se desvaneçam da memória dos que virão depois de nós, eu, vendo tantos males e vendo o mundo, por assim dizer, sob a garra do Maligno, e estando eu próprio como se já entre os mortos, eu, esperando pela morte, deliberei colocar por escrito todas as coisas que testemunhei.
“Para que coisas que devem ser lembradas não sucumbam ao tempo” é o grande tema da história, seja no passado ou no futuro. Os que deveriam ser um objeto de estudo acabam se tornando amigos; quem deveria ser uma aluna é vista como uma filha. Kivrin é a responsável por preservar a memória daqueles que conheceu na Idade Média, da coragem e da tristeza que presenciou; Dunworthy não pode esquecer, carregando consigo a imagem de Kivrin mesmo que tudo pareça perdido. Eles são testemunhas de seu tempo, mais que historiadores imparciais, participantes e catalisadores da ação.

O final da história é em aberto e um tanto agridoce. Há duas ‘continuações’, mas não de forma direta - a noveleta Fire Watch e To Say Nothing of the Dog se passam no mesmo universo, mas com outros personagens. Não acho, contudo, que seja necessária uma continuação. Kivrin nos contou sua história, a história de Agnes e Rosemund, do padre Roche e de Lady Imeyne e tantos outros que apareceram em seu caminho. Fica, ao término, as lições que eles lhe deram, a certeza de coisas terríveis e coisas maravilhosas, de amizade e solidariedade, de conviver com as perdas e continuar. É uma história para emocionar, para refletir e levar para a vida. Para mim, tornou-se um favorito, sem dúvida.

site: http://owlsroof.blogspot.com.br/2017/10/o-livro-do-juizo-final-viagens-no-tempo.html
Lorena 09/10/2017minha estante
Ótima resenha. Agora sou obrigada a comprar esse pra ler! Huahaha


Coruja 16/10/2017minha estante
Obrigada, Lorena! Espero que goste do livro!


Marcio Garcia 16/02/2021minha estante
É tudo isso e mais um pouco. Muito talento em sua ressenha.




Paraíso das Ideias 10/12/2017

U livro sobre amizade

E
la vou eu me aventurar em mais um sci-fi, para quem não sabe livros desse gênero remetem a histórias com viagem no tempo ou entre dimensões, e O livro do juízo final retrata exatamente isso.


"O som era amedrontador, mas o silêncio é pior. É como o fim do mundo."

Kivrin Engle é uma estudante dedicada do século XXI, ela está se preparando arduamente para viajar no tempo, voltar para a Idade média, uma das épocas mais perigosas do mundo e fazer um estudo de campo sobre sua história e seus costumes. Esse sempre foi um dos seus maiores sonhos e ela se dedicou muito para isso, mesmo que seu tutor não concorde com sua viagem e tenha certeza de que ela esta indo para umas das épocas mais perigosas da história da humanidade.

Depois de meses de preparação ela está finalmente preparada para o grande salto que promete alavancar sua carreira. Mas após sua viagem algo muito grave acontece, Badri o técnico responsável por trazê-la de volta, está internado com uma grave doença, e agora sua volta pode não acontecer.

Quando Krivin chega ao séc XVI, logo percebe que algo está errado, apesar de todas as vacinas e cuidados ela está doente, e logo perde a consciência. Quando acorda se encontra em um vilarejo incapaz de se comunicar, já que seu tradutor parece estar com defeito, agora ela precisa se recuperar e aprender a se comunicar para conseguir retornar ao lugar do salto, contando claro que até lá, o técnico responsável já tenha se curado e possa trazê-la de volta.

Enquanto isso, no séc XXI, Oxford se encontra em quarentena com uma epidemia que vem derrubando todos os moradores e matando alguns, enquanto Krivin tenta se achar e conseguir voltar para o lugar do salto a tempo de retornar, seus professores lutam para vencer a epidemia e curar Badri para que tudo possa dar certo.

