spoiler visualizarJussara 25/02/2024
Um best seller em enrolação
A sinopse desse livro me conquistou, prometia um thriller de conspiração política, suspense e ação. No entanto, uma grande parte do suspense acaba logo nos primeiros capítulos porque o autor revela não apenas a identidade das vítimas, mas também a do assassino e deixa claro o alto poder aquisitivo do mandante. Inicialmente, tudo parece muito bem planejado e os agentes do FBI e da CIA parecem bem amadores nas deduções que fazem. A partir daí, começam as incoerências: uma determinada linha de investigação é descrita diversas vezes como "agulha no palheiro", algo que levaria anos pra dar resultado... Eis que a protagonista Darby adota exatamente essa linha de investigação e descobre a identidade do mandante em poucos dias com simples pesquisas na biblioteca da universidade onde estuda. Quando o dossiê é compartilhado com outras pessoas, a incoerência permanece: um personagem comenta que ele é certeiro, que acertou o nome do mandante (e há indícios no livro que provam isso, pois a autora dele começa a ser perseguida); mas vários personagens (incluindo diretores de agências de inteligência) insistem em dizer que o tal documento "só serve pra pregar peças". A impressão que eu tive é que os agentes do FBI e da CIA nesse livro foram treinados no mesmo local em que o pessoal de "Loucademia da polícia", ninguém sabia como investigar nada.
Pra completar o cenário nada interessante, personagens descritos como inteligentes e competentes cometem erros absurdos. São fugas cujas despesas são pagas com cartão de crédito, marcar encontros sem conferir a identidade da pessoa com quem vai conversar, criminosos que fogem por anos e que caem em armadilhas simples... Chega um momento do livro em que são tantos personagens, tantas conversas aleatórias que o assassinato dos juízes fica esquecido. E é aí que o livro se transforma numa maçante descrição da fuga da Darby fazendo questão de contar quantas vezes ela comprou novas roupas, quantos táxis, aviões e trens pegou pra ir de um ponto a outro. O final é brochante: o poderosíssimo mandante de um duplo assassinato de juízes da Suprema Corte não consegue capturar uma estudante de direito nem um relés jornalista. Eu até aceitaria tal ideia fantasiosa se o livro não se perdesse tanto em conversas e descrições desnecessárias e, pior, contraditórias. Me deu a sensação de que o autor estava duvidando da minha inteligência, dando voltas pra fazer a trama parecer mais complicada do que é, e eu não gostei nem um pouco disso.