Travessia

Travessia Letícia Wierzchowski




Resenhas - Travessia


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Luiza.Thereza 10/01/2018

Travessia
Havia sentimentos ambíguos em relação a este livro: A Casa das Sete Mulheres e Um Farol no Pampa foram histórias lentas e tristes, em que a guerra separava amores e enclausurava tantos vivos quanto mortos, talvez por isso, em muitos momentos dessas leituras eu me pegava melancólica.

Resolvi encarar a leitura de Travessia por razões que, em resumo, se relacionam ao TOC que não me deixa ficar com trilogias (séries em geral) inacabadas.

Travessia, o livro que motivou a reedição dos livros anteriores, é um livro dedicado à história de amor vivida por Anita e Giuseppe Garibaldi.

Tânger (cidade do norte de Marrocos), fevereiro de mil oitocentos e cinquenta, o italiano Giuseppe Garibaldi está no exílio, longe da Itália, que o expulsou, mais uma vez, e colocou sua cabeça a prêmio; afastado de seus filhos, que ficaram com sua mãe em Nizza; e afastado de Anita, abandonada em uma às margens do mar Adriático poucas horas após sua morte. Agora com quarenta e quatro anos, a dores do coração e da alma se misturam às do corpo, ele já não é o homem vigosoro que comandou a travessia dos barcos pelos pampas gaúchos durante a Revolução Farroupilha.

As lembranças o afogam, e, justamente para desafogar-se de suas lembranças e dores, ele se senta na mesa em seu quarto de pensão e joga as palavras em folhas e mais folhas de papel.

(Olha que coisa: depois de separados por terra, por mar e pelo tempo, Garibaldi e Manoela finalmente se unem em uma atividade comum...)

E assim, voltamos voltamos ao pampa, nos primeiros dias de julho de mil oitocentos e trinta e nove, quarto ano da Revolução Farroupilha, Giuseppe terminara o romance mal começado entre ele e Manuela para dedicar-se à construção dos barcos que fariam sua primeira viagem por terra em direção ao mar, para que os Farroupilhas pudessem conquistar um porto para a República Juliana.

É de um desses barcos, que ele, em uma tarde de ócio, vê Ana Maria de Jesus, a sua Anita, a beira da praia, próxima à casa de seu tio, onde morava enquanto seu marido lutava na guerra ao lado dos imperialistas.

Ao escolhe-la, Giuseppe deu a Anita voz na história do mundo e em sua história, e, como a voz que é, Anita também se faz presente na narração, contando-nos sobre as noites e as lutas ao lado de seu José, sobre as angustias e os ciúmes que tanto a perseguiram durante sua vida ao lado do herói de tantos povos, até mesmo sobre sua morte, anos depois, na Itália.

Anita e Giuseppe Garibaldi foram humanos amados pelos deuses, e até mesmo a maior delas toma para si a narração de vez em quando.

Travessia manteve a ambiguidade de seus antecessores: ele é melancólico, e de alegrias passageiras, mas ele difere dos outros em outro aspecto: mesmo nos momentos em que a espera de Anita sobrepôs-se à sua própria personalidade (momentos em que ela ficou retida em casa e seu marido foi para a guerra), tem-se a sensação do movimento contínuo, seja pelas pelejas em que Garibaldi se envolvia, ou pelo lento crescer de seu ventre e de seus filhos.

A espera sufocante de A Casa das Sete Mulheres (de Manuela mais exatamente, que, por ser narradora, vicia-nos com sua espera eterna e infrutífera) é transformada em uma espera que gera resultados em múltiplas frentes, com Giuseppe libertando pessoas, cidades e países e Anita gestando e lutando suas próprias pelejas.

Travessia foi uma redenção de Leticia Wierchowski. Sua obra jamais foi ruim (isso jamais!), mas, de uma história de esperas e perdas, essa história de amor e de lutas se transformou em uma preciosidade única da qual não conseguirei me desvencilhar tão cedo.

site: http://www.oslivrosdebela.com/2018/01/travessia-leticia-wierchowski.html
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vitoriavrocha 26/04/2024

Ótimo!
Primeiramente, é impossível começar esta resenha deixando de elogiar Leticia Wierzchowski pela grande pesquisa histórica e riqueza de detalhes na construção de Travessia, livro que encerra muito bem a saga A Casa das Sete Mulheres. Ambientado principalmente em três países diferentes: no Brasil, durante a Guerra dos Farrapos; no Uruguai, durante o longo cerco do ditador Rosas a Montevidéu; e, por fim, na Itália, durante a luta pela unificação italiana, a obra nos traz a história de amor de Anita e Giuseppe Garibaldi em meio à tais revoluções. Uma leitura que evoca sentimentos e permite variadas considerações, na minha experiência foi mais fluida e instigante nas primeiras duas partes (Brasil e Uruguai), com destaque à passagem do casal por São Simão, localidade pertencente ao município de Mostardas, no Rio Grande do Sul, lá nascendo seu primeiro filho, Menotti. Como moradora desta região, foi muito especial conhecer mais sobre uma história contada através de gerações por aqui. Em relação à última parte do livro, ocorrida já na Itália e por se tratar de um ambiente e contexto distantes, a leitura foi bastante densa e arrastada, porém o final emocionante. Travessia só não ganhou cinco estrelas por conta desta dificuldade acima relatada e pela visível falta de cuidado da editora na revisão do texto, infelizmente deixando passar alguns erros. Contudo, Leticia novamente nos presenteia com uma excelente narrativa de romance histórico, onde o real e a ficção se misturam imperceptívelmente. O livro retoma e desenvolve de forma acertada esses personagens já citados na trilogia, destacando Anita Garibaldi, uma heroína tão à frente de seu tempo.
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Analice 01/11/2021

