Dorotéia

Dorotéia Nelson Rodrigues




Resenhas - Dorotéia


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N.Barbosa 23/11/2016

Quem vem é Nelson Rodrigues!
Nelson Rodrigues é um dos poucos autores nacionais que conhecem como poucos as raízes da nossa gente. Em “Doroteia”, o dramaturgo vai abordar um pouco da nossa dualidade, nossa sede por redenção, nosso sentimento de culpa, nossa inveja e nossos incontroláveis desejos obscuros. Ora, mas, existe pecado do lado de baixo da linha do Equador? Nas vozes de Chico Buarque ou Ney Matogrosso parece até um imperativo de negação, mas, por outro lado não é bem assim. Doroteia é uma ex-prostituta que após a morte do filho vai buscar refúgio na casa de suas primas. O intuito é fugir de seu passado concupiscente e purificar-se negando a própria beleza e imergir em universo surreal o qual suas três primas vivem. Elas por sua vez, negam a existência, negam o sono, negam qualquer ato que possa despertá-las para o amor, para a satisfação de seus anseios, para a descoberta de seus instintos. Isso ocorre devido a maldição familiar em que a avó de todas elas ter desejado um homem e ter se casado com outro. Nessa sina, todas são condenadas a uma indisposição, uma náusea, na noite de núpcias. Doroteia é bela e desfrutava de tudo o que suas primas repreendiam e si mesmas. No entanto, vive um dilema entre a vida considera impura e o desejo de purificação junto às parentes, para tornar-se feia e cultivar uma vida cada vez mais vazia. Nelson desnuda a hipocrisia no controle daquilo que é inerente à natureza humana. Por outro lado, coloca o dedo na ferida de uma sociedade moralista e que buscava uma reificação e uma ignorância do conhecimento a cerca dos prazeres da vida. Estupenda obra!
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Wellington.Pimente 15/07/2022

Uma família louca.
Essa peça teatral de Nelson Rodrigues, seja assistindo ou lendo, nos leva a essas minúcias de pistas quase impossível de seguirmos pela forma frenética que ocorre e símbolos para demonstrar uma família deformada, distorcida e com ações malignas.
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Sandra 05/10/2021

Doroteia
Nelson Rodrigues tem um jeito peculiar de escrever e trás muitas mensagens entre linhas
que as vezes tenho dificuldades em decifra-las.

Doroteia ex- prostituta, tem uma beleza carnal, sensual e provocante.
Ao perder o filho se vê indo morar com três primas viúvas e que abominam o sexo,
evitam a todo custo dormirem para não sonharem pois bem sabem que vão sair do controle
e toda sexualidade e luxuria vão levá-las a um mundo que escondem de todos.

A maldição de Doroteia é ser extremamente bela ,tenta entrar nos padrões das primas,
Ocultar e beleza e esconder, ser invisível ao sexo oposto.
Nelson Rodrigues criou nessa peça inteligente e original um divisor entre o gostar e odiar.
Quantas primas cruzam nosso caminho, hipócritas, renegam a sexualidade mas as carrega a flor da pele. Uma sociedade moralista e que nós mesmo abraçamos e ocultamos nossos desejos.

Doroteia é um caso de amor e ódio.
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Viittor 01/10/2023

Confesso que não entendi tanta coisa assim não, mas quem sabe em uma segunda leitura eu não entenda mais. Não acho que foi bom ter começado a ler Nelson Rodrigues por Dorotéia.
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tray 12/12/2016

A beleza que te faz ser feia
( resenha doroteia) aquela culpa por ter desejo é ser bela , a peça trágica de Nelson trata sobre beleza, desejo e a ausência de homens

Uma peça exclusiva de mulheres , os homens que "aparecem" não são de carne e osso, mas em formato de objetos , como calçados e jarra

Doroteia é uma mulher bonita , viúva e acaba perdeu seu filho de poucos meses e sem ninguém no mundo vai atras de suas primas , todas viúvas e feias e amargas

Ao decorrer da peça vamos descobrindo segredos e entendendo o motivo de todas não dormirem e não sonharem e se tornarem feias, uma peça que mexe com as possibilidades

Doroteia carrega a culpa da mulher bonita, da mulher que trabalha com o corpo e com o desejo masculino e com o próprio desejo , uma personagem carnal

E suas primas renegam a todo custo tal desejo e tal corpo feminino , essa peça me bagunçou não tanto quanto beijo no Asfalto mas me bagunçou

Mais uma vez o desejo foi o palco do trágico
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Ana 18/12/2016

