não é a mitsu 26/03/2024
Interessante pra cacete.
São três história e em cada uma temos uma protagonistas passando por situações complicadas.
A primeira história eu gostei bastante, conta sobre os pais de esquerda e o seu filho que decidiu ser da direita. A protagonista nos mostra seu ponto de vida e passamos a sentir as emoções dela, principalmente a cólera e a angústia. Mas enquanto acompanhamos seus pensamentos também vemos e entendemos o ponto de vista dos outros personagens, a forma como ela idealizou a vida do seu filho, como ela queria que ele fosse aquilo que ela pensou que fosse, e o fato de ele ser o contrário foi um baque pra ela, e isso desestabilizou ela completamente, o otimismo dela foi por água abaixo, começa agora a ficar deprimida, vê a velhice com outros olhos, desanimada, angustiada e aborrecida, ela é uma mulher de muita convicção e essa mesma convicção fizeram com que ela fosse cabeça dura e não conseguisse enxergar as coisas por outras perspectivas, fico feliz que no final ela se pôs a refletir sobre suas atitudes.
A segunda história me deixou sufocada. Enquanto lia a história da protagonista eu a todo momento tentava entende-la, mas ao mesmo tempo em que via sua dor eu também via o quão ruim ela era. Teve uma infância difícil e quis fazer pela filha o que a sua mãe não fez por si, mas infelizmente acabou se tornando uma mãe narcisista, a sua filha de suicidou, ela está de luto mas a todo momento culpa a todos menos a ela, os pensamentos dela são bastantes conflituosos, muitas coisas que ela disse me fizeram ter raiva, e no final ela continuava sem aceitar o que tinha lhe acontecido. Em sumo essa história é bem ambígua, me deixou confusa, tentando entender a protagonista e ao mesmo tempo tendo raiva da mesma.
"A gentileza de Maurice é quase penosa: lastima o incidente de Nancy. Mas nunca mais me beijou na boca. Sinto-me uma perfeita miserável."
De longe a história que mais me pegou e me fez passa raiva. Logo no início eu fiquei puta com o Maurice pela traição, e mais puta ainda com a protagonista por ter aceita aquela situação, tudo isso por causa do conselho de sua amiga, que passou por uma situação parecida, mas as circunstâncias eram totalmente diferentes. Então vamos lendo e vendo a relação deles só piorando e no começo a corna ainda estava indo bem, fudid* psicologicamente sim, mas o marido ainda a conseguia driblar. No decorrer da história temos a crise da identidade, e lemos que ela abdicou de sua vida para se dedicar totalmente ao marido, jovem e idiota achou que o amor iria durar para sempre, ela teve sim uma certa dependência emocional no marido, pois a situação em que ela se colocou foi angustiante, ela mesmo chamou-se de "capacho", e infelizmente foi o que aconteceu. Perto do final eu já estava desesperado em como ela foi se acabando, por mais que tenha buscado ajuda ela não quis enxergar que a relação que ela tinha com o marido era problemática para ela, então vemos ela literalmente definhar. Desse casamento vemos as filhas como espelhos, a mais velha seguiu o mesmo caminho da mãe, parou seus estudos e se dedicou a vida de casada (meu medo é que ela passe o mesmo que a mãe), já a mais nova vemos o completo oposto, ela viu como a vida que sua mãe levou no casamento iria lá na frente fazer-lhe e foi por outro caminho, tornando-se até mesmo "má" na visão da sociedade.
Enfim, essa história começou me angustiando e terminou me deixando da mesma forma, ao todo me fez refletir bastante e me deixou muito intrigada pelo ponto de vista das protagonistas. Foi um bom livro.