Um amor sem igual
Um amor que venceu muitas guerras, sofrimentos e privacoes. Com uma certa dose de exagero e loucura. Para Anita o mundo era o seu José, nem os filhos a tiraram desse prumo. E para Giuseppe, o mundo era o mar, a guerra e seus companheiros, a busca pela liberdade. Neste romance é possível conhecer todas as nuances de um herói de carne e osso, e de uma mulher forte, independente e decidia, certamente à frente de seu tempo.
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Camila.Felippio 28/11/2022

Mulher forte
Anita nos demonstra o quanto foi forte?em um mundo masculino e cheio de guerras?filhos e traições do marido?.e o Giuseppe ou Jose eh o nosso eterno herói?.um homem de mar e de guerra?a história vai e volta e da uma cadência muito boa para a leitura?já tinha gostado do livro da Casa das Sete Mulheres, mas esse trouxe essa história forte e envolvente?nota 10!!
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ritita 10/06/2018

As lutas de Garibaldi e Anta
A TRAVESSIA - Letícia Wierzchowsk
Mazá, que esta escritora é uma prenda! Difícil ler algum livro dela sem gostar; fala dos pampas sem o preciosismo do “outro” gaúcho (to comparando sim); seus livros são escritos em português e não em gauchês.
Último livro da trilogia da saga A casa das sete mulheres, fecha a trilogia com chave de diamante (pelo menos para mim, louca por romances históricos).
Alguns podem achar que trata-se da história de amor entre Garibaldi e Anita, também, mas é mais sobre a sanha dele por um entrevero e por desafiar os poderes estabelecidos, seja no Brasil, em Montevidéu ou na Itália.
O livro é narrado sobre a perspectiva de 3 protagonistas: Giuseppe, Anita e Nix*
Anita amava Giuseppe (José)? Diria que era viciada no que ele representava: sua libertação das amarras de pais, marido e a submissão da mulher no sec. XIX, a possibilidade de ser uma mulher que nas lutas era igualada aos homens. Isto fez dela guerrilheira, enfermeira, mulher e mãe, que só era feliz ao lado do seu deus, principalmente durante as batalhas, tanto que pais, ex-marido, pátria, filhos tudo é secundário ante a presença junto a José.
Giuseppe amava Anita? Ele amava guerras e mais que estas, a Itália.
Letícia usou a história de Garibaldi apenas como pano de fundo e fantasiou, viajou, ornou e burilou bastante. Como conhecedora da história de Giuseppe algumas passagens me incomodaram, mas como a escritora não é historiadora eu relevei. Datas, locais e a história real de algumas passagens foram mudados para o bom andamento da ficção.
A autora usa a fantasia descaradamente, talvez para deixar a história um pouco mais leve, apesar do imenso sofrimento ali contido das pessoas que participam ou apenas sofrem os reveses de guerras.
*Nix = deusa da noite e rainha da morte (mitologia grega).
Eu gostei muito da escrita ágil, onde os movimentos de presente e futuro se fazem necessários para o acompanhamento da história, que tem mais narrativas (interessantíssimas) e menos diálogos.

Stefanippaludo 23/01/2021minha estante
tô lendo esse livro e fico o tempo todo me perguntando o que é real e condizente com a história e o que é invenção da autora. Teria algum material sobre isso para me passar? Ou lembra algo para me contar? Queria descobrir sem ter que fazer milhares e milhares de pesquisa




Lê Golz 09/01/2018

Fechando a trilogia com chave de ouro
Travessia é o terceiro e último volume da saga A casa das sete mulheres, de Leticia Wierzchowski. Depois de acompanharmos todo o desenrolar da Revolução Farroupilha em A casa das sete mulheres, e os destinos dos personagens após a guerra em Um farol no pampa, Travessia fecha a trilogia contando a história de amor e as batalhas vividas por Anita e Giuseppe Garibaldi.