Atmosfera de pesadelo
Doroteia é uma peça teatral de Nelson Rodrigues encenada pela primeira vez em 1950. Fico imaginando a cara do público incauto assistindo esta obra de arte cheia de símbolos pela primeira vez. Todas as personagens são mulheres, que em seus diálogos e ações invocam a todo o momento símbolos masculinos, objetos de desejo ou obsessão das personagens. Uma atmosfera onírica envolve a trama, e há objetos evocadores de sexualidade que se movem (jarro, botinas). Uma tragédia inteligente e original. Altamente recomendável para os amantes da tragédia e de Rodrigues.
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raíssa 12/07/2021

"Teu hálito é bom demais para uma mulher honesta!"
Mulheres corretas não tem esse direito! Devem ser feias: não tem o direito de se embelezar. Devem ser castas: não tem o direito de sentir desejo, muito menos de ter prazer. Devem ser viúvas: não tem o direito de olhar para si. Devem nascer mortas: não tem o direito de viver!

Crítica bem-humorada. Gostei particularmente do diálogo onde ofendem Dorotéia de "linda" e quando avisam Maria das Dores que ela nasceu morta (kkkkkkk)
[Lida por sugestão da oficina Laboratório Teatral]
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Fabio Shiva 30/08/2010

Passei a maior parte da leitura dessa peça pensando na descoberta...
...de que Nelson Rodrigues está perdendo o poder de chocar.

Uma questão de imediato se colocou: como seria um NR 2010, uma versão “pós-modernizada” do autor, capaz de chocar as plateias de nossos tempos?

Fazendo a mesma pergunta de outra forma: o que seria capaz de chocar as pessoas hoje como as peças de Nelson Rodrigues eram capazes de chocar as pessoas ontem?

Descoberta ainda mais curiosa foi perceber que já venho me fazendo essa pergunta (por outras palavras) faz tempo!!!

Quanto à “Dorotéia”, foi um dos maiores malogros da carreira de Nelson. Apesar da apaixonada e brilhante defesa de Sábato Magaldi em sua introdução (aconselho fazer como eu e ler só no final, pois ele conta a história todinha das peças!), nesse caso concordo mesmo é com a plateia que desertou “Doroteia”, o eco fica por conta do teatro vazio... Concordo com o próprio Nelson, pois achei essa peça beeem desagradável!
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Nena 13/02/2016

Peça de Nelson Rodrigues q estreou nos anos 50, conta a história de Dorotéia, uma ex prostituta q vai morar na casa de suas três primas, uma velhas malucas, solteironas e puritanas. Como todas são muito feias, Dorotéia é obrigada a se tornar feia tbém, para assim receber abrigo. No final conta com acervo de fotos da encenação da peça.
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Maitan 18/02/2018

Pequeno apêndice do inferno
Até mesmo os grandes autores podem sofrer uma obra menor, penso a princípio. Mesmo com a defesa de Sábato Magaldi ou Carlos Castello Branco, no prefácio do livro, muitos podem ler Doroteia como uma das mais infelizes peças do autor. Mas, muita calma nessa hora, passada a impressão imediata, vamos discorrer um pouco mais.

Encerrando seu ciclo mítico [de quatro anos e quatro peças apenas: Álbum de Família (1946), Anjo Negro e Senhora dos Afogados (1947) e Doroteia (1949)], Nelson Rodrigues potencializa sua liberdade criadora a ponto de confundir a fronteira entre a genialidade e nonsense. A loucura da peça, entretanto, é amainada com uma estrutura narrativa extremamente bem calculada e elementos e cenas cômicos que sustentam seu estatuto de farsa.

Aliás, Doroteia é denominada pelo autor como “farsa irresponsável”. É certo que Nelson Rodrigues projetava o efeito de suas peças no público médio que frequentava o teatro, tanto que chamou de irresponsável essa peça, assim como, a partir de Álbum de família, passou a chamar seu próprio teatro de desagradável. Isso me lembra aquela ideia de que Nelson Rodrigues escrevia para chocar o público. Continuo considerando isso uma bobagem, não é tão simples encontrar gratuidade em obra de gênio – é preciso ficar com o pé atrás com as primeiras impressões negativas, os caras acabam adquirindo algum salvo conduto, não tem jeito. E no final, ainda que o saldo pareça negativo, muita, mas muita coisa apenas escapou.

