Lucilia.Gabriel 01/03/2024
Um livro subversivo, mas não tanto assim
Primeiramente, eu amo a Lyra com todo o meu coração!
É um livro que fala muito sobre a desconexão dos adultos com as crianças e a infância no geral - em especial em espaço brancos, elitistas e tradicionais como as universidades londrinas (e de qualquer outro lugar né). A história faz críticas nítidas à igreja católica, a ponto de literalmente dizer "se eles dizem que é ruim, então deve ser bom" kkkk Fala muito sobre como os adultos sacrificam os inocentes em nome da própria inocência e de uma espécie de bem maior (ou qualquer bobagem dessas).
Ele tem uma protagonista cativante, que devia ser ainda mais subversiva no ano em que foi escrito, considerando que ela é uma menina quebrando milhões de estereótipos. E tudo isso em uma história que realmente prende a gente, em um tom super lúdico que traduz essa visão infantil de mundo (que não é tão complexa, mas é bem mais honesta).
Tendo dito isso, o livro tem uma passagem bem racista, que essencialmente diz que as atrocidades que estavam sendo feitas por aqueles brancos sem vergonha tinham sido aprendidas na África, onde, VEJAM SÓ, eles já separavam as pessoas de seus dimons (suas almas), pra criar escravos que trabalhavam sem reclamar ou fugir. Mirou na crítica à Igreja Católica, acertou no reforço do discurso dessa mesma instituição, que foi usado como justificativa para o sequestro e escravização de pessoas negras (TNC sabe). E o melhor é que esse trecho não acrescenta nada à história, ele só é racista mesmo.
Enfim, tô me perguntando se devo continuar nesse movimento de ler os livros que não consegui quando eu era adolescente (e tinha 10 anos a menos de leitura e senso crítico). Autores brancos de não tanto tempo atrás nunca decepcionam né, a gente espera racismo deles e ele sempre aparece! Definitivamente um livro de sua época rs