Em uma narrativa rica em detalhes, de uma maneira única que só Wierzchowski consegue contar, o livro é dividido em capítulos entre o presente, com Garibaldi em seu doloroso exílio em Tânger em 1850, entre o passado, onde obviamente temos toda a história dos personagens, e entre uma narrativa em primeira pessoa pelos olhos de Anita, já bem longe desse mundo terreno. Os primeiros capítulos são mais lentos por conterem um teor mais histórico, mas a medida que avançamos as páginas fica claro que essa mistura de narrativas foi essencial para manter a leitura em um fluxo bom e nenhum pouco cansativa, além, claro, de contribuir grandemente para a parte dramática da história.

Aqui temos a história de Anita e Giuseppe Garibaldi na Revolução Farroupilha, onde se conheceram, em Montevidéu, no Uruguai, onde ele lutou no cerco de Rosas, e na Itália, onde lutaram pela unificação do país. Obviamente a parte histórica está bem presente no livro, mas o que realmente nos prende é a carga dramática e as batalhas do dia a dia vividas pelo casal, especialmente como tudo era vivido por Anita.

Os anos mais felizes foram em Laguna, onde ela pode lutar junto com ele nas batalhas, aprendeu a usar uma arma, enfrentou bombardeios com coragem. Ainda no Brasil engravidou pela primeira vez, e voltou a engravidar em Montevidéu. No Uruguai foram os anos mais difíceis para Anita, que estava presa à obrigação de todas as mulheres da época, à casa e aos filhos. E finalmente na Itália, onde morreu por querer seguir Garibaldi até o fim. Fazer uma pesquisa sobre todos esses fatos históricos da vida dos dois, só nos mostra um pedaço da história, aqueles momentos heroicos e corajosos de dois revolucionários. Mas o que Wierzchowski nos revela é também o lado humano, que chora, que sangra, que erra. Como o próprio fantasma de Anita diz: todo esse heroísmo contado pelos séculos ofusca como realmente foram aqueles dias, especialmente para ela, que abandonou o matrimônio anterior para seguir Garibaldi. Que amou, se entregou, se doou totalmente, que foi traída incontáveis vezes.

"Tinha lutado batalhas, vencido e perdido, peleado unicamente por amor à liberdade e à igualdade. O amor que eu sentia por ele não cabia em mim. Extravasei-o com meus atos de coragem, com a firme obsessão de ser como ele, de ser igual a ele. Sem sabê-lo, estava virando uma lenda... Uma história recontada pelos anos e séculos afora. Naquele tempo, como até a minha morte, eu de nada desconfiava." (p. 86)

São 546 páginas de vitórias, derrotas, raiva, entrega, coragem e muito amor. Não se assuste com o número de páginas, pois o leitor se envolve de tal maneira na história, que rapidamente chega ao desfecho. A narrativa da autora é maravilhosa. O que pode incomodar, mas só um pouquinho, é a maneira exagerada como a autora enaltece Garibaldi, afinal ninguém é invencível e às vezes a pior punição é ficar vivo (só estou jogando no ar - risos).

Não tem como negar que Travessia fechou essa trilogia com chave de ouro. Já tinha lido Anita: um romance sobre a coragem, também publicado pelo Grupo Editorial Record, mas era apenas um resumão. Amei a leitura e conhecer de uma maneira mais aprofundada a trajetória do casal. Vale muito a pena a leitura, por Giuseppe e sua incansável luta pela liberdade e por Anita e tudo que ela nos representa como mulher. Garanto que não há arrependimento na leitura de toda a trilogia.

site: https://livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br/2018/01/resenha-travessia-de-leticia.html
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Suka - Pensamentos & Opiniões 08/11/2017

Esse livro assim como os outros tem uma história intensa e envolvente, último livro da Saga a Casa das Sete Mulheres, nele conheceremos mais a fundo a história de amor entre Anita e Garibaldi.
Ao lermos os dois primeiros livros, veremos o quanto Garibaldi foi amado por Manuela e sofreremos junto com ela a perda desse amor.
Mas ao ler a história dele vemos que ele fez a escolha certa, pois Anita o acompanha e sonha os mesmo sonhos que ele.
Garibaldi conhecerá Anita em Laguna e se apaixonará por ela, levando-a junto com ele pelas guerras.
Em Laguna, Anita era casa, mas seu marido com ela fora obrigada a casar tinha ido para guerra. Ela é diferente das mulheres da época e quando vê José (é assim que ela chama o Giuseppe) acredita que é amor e não pensa duas vezes em seguir com ele, deixando tudo e todos para trás.
Anita lutará junto com seu amado, que será querido por todos onde passa, após sair do Rio Grande do Sul, irão seguir para Montevideu com seu primeiro filho.
Lá irão construir sua família e lutará pela liberdade do povo uruguaio. Não viveram de flores, assim como todos os homens Garibaldi também tem suas fraquezas e apesar disso ele ama Anita e seus filhos.
Após alguns anos embarcaram para a Itália, verdadeiro sonho de Garibaldi.
O livro será narrado ora por Anita, ora pela Deusa Nix. Finalizando assim a história da casa das sete mulheres.
Recomendo a leitura é um livro intenso que me fez chorar.

site: http://www.suka-p.blogspot.com.br
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