A narrativa do livro é em primeira pessoa, dividido entre Kivrin no século XVI, kivrin narrando os acontecimentos para o Livro do juízo final, livro onde dela relata seus estudos para a faculdade, e no presente, onde o Prof Dunworthy e a Dra Mary tentam controlar a epidemia e descobrir qual o vírus que aflige Badri.

Confesso que até a página 130 eu queria de todo meu coração arremessar esse livro na parede, Kivrin estava perdida e Badri não falava coisa com coisa, me senti num labirinto sem fim onde a maioria dos termos me eram desconhecidos me causando uma confusão e um cansaço extremo com relação a leitura, e confesso que abandonei ele por um tempo, mas então retornei e me pareceu que as coisas estavam se encaixando.

Krivin foi acolhida por uma família, e apesar de não conseguir se comunicar aos poucos ela vai se adaptando, até que melhora e seu tradutor volta a funcionar, agora ela pode se comunicar com as pessoas, mas descobrir o local do salto há tempo de retornar vai lhe custar muito esforço, e no meio dessa confusão ela acaba descobrindo que ela esta sim no lugar certo, mas na época errada.

As partes narradas pela protagonista começam a ficar interessantes, a família que a acolheu aos poucos vai tomando lugar não só no coração de Kivrin como no do leitor também, mas quando uma doença toma conta do vilarejo o desespero se instala, em nós e nela.

Enquanto Dunworthy tenta resolver os problemas, e principalmente tenta entender o que Badri quer dizer as coisas vão ficando cada vez mais confusas, o vírus esta se alastrando e cada vez mais pessoas estão doentes ao redor dele, nada é descoberto e ele gira numa espiral sem fim, o que me fez ter uma vontade imensa de pular os trechos dele, e se não o fiz, foi graças a Collin, o sobrinho da Dra. Mary que rouba a cena e faz com que o leitor se mantenha conectado a história.

O livro possui um contexto histórico gigantesco, muitos fatos da época da idade média e da Peste Negra são narradas com uma riqueza de detalhes impressionante, que faz com que o leitor se sinta arrematado para a época em questão. O trabalho de pesquisa da autora é notável e admirável, um trabalho que promete impressionar e cativar os apreciadores dos bons e velhos acontecimentos reais.

Apesar da leitura ter sido arrastada, e de muita coisa ter ficado sem uma explicação mais clara, os temas por trás da aventura de Kivrin conquistam o leitor. A autora não só nos cativa com as narrativas históricas, mas nos insere em um debate religioso profundo, na hora de maior desgraça o que fazer? Recorrer a Deus ou duvidar de sua existência e benevolência? E qual o poder da amizade, independente da idade, da classe ou até mesmo da época.

Kivrin se apega aos moradores daquela vila humilde e decadente, e quanto mais tempo ela passa com eles, mais ela teme pela segurança de todos, e sente horrível por saber como ajudar, mas não poder.

''(...)às vezes a gente faz tudo por uma pessoa, mas isso não basta para salvar a vida dela.''

A edição da Suma esta linda demais, e confesso que esse foi um dos motivos da minha leitura, mas confesso que me surpreendi quando recebi o livro e percebi que mesmo sendo um calhamaço e de capa dura, nada disso atrapalha a leitura, ao contrário da maioria dos livros de capa dura, essa edição possui uma envergadura perfeita que permite que o livro seja totalmente aberto sem estragar ou machucar o leitor. Uma diagramação e revisão impecáveis fazem parte do pacote.

Que você gosta de livros com contextos históricos, e que ensinam uma bela lição sobre amor e amizade, leiam o livro do juízo final.

site: https://paraisodasideas.blogspot.com.br
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Moni Luz 19/09/2017

Um espetáculo!
No ano de 2054, a viagem no tempo já é uma realidade. A realização de saltos temporais é feita, principalmente, pelos historiadores que querem pesquisar e vivenciar melhor determinado período da história. As Grandes Guerras? A construção de algum grande monumento? É possível voltar para lá. Desde que o historiador esteja no local e horário designado para o retorno, ou ele ficará perdido no passado.

