Resenhas -

Forest 03/06/2022

Para quem tem interesse genuíno no estudo sério da religião.
"Dever-se-á presumir que em todos os homens há de ser idêntica a mistura de religião com outros elementos? Dever-se-á presumir, com efeito, que as vidas de todos os homens hão de exibir elementos religiosos idênticos? Em outras palavras, é lamentável a existência de tantos tipos, seitas, e credos religiosos?
A essas perguntas respondo enfaticamente "Não". Não haverá dois dentre nós que tenham dificuldades idênticas, nem se poderá esperar deles que elaborem as mesmas soluções. Cada qual, do seu ângulo especial de observação, vê certa esfera de fato e de problema, com os quais lidará de maneira singular."
Com essa citação creio que, uma boa ideia acerca do livro seja dada. No que diz respeito a leitura em si: É uma obra densa. É um assunto denso, tratado com a profunda seriedade que merece. William James expõem a imensa e insondável complexidade da experiência religiosa, atravéz de uma argumentação altamente intelectualizada e didática, na posição de um professor preocupado com seus alunos (Está escrito em primeira pessoa, e em vários momentos do livro, James demonstra sua preocupação sobre sua capacidade de se fazer entender). As experiências relatadas são expostas com vários exemplos palpáveis, de inúmeras pessoas, que deixaram por escrito suas vivências místicas. Esta obra possui quase 500 páginas, de modo que contempla praticamente todas as dimensões da vida religiosa, em detalhes pormenorizados, William James realmente realizou um trabalho fantástico. O que complica, levemente, o fluxo de leitura nesse livro são as notas de rodapé extensas e muito frequentes - e muitas delas são tão relevantes e apresentam um conteúdo tão incrível que poderiam ser um livro a parte.
Devo ressaltar que de fato, é uma leitura trabalhosa, mas que vale muito a pena. Como todo bom livro, este se configura como atemporal, extremamente necessário em nossa era de julgamentos e análises reducionistas, apressadas e grosseiras.
Creio que essa obra estabelece um critério infalível para determinar a legitimidade ou a falta dela, nos discursos acerca do tema das religiões: Qualquer um que se proponha a falar e não leu "As variedades da experiência religiosa" está correndo sério risco de ser arrogante, precipitado e tolo.