Dessa vez o tema não é o incesto (apesar da obsessão sexual estar, é óbvio, presente). Para começar, veja bem, Nelson já inicia sua peça invocando as musas: a primeira fala é um sonoro “Quem é?”, que é ao mesmo tempo a pergunta mais batida e mais prazerosa de se ouvir no início de uma peça (a referência ao “Quem vem lá?” de Hamlet nunca é acidental).

Antes disso, só para situar, tudo se passa na casa das três viúvas, que é uma espécie de pequeno apêndice do inferno, onde três primas e a filha de uma delas estão, por opção, encerradas em eterna vigília (a menina, filha de D. Flávia, antagonista de Doroteia, inclusive, já nasceu morta no 5º mês de gestação). E essa penitência autoimposta é fruto do grande mal que amaldiçoa aquela família há gerações (veja aí o eco da família de Édipo, lá do mito grego). Essa maldição se manifesta como um dos elementos-chave em torno dos quais o enredo se engendra: a náusea. O outro elemento é o jarro.

A náusea é o fenômeno pelo qual todas as mulheres dessa família passam na noite de núpcias. Simples assim, não há pormenores. O jarro é o encosto que persegue Doroteia e a obriga a lembrar de um momento específico do passado. Essas mulheres têm a missão de evitar a qualquer custo as tentações do sexo – por isso não dormem, pois “sabem que, no sonho, rompem volúpias secretas e abomináveis”.

Há muitas questões que não se solucionam no enredo e pontos cegos que me deixaram uma série de impressões, ao mesmo tempo que evocaram sutil e nebulosamente a mitos consagrados ou a uma espécie de lugar mítico que experienciamos muitas vezes sem nos dar conta. Longe de querer fazer uma análise minuciosa nesta breve resenha, e nem apontar questões técnicas com relação à estrutura dramatúrgica, compartilho o que primeiro me chegou sem muito me debruçar sobre:

Doroteia é uma peça incômoda, não pelos seus temas, mas porque é instável, irregular. Doroteia é uma peça que se sustenta nessa instabilidade, muitas vezes apagada pelo cômico ou pelo mito. Não consigo saber se ela está para mais ou para menos. Só não consegui parar de ler, o que já significa muita coisa.

Se eu indicaria a peça para leitura? É claro que sim. Ela vai continuar sendo aquela peça que desagradará a gregos e troianos, e eu acho que é por isso mesmo que ela merece ser lida. O saldo final é que não dá para simplesmente ignorar a força bruta que Nelson Rodrigues usou para se desdobrar e criar seu mito. Aliás, há desafio maior para um dramaturgo, em qualquer tempo, que o de criar um mito?
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Steh 29/08/2020

Essa novela apresentada em estrutura de diálogos, conta a estória de Dorotéia e sua aceitação familiar. A beleza de Dorotéia é um incômodo e suas desgraças estão atreladas a essa maldição (beleza). Boa leitura.
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Carol Pita 03/02/2021

Peça do Nelson que eu menos gostei (até agora)
Achei muito confusa... ela é comparada ao teatro do absurdo, mas não sei... achei que é nonsense em outro lugar. Talvez eu diria que é um nonsense cartoon network. Não é o absurdo das falhas de comunicação, é só doido mesmo. Mas claro, o Nelson tem um jeito particular de escrever, quase como uma assinatura então não posso dizer que não gostei. Eu gosto de muitas falas durante a peça, e também da mensagem por trás. Mas hoje pra mim é não hahahahhaa
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Procyon 07/02/2023

Dorotéia ? comentário
Dorotéia é a primeira peça de Nelson Rodrigues após o ?ciclo das desagradáveis? (Álbum de família, 1945; Anjo negro, 1946; e Senhora dos afogados, 1947) e sua última ?peça mítica?. É concebido, portanto, como uma tragicomédia, bastante calcada no ideário greco-trágico. Não existem personagens masculinos na obra, apenas femininas. Seu universo hermético é semelhante à de Senhora dos afogados, capta um descolamento do tempo (tudo é feito num único local, mas com vários planos de realidade). Lúdica, é uma peça que tem muita expressividade cênica ao desenvolver a constante tensão entre o melodramático e o trágico.

Um dos maiores desastres de sua carreira, Dorotéia fala muito sobre a incomunicabilidade advinda da repressão ao desejo. Dialoga muito com a repressão à liberdade sexual da mulher, muitas vezes pela própria mulher. Dramaturgo brilhante, Nelson enxergava um país e uma sociedade em transformação vertiginosa, e assim captava essas contradições em suas peças (muitas delas, assim como Dorotéia, atemporais).
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