Kivrin, uma jovem historiadora, deseja voltar para a Idade Média e explorar essa época. Um de seus professores, o Sr. Dunworthy, é contra essa ideia. Além de ser um período perigoso por si só, a Idade Média pode ser ainda mais difícil para as mulheres. Mas Kivrin é obstinada em sua preparação. Aprende inglês médio, aprende a bordar, ordenhar e etc. Mesmo com Dunworthy contra, as coisas avançam rapidamente para que Kivrin realize seu salto, em meio a desavenças institucionais e a insegurança de Dunworthy.

A partir daí, os capítulos alternam entre Kivrin, no passado, e Dunworty, em 2054. Mesmo em períodos diferentes, algo semelhante acontece: Kivrin e Badri (técnico que operou o salto de Kivrin) caem doentes, cada qual em sua época. Antes de desmaiar, Badri diz a Dunworthy que algo deu errado no salto de Kivrin. Então, surge uma corrida contra o tempo para saber o que realmente está acontecendo com Badri. Kivrin pode ter sido exposta ao vírus antes do salto, mesmo tendo tomado todas as vacinas.
No passado, Kirin sabe que tem que marcar o local do salto, mas sente-se tão mal, com dores de cabeça e febre, que não consegue se concentrar e desmaia. Quando acorda, está em uma casa sendo cuidada por uma família.

Kivrin também precisa correr contra o tempo para descobrir exatamente onde é o local do salto para poder voltar ao presente no dia marcado, mas parece que tudo conspira contra. E, assim, ela vai tentando se adaptar à sua rotina como ama, enquanto tenta descobrir com Gawyn o local onde ele a achou desmaiada.

"Ela está a setecentos anos de casa, pensou Dunworthy, num século que desdenhava das mulheres a ponto de nem anotar seus nomes quando morriam."

Kivrin narra toda a sua história através de um gravador colocado em um osso de seu pulso, de forma que ela une as mãos fingindo rezar, quando na verdade, está usando o gravador. Lady Eliwys espera ansiosamente pelo marido, que está em outro vilarejo para um julgamento. Lady Imeyne, sogra de Eliwys, parece não ter nada melhor pra fazer além de imlicar com qualquer um, principalmente o Padre Roche. Agnes e Rosemund são as duas filhas de Eliwys, duas meninas cativantes que trouxeram uma certa leveza em alguns momentos, principalmente a pequena Agnes.

Enquanto isso, Dunworthy tenta descobrir o que exatamente deu errado no salto de Kivrin e como vão conseguir trazê-la de volta, mas Badri está incapaz de fornecer qualquer informação. Em meio a suas preocupações, Dunworthy ainda precisa lidar com sineiras, com Finch (que parece não conseguir fazer nada sem seu conselho), e com o pequeno e intrometido Colin, sobrinho de sua amiga Mary, que veio passar o natal com ela.

Connie Willies poderia facilmente se perder em meio a tantas informações e personagens, mas isso não acontece, felizmente. Ela tem total controle de sua história, e é perceptível o quão profunda foi a sua pesquisa, principalmente para narrar os eventos da Idade Média. Os personagens, todos eles, têm seu lugar na história, mesmo aqueles com os quais não simpatizamos ou aqueles que aparecem esporadicamente na história. Tudo vai se conectando aos poucos, de forma que o leitor precisa estar muito atento, o que é fácil porque a história é ótima.

A autora consegue trazer ainda importantes reflexões sobre vida e morte, sobre se nós realmente não estamos na época em que deveríamos estar. Como os costumes de uma época podem interferir fortemente na vida das pessoas, com meninas jovens prometidas em casamentos a homens obscenos, com mulheres e homens e seus papéis bem definidos em determinado momento da história, com a religião e sua influência, independente do período em que se esteja. Algumas coisas mudam profundamente; outras mudam apenas a roupagem.

