Anderson.Rios 15/09/2020
Essa é a lei, ninguém escapa
Um dos diferenciais do Wells é sua narrativa ilusionista e imaginária. Ele consegue fazer a narrativa aparecer despretensiosa, pura, real. Mesmo, ou principalmente, em seu absurdo. Impulsionado pelas narrativas de desbravamento marítimo o autor narra a história (a clássica narrativa em diário) de um homem naufrágado, que vai parar em um navio, salvo por Montgomery, e acontecimentos que fazem ele ir parar em uma ilha, a qual seu salvador levava animais. Esses animais servem de experimentos do Dr Moreau, a quem Montgomery segue ordens. Na ilha as coisas começam a dar errado. As coisas por isso só tinham esse caminho: a tragédia. (talvez mesmo sem o protagonista, o à história tomaria o mesmo rumo). Dr Moreau, que assim como Viktor Franksteim procura na ciência formas de ser um criador, ou melhor para esse caso, um reconstrutor. Desmembra animais, cria e recria, une, constrói e destrói. Da a eles conceitos humanos, pernas, braços... linguagem. Os torna sem imagem, e a pouca semelhança do homem que já é incompleto.
A narrativa é simples, mas o autor tem sim intenções nessa suposta despretensão. Os personagens são extremamente alegóricos, o narrador suscetível a quebra desse absurdo, sendo representante da histéria de qualquer humano ao ver as atrocidades do Dr. Moreau. Os animais, dominados pela imposição metafísica feita pelo seu mestre, são alegóricos aos humanos em inúmeros aspectos, alguns bem claros na narrativa e outros menos explícitos.
Meu ponto principal a detalhar é como a linguagem é marcada como meio do pensamento, o diferencial, o estopim para o começo e o fim da vida dos personagens (ou o começo é o fim de cada um na narrativa). O Dr Moreau, não chega a ser o foco da obra, nem a ilha, ou o protagonista, acredito que nem os animais; a despretensão do autor eleva a obra a um caracter alegórico, e a maior alegoria, é a própria alegoria, a linguagem, nosso verdadeiro mestre, essa é a lei, ninguém escapa.