Henggo 15/03/2022
Aceitemos o Professor Erro
Que livro. Que livro peculiar. Asimov nos leva por uma jornada de conhecimento coletivo. É sobre o futuro? Sim, sem dúvida. Um exercício de futurologia. Porém, acima disso, é sobre nós, sobre o presente, sobre nossa mentalidade, medos, angústias, fardos, pecados; é sobre um instinto humano (e complexo) de querer resolver tudo.
Asimov aqui faz uma ode ao que eu chamo de "Professor Erro". Costumo dizer que temos dois professores: o Erro e a Vida. A Vida ensina dando oportunidades, muitas, segundas, terceiras, quartas oportunidades. A Vida é a Eternidade (quem leu entenderá). O Erro, por sua vez, é aquele professor que dizemos "carrasco". O Erro bate, maltrata, força a transformação. É difícil, contudo, anos a frente, quando pensamos nos ensinamentos, percebemos que quem de fato nos ensinou foi o Erro e não a Vida.
O Erro é a Infinitude.
A ficção científica é instigante porque nos força a pensar para além de nossas bolhas. E veja: não sobre futuros distópicos, distantes. Longe disso. Nos força a pensar sobre o agora. Nos força a pensar sobre a necessidade de pararmos de buscar por uma frágil perfeição.
A busca pela perfeição é uma busca perdida. Os erros nos conduzem a algo melhor. Doem, machucam, deixam cicatrizes; e ferem e fazem chorar. Mas impulsionam.
"O Fim da Eternidade" é um pedido de Asimov para que saibamos lidar com nossos erros, pois isso é o que nos torna humanos.