O livro termina com um gancho muito bom, e eu espero que os outros livros da série cheguem por aqui, e agradeço à editora Suma por ter cedido essa história espetacular.

site: https://leituravorazblog.blogspot.com.br/
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Paulo 18/12/2018

Alguns autores desvalorizam a pesquisa para a composição de uma narrativa. Sabe quando você passa meses e mais meses se informando sobre determinados temas como a aerodinâmica de uma asa delta, as complexidades da marcenaria ou as característica de diferentes tipos de feno apenas para compor um capítulo do seu livro? Estes detalhes são tão importantes quanto uma boa história. Dão aspectos de verossimilhança. Mas, se estamos falando de histórias fantásticas, por que se preocupar com a realidade? Connie Willis nos mostra isso em detalhes em sua obra O Livro do Juízo Final.

A escrita da Connie continua a me impressionar. Só deixo um parênteses: O Livro do Juízo Final é um livro da década de 90 enquanto Interferências, meu primeiro contato com ela, é um livro mais recente. E este último tem uma vibe muito diferente do primeiro. O que estamos falando hoje é um livro premiado e considerado por muitos como um clássico da ficção científica. É uma escrita detalhista, mas que de forma alguma alija o leitor do que está acontecendo na história. Não senti palavras difíceis e em nenhum momento fiquei perdido. Fica aqui também o destaque para a tradução excepcional feita pelo Bráulio Tavares que manteve a característica da autora sem prejudicar o seu estilo. Os capítulos são redondos e não passam de 15 a 20 páginas. Mas, não pensem que se trata de uma leitura rápida.

E aí vem a minha crítica (a primeira delas). Achei a escrita descritiva demais. Isso vem provavelmente da imensa pesquisa que a Connie fez sobre a Peste Negra e o século XIV. Como um historiador, eu fiquei deliciado em descobrir algumas coisas que eu desconhecia sobre o período. Sim, apesar de ser uma história de ficção científica, ela é baseada em fatos e informações históricas bem precisas. Ao mesmo tempo isso foi o calcanhar de Aquiles da narrativa, na minha opinião. É uma leitura densa, arrastada em alguns momentos. E mais: o leitor precisa manter o foco o tempo todo, caso contrário vai perder algum detalhe exposto pela autora que vai ser importante mais tarde. Chegou um momento em que eu precisei deixar o livro marinando um pouco, e pegar uma leitura mais leve e divertida antes de retomar a leitura. Por que a nota alta? Porque lá para o final da segunda parte e em toda a terceira parte, a espera vai ter valido a pena. As pontas começam a ser amarradas e a autora mostra por que ela era a maior vencedora de prêmios Hugo até alguns anos atrás. A ação corre frenética e a gente fica louco para virar logo as páginas e saber o que vai acontecer aos personagens.

O grande mérito em O Livro do Juízo Final são os personagens, sem dúvida alguma. Eu fiquei apaixonado por eles. Ao final do livro eu fiquei triste porque queria ver mais histórias com eles. As relações estabelecidas pela autora entre os diversos personagens, fossem eles principais ou secundários é incrível. A gente consegue se lembrar até de peculiaridades de cada um. Kivrin e o sr. Dunworthy são os nossos protagonistas, sendo Kivrin a personagem que está no passado e Dunworthy no presente da história. E a relação entre ambos é linda, muito mais do que um professor por sua aluna, mais de um pai para uma filha. Connie consegue estabelecer muito bem essa relação e ela é reforçada a cada capítulo que se passa. Claro que não é um amor obsessivo, mas uma relação de um pai que se preocupa com o que vai acontecer a sua filha em uma viagem perigosa.

Kivrin representa o nosso olhar para o passado. Ela vai ser os nossos olhos no século XIV. Admito que demorei para gostar do núcleo dela: Kivrin, Agnes, Rosemund, Eliwys, Imeyne, o padre Roche e Gawyn. Provavelmente pelo excesso de descrições do modo de vida da época, a religiosidade, os costumes tenham me afastado de curtir esse núcleo. Cada vez que Imeyne passava parágrafos e mais parágrafos descrevendo como devia ser o culto em uma igreja medieval, aquilo me cansava. Mas, ao mesmo tempo, serviu para tirar um pouco daquele mito que todo o leitor de fantasia tem de que o período medieval era maravilhoso e repleto de aventuras. Como o sr. Dunworthy explica a Kivrin antes de ela partir, é um período repleto de perigos, doenças, degoladores e muita superstição. Pessoas poderiam ser mortas apenas por erros de etiqueta. Connie consegue reproduzir até mesmo a forma como as famílias se relacionavam. A relação entre mãe e filhas vai parecer estranha, mas não nos esqueçamos que essa noção do amor romântico e caloroso é algo bem recente, vinda do século XIX. Crianças no período antigo e medieval eram tratadas como pequenos adultos. Se casavam logo, e quase nunca por amor.

