Maximus.Machado 28/06/2023
Simplesmente, Machado de Assis
Enfim, termino um longo ciclo de leitura. Longo não apenas pela densidade da obra e a consequente necessidade de meditar as palavras para entender os tesouros presentes nas entrelinhas, mas também pela preguiça recorrente a adolescentes tentando iniciar uma vida intelectual.
Não foi um fim, senão um começo de uma nova jornada literária. O penúltimo romance do maior escritor da literatura nacional não poderia ser diferente: uma escrita mais leve do que suas obras anteriores, porém com vocabulário rico e preciosas figuras de linguagem; um romance que versa sobre diversos temas universais, a exemplo da antítese entre vício e virtude, o amor, a importância de se expressarem os pensamentos sem receio, além, claro, de trechos que carregam em si a sabedoria da vida, ensinamentos que muitas vezes só a literatura pode nos apresentar.
Incrivelmente, um romance publicado em 1904 - a mais de um século -, tendo por pano de fundo um triângulo amoroso (possível sátira às obras europeias da época, como "O Primo Basílio, de Eça de Queiroz), consegue versar não somente sobre a política externa do Brasil com Portugal e Inglaterra à época, bem como acerca da esfera política atual do país - o que, de maneira preocupante, demonstra a não evolução das noções políticas do povo brasileiro desde os tempos mais longínquos de nossa história.
Por fim, sigo esperançoso em busca de novas e mais profundas águas literárias, nas quais me lançarei sem medo. Afinal, como disse São Tomás de Aquino: "Se a meta principal de um capitão fosse preservar seu barco, ele o conservaria no porto para sempre".