Dunkirk

Dunkirk Joshua Levine




Resenhas - Dunkirk


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Mauricio (Vespeiro) 08/08/2017

Não é um livro de história. No máximo de curiosidades históricas.
Não senti confiança na tradução para o português feita pela Harper Collins Brasil. Publicado originalmente em inglês (pela homônima americana), em 29 de junho de 2017, a obra quis pegar carona comercial no filme de Christopher Nolan, que estrearia em agosto. Desapontador perceber que a tradução não foi feita diretamente do inglês, tendo como base uma edição já traduzida (às pressas) para o espanhol. Em algumas ocasiões, por exemplo, palavras como “defesa” continuaram grafadas como “defensa” (defesa em espanhol), já demonstrando um trabalho feito nas coxas. Como se não bastasse, há inúmeros erros de digitação no livro todo, especialmente nos últimos três capítulos. Inadmissível para uma publicação que colocou nos créditos os nomes de três revisoras. Erros gritantes que passaram, no mínimo, por três especialistas? “Una mier... de revisión!”.

A obra original também ficou comprometida pela pressa da editora americana. Joshua Levine fez uma excelente pesquisa e mostrou-se um ótimo entrevistador (desenterrando bastante conteúdo), mas a história ficou mal construída, com saltos temporais, criando lacunas e não se aprofundando em absolutamente nenhum personagem. O estilo de redação distancia-se demais de um romance, tendo a estrutura e a redação de um mediano TCC de graduação. Trata-se de uma coletânea de curtos relatos, muitas vezes sem conexão um com outro, entremeados por trechos que tentam contextualizá-los a fórceps. O autor não conta uma história. Apenas costura uma esburacada colcha de retalhos retirados de entrevistas com veteranos de guerra e os coloca em ordem cronológica.

A história, apesar de mal contada no livro, é muito interessante. Conta como foi a “Operação Dínamo”, em 1940, na Segunda Guerra Mundial, um Êxodo que resgatou bravamente cerca de 300 mil homens (ingleses e franceses que estavam cercados pelo exército alemão), levando-os de Dunkirk (França) a Dover (Inglaterra), através do Canal da Mancha. A retirada, que estrategicamente poderia ser configurada como uma grande derrota, assumiu contornos vitoriosos por ter evitado que as tropas de Hitler dizimassem o exército britânico e, assim, pudessem exigir a irrestrita rendição da Grã-Bretanha de Churchill, abrindo caminho claro para a conquista da Guerra pelos nazistas, o que mudaria muito (provavelmente para pior) tudo o que vivemos nos dias de hoje.

Se, por um lado, pude apontar vários agentes de empobrecimento no livro (fluxo narrativo sem vigor, repetição de histórias), dou valor para as entrevistas que originaram trechos interessantes e puderam ilustrar um episódio de guerra com camadas de informação (sejam elas relevantes ou não) que normalmente não são percebidas. Este mérito, especialmente, fez a nota do livro ficar mais alta do que a obra por si merecia receber. Destaque para a reveladora entrevista concedida por Nolan a Levine no começo do livro e para os dois primeiros capítulos, que contextualizam o Reino Unido, a Alemanha e os Estados Unidos daquele período de depressão econômica, mostrando o que levou a participação da juventude numa guerra tão sangrenta. É assustador ver a que ponto chegou a lavagem cerebral promovida pelos nazistas na Alemanha do período entre guerras. Por fim, o livro me motivou a ler, em breve, mais sobre Hitler e seus métodos, desde que assumiu o poder em 1933. Ah... e enriqueci meu vocabulário com anspeçada, blocausse, molhe e com a origem do termo “quinta coluna”.

Nota do livro: 6,66 (3 estrelas).
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