Connie é uma autora que não tem pena de matar personagens. Se apegou a um? Cuidado! Ela vai matá-lo eventualmente. Os momentos finais tanto no passado como no presente são mortais. Kivrin passa por uma situação inacreditável. Tudo aquilo pelo que ela passa é chocante, é de fato o fim dos tempos. Presenciar aquela situação acaba com a psiquê de qualquer um. Aqueles momentos finais são completamente justificáveis diante do pavor da aniquilação de tudo o que você conhece. E não se tratou de uma magia, de um exército ou de uma arma; foi apenas um micro-organismo capaz de devastar o ser humano. O curioso de tudo é perceber o quanto o ser humano se desespera diante de uma força que ele é incapaz de resistir.

Também somos colocados diante da arrogância do ser humano. Gilchrist e sua equipe representam aqueles de pensamento pequeno e capazes de realizar ações impensadas apenas para se beneficiar de qualquer forma. Não importam os meios para se alcançarem determinados fins. Kivrin acaba pagando pela irresponsabilidade alheia. E mesmo Dunworthy tendo boas razões para desfazer a experiência ele acaba precisando enfrentar inúmeros obstáculos. Em alguns momentos da história, a gente chega a bater cabeças de tantas burocracias e bobagens que o protagonista precisa passar. Esse elemento de vai e vem na história é o que me fez gostar mais do núcleo no presente. Isso somado ao espírito investigativo de tentar descobrir aonde se encontrava a razão de todos os problemas que acontecem na história.

Minha outra crítica diz respeito ao peso da narrativa e à demora com a qual as coisas acontecem. Achei que a narrativa tem muita barriga, ou seja, tem muitos elementos que são dispensáveis. Alguns capítulos são marcados por terem acontecimentos irrelevantes apenas destacando relações entre personagens. Algo que poderia ter sido condensado em cenas menores e sem tanta pompa e descrição. Me peguei cansado ao ter que lidar com as benditas sineiras explicando estilos e formas de tocar sinos. Além disso, as frases são carregadas e exigem atenção. Isso porque o leitor é que vai juntando as peças para solucionar os mistérios da trama. Por essa razão acabamos nos detendo mais nos parágrafos.

Connie Willis nos presenteia com mais uma história memorável. Mostrando como realizar uma pesquisa para a composição de uma narrativa, ela nos coloca diante de personagens inesquecíveis. Desmistificando a Idade Média e nos aproximando do que ela realmente foi, Connie nos mostra como podemos ficar impotentes diante de criaturas microscópicas e como o fim do mundo pode ser traumático. Uma das cenas mais belas e temíveis é quando Kivrin e Roche estão na Igreja após toda a destruição deixada pela Peste Negra. Mesmo uma pessoa cética como Kivrin é levada ao seu limite e questiona sua fé e a justiça no mundo. Ou seja, recomendo demais este livro.

site: www.ficcoeshumanas.com
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Jaine Franco 30/03/2024

A ideia é boa mas...
As coisas demoram muito para acontecer, e quando finalmente algo começa a levar a história para frente, ainda assim nada muito uau...(Lá para 70% do livro fica um tiquinho interessante, mas não muito.) Sei lá, para mim faltou algo surpreendente, um ziriguidum. É uma história sem muitos pontos altos ou baixos. Legalzinho de acompanhar. Legalzinho para passar o tempo.


P.S. também podia ter bem menos páginas! Tem partes muito repetitivas o que deixa a leitura cansativa.
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Kelly 05/12/2017

Uma história sobre sentimentos
E
la vou eu me aventurar em mais um sci-fi, para quem não sabe livros desse gênero remetem a histórias com viagem no tempo ou entre dimensões, e O livro do juízo final retrata exatamente isso.


"O som era amedrontador, mas o silêncio é pior. É como o fim do mundo."

Kivrin Engle é uma estudante dedicada do século XXI, ela está se preparando arduamente para viajar no tempo, voltar para a Idade média, uma das épocas mais perigosas do mundo e fazer um estudo de campo sobre sua história e seus costumes. Esse sempre foi um dos seus maiores sonhos e ela se dedicou muito para isso, mesmo que seu tutor não concorde com sua viagem e tenha certeza de que ela esta indo para umas das épocas mais perigosas da história da humanidade.

Depois de meses de preparação ela está finalmente preparada para o grande salto que promete alavancar sua carreira. Mas após sua viagem algo muito grave acontece, Badri o técnico responsável por trazê-la de volta, está internado com uma grave doença, e agora sua volta pode não acontecer.

Quando Krivin chega ao séc XVI, logo percebe que algo está errado, apesar de todas as vacinas e cuidados ela está doente, e logo perde a consciência. Quando acorda se encontra em um vilarejo incapaz de se comunicar, já que seu tradutor parece estar com defeito, agora ela precisa se recuperar e aprender a se comunicar para conseguir retornar ao lugar do salto, contando claro que até lá, o técnico responsável já tenha se curado e possa trazê-la de volta.

Enquanto isso, no séc XXI, Oxford se encontra em quarentena com uma epidemia que vem derrubando todos os moradores e matando alguns, enquanto Krivin tenta se achar e conseguir voltar para o lugar do salto a tempo de retornar, seus professores lutam para vencer a epidemia e curar Badri para que tudo possa dar certo.

A narrativa do livro é em primeira pessoa, dividido entre Kivrin no século XVI, kivrin narrando os acontecimentos para o Livro do juízo final, livro onde dela relata seus estudos para a faculdade, e no presente, onde o Prof Dunworthy e a Dra Mary tentam controlar a epidemia e descobrir qual o vírus que aflige Badri.

Confesso que até a página 130 eu queria de todo meu coração arremessar esse livro na parede, Kivrin estava perdida e Badri não falava coisa com coisa, me senti num labirinto sem fim onde a maioria dos termos me eram desconhecidos me causando uma confusão e um cansaço extremo com relação a leitura, e confesso que abandonei ele por um tempo, mas então retornei e me pareceu que as coisas estavam se encaixando.

Krivin foi acolhida por uma família, e apesar de não conseguir se comunicar aos poucos ela vai se adaptando, até que melhora e seu tradutor volta a funcionar, agora ela pode se comunicar com as pessoas, mas descobrir o local do salto há tempo de retornar vai lhe custar muito esforço, e no meio dessa confusão ela acaba descobrindo que ela esta sim no lugar certo, mas na época errada.

As partes narradas pela protagonista começam a ficar interessantes, a família que a acolheu aos poucos vai tomando lugar não só no coração de Kivrin como no do leitor também, mas quando uma doença toma conta do vilarejo o desespero se instala, em nós e nela.

Enquanto Dunworthy tenta resolver os problemas, e principalmente tenta entender o que Badri quer dizer as coisas vão ficando cada vez mais confusas, o vírus esta se alastrando e cada vez mais pessoas estão doentes ao redor dele, nada é descoberto e ele gira numa espiral sem fim, o que me fez ter uma vontade imensa de pular os trechos dele, e se não o fiz, foi graças a Collin, o sobrinho da Dra. Mary que rouba a cena e faz com que o leitor se mantenha conectado a história.

O livro possui um contexto histórico gigantesco, muitos fatos da época da idade média e da Peste Negra são narradas com uma riqueza de detalhes impressionante, que faz com que o leitor se sinta arrematado para a época em questão. O trabalho de pesquisa da autora é notável e admirável, um trabalho que promete impressionar e cativar os apreciadores dos bons e velhos acontecimentos reais.

Apesar da leitura ter sido arrastada, e de muita coisa ter ficado sem uma explicação mais clara, os temas por trás da aventura de Kivrin conquistam o leitor. A autora não só nos cativa com as narrativas históricas, mas nos insere em um debate religioso profundo, na hora de maior desgraça o que fazer? Recorrer a Deus ou duvidar de sua existência e benevolência? E qual o poder da amizade, independente da idade, da classe ou até mesmo da época.

Kivrin se apega aos moradores daquela vila humilde e decadente, e quanto mais tempo ela passa com eles, mais ela teme pela segurança de todos, e sente horrível por saber como ajudar, mas não poder.

''(...)às vezes a gente faz tudo por uma pessoa, mas isso não basta para salvar a vida dela.''

A edição da Suma esta linda demais, e confesso que esse foi um dos motivos da minha leitura, mas confesso que me surpreendi quando recebi o livro e percebi que mesmo sendo um calhamaço e de capa dura, nada disso atrapalha a leitura, ao contrário da maioria dos livros de capa dura, essa edição possui uma envergadura perfeita que permite que o livro seja totalmente aberto sem estragar ou machucar o leitor. Uma diagramação e revisão impecáveis fazem parte do pacote.

Que você gosta de livros com contextos históricos, e que ensinam uma bela lição sobre amor e amizade, leiam o livro do juízo final.

site: https://paraisodasideas.blogspot.com.br
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JCarlos 14/07/2017

Uma ficção-científica com viagens temporais de inigualável paladar
Neste primeiro livro da série dos Viajantes do Tempo de Oxford, Willis se utiliza dos ingredientes certos para a construção de seu mundo, como só uma boa SF time travel pode mostrar: as possibilidades dos historiadores temporais de explorar o passado da humanidade in loco. A pesquisa histórica é bem desenvolvida. Kivrin é uma protagonista maravilhosa. A leitura é deliciosa e fluente e os personagens interessantes.
Com um final que pede continuação, o que posso dizer? Apocalíptico!
tiagoodesouza 31/08/2017minha estante
Primeiro livro? A editora me disse que é volume único!


JCarlos 31/08/2017minha estante
Não é não. Inclusive tem gancho de continuidade...


Mia 25/10/2017minha estante
É livro único, sim. O que acontece é que a autora escreveu outros livros sobre viagem no tempo, mas as histórias são independentes. Não tem gancho nenhum.




Portal JuLund 08/10/2017

O Livro do Juízo Final, Suma de Letras
“O Livro do Juízo Final” foi tudo o que esperava, mas também superou as expectativas, pois sabia que teria viagem no tempo, no entanto, a riqueza de informações abordadas por Connie Willis é incrível. Neste livro conhecemos Kivrin, uma historiadora que vive no ano de 2054. Um ano em que a ciência evoluiu muito e que as doenças não são os grandes problemas, além disso é possível fazer viagem no tempo.
As viagens no tempo não são algo sem controle, há profissionais envolvidos e procuram ter o cuidado de não afetar o passado. Apenas desejam coletar informações, estudar e desenvolver ainda mais a sua realidade. Quando escolhem um período para visitar, a pessoa que fará o “salto” tem que se adaptar aquela época e seus costumes, para afetar o mínimo possível enquanto vive naquele período.
Kivrin se oferece para viajar para a Idade Média, o ano é 1320. Kivrin tem que se adaptar para essa época, mudando aparência, estudando a linguagem e costume, também tomar vacinas para de proteger das doenças desse período. O Sr. Dunworthy é um dos professores de Kivrin e apesar de admira-la, tem receio com essa viagem, pois a época tem seus perigos, em que mulheres não eram bem tratadas e sofriam atrocidades, além de poderem ser queimadas caso fossem acusadas de bruxaria. Mesmo assim Kivrin faz o salto e vai para a Idade Média.

Resenha completa no

site: http://portal.julund.com.br/resenhas/resenha-o-livro-do-juizo-final-suma-de-letras
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