A Pomba

A Pomba Patrick Süskind




Resenhas - A Pomba


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Gilberto Alves 28/01/2021

Intrigante
O que vc faria se um dia, após uma rotina pacata de 30 anos fazendo exatamente a mesma coisa, ao abrir a porta de seu apartamento desse de cara com uma pomba no corredor?

Jonathan é um cara de 50 anos que mora sozinho em um apartamento a mais de 30 anos. Não tinha amigos, não falava com os vizinhos, vivia praticamente como um ermitão perdido em meio a sociedade. Um dia, ao abrir a porta de seu AP, deu de cara com uma pomba parada em frente à sua porta. Daí em diante o negócio descambou.

O livro é muito legal pois narra minunciosamente todo o desencadeamento de um fato que, tão simples para alguns, para Jonathan foi um choque que abalou todo o equilibro que ele tinha em sua vida.
É claro que o livro é uma espécie de metáfora para outras questões como insegurança, ansiedade, ou até mesmo o que o exílio social pode causar.

Como é um livro curto e com uma leitura bastante fluída, foi uma experiência bem legal.
Recomendo!
Ju 29/01/2021minha estante
Adoro que a resenha aqui é sempre mais rebuscada, mas são as "resenhas" rápidas que sempre me instigam a ler ?




César 12/07/2021

Solitude is bliss
Jonathan Noel é um segurança de banco que há 30 anos vive de forma reclusa, morando sozinho em um quarto de pensão. Possui um cotidiano metódico, com todas as suas ações do dia milimetricamente calculadas. Até que um dia, ao amanhecer se depara com uma pomba em sua porta, o que poderia ser um fato corriqueiro ou no máximo um pouco inconveniente para a maioria, para ele se torna algo que abalaria toda a sua zona de conforto e o faria repensar uma série de coisas que antes tinha como certeza em sua vida.

Apavorado com a pomba e pela sujeira deixada pelo animal, Jonathan "foge" de seu pequeno quarto, e acompanhamos um dia da vida de nosso protagonista, onde uma série de acontecimentos inoportunos vai deixando-o cada vez mais desestabilizado e no limite.

"A pomba" é um livro um tanto estranho, e nessa estranheza me identifiquei um bocado com o protagonista, sua dificuldade em lidar com outras pessoas, e a própria reclusão. É bem claro que se trata de um personagem obssessivo compulsivo, com o decorrer das páginas essa condição vai ficando cada vez mais acentuada através das reações desproporcionais de Jonathan perante situações que abalam sua rotina.

Estranho, melancólico e absurdamente humano, achei a leitura muito válida e recomendo pra quem procura algo fora do convencional.
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Jose.Otto 10/05/2022

Os fantasmas de cada um
Sempre me comoveu o desespero de minha cadelinha com trovões. Ao menor sinal de tempestade, treme, e se esconde. E treme. E palpita. E treme. Tenta fugir, mas não consegue, o trovão está por toda a parte. Luta contra si mesma. Sem pensar, seu corpo interior se desespera, e treme. Quando acaba, seu corpo ainda treme. Até que uma bolinha a distrai, sai correndo para pegá-la, como se o mundo não apresentasse mais qualquer perigo.
Ler ?A Pomba? ajuda-nos a lembrar que somos feitos por tudo que há em nós. Somos medo, somos coragem, desespero e esperança. De que fácil e difícil, são conceitos subjetivos. E de que precisamos de tempo, pois a vida nos ensina a como lidar com ela, desde que possamos intercalar horas de sonho, em meio a nossos desesperos.
Boa leitura, recomendo.
Vamlirynna 10/05/2022minha estante
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D. 21/01/2009

Para alguns, só mais um trabalho secundário do Süskind, mas para mim, uma obra genial; e ser genial não implica em necessariamente se prender ao fictício. Nesse caso, genialidade essa que ele consegue nesse livro por algo oposto, que é retratar fielmente um sujeito, e como tal, expor seu lado cruel, egoísta, arrisco dizer misantropo, mas também suas fragilidades, medos e necessidades, ou seja, um retrato perfeito de como somos em suma.


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Leonardo Robert 08/03/2009minha estante
Não creio que chega a misantropia, mas certamente acho que o autor explora a fragilidade humana e a narra de modo interessantíssimo. Um belo livro. Eu o li depois d'O Perfume... ingenuamente achei que fosse sentir o mesmo impacto que tive com a estória de Grenouille. Ainda assim, gostei bastante d'A Pomba.




Ma_ah 03/09/2023

Solidão e identidade
A Pomba é uma obra curta, mas poderosa, que oferece uma experiência de leitura única e desafiadora. A escrita de Süskind é habilidosa, e ele leva os leitores a uma jornada metafórica que provoca questionamentos sobre o que significa ser humano. É uma leitura recomendada para aqueles que apreciam narrativas filosóficas e exploratórias.
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Lady Murphy 13/06/2010

Quando se constrói uma sólida e inabalável vida, onde cada segundo é milimetricamente programado em cada pormenor com uma impecabilidade sistêmica, tem-se a certeza de que nada pode alterar sua imaculada rotina, certo? Errado. No personagem de Patrick Süskind, esse ritual diário invariável é interferido por uma pequenez, uma coisa simples e muito comum, aqui representada pela Pomba.

A partir do encontro do protagonista, que após trinta anos de repetição jurava estar seguro, uma pomba cruza seu caminho e desencadeia uma série de pensamentos inquietos, um drama interno, uma tempestade em copo d'água. Como uma coisa tão ínfima pode pôr uma pessoa aparentemente estável em fuga e destruir sua tranquilidade? Faz-nos pensar em como vivemos num equilíbrio precário. Principalmente quando estamos sozinhos (suponho ser esta a mensagem do livro, mas não tenho certeza, o final abrupto me deixou algumas dúvidas).

Será que a solidez é realmente tudo que precisamos? Será que esse jeito que vivemos é o que realmente nos faz feliz? Pensei nisso enquanto lia. Acho que uma certa segurança não é de todo mau, mas devemos estar preparados para imprevistos, e talvez, nada mais imprevisível, nada que torne a vida menos monótona do que outra pessoa. Uma companhia, por que não? Na leitura, tive a impressão de que o autor queria dizer que, não era necessário uma postura esfíngica, mas também não era para cair em degradação total (ao mencionar o cochard e sua situação humilhante de não ter um banheiro onde pudesse fazer suas necessidades em reserva, porque existem situações em que o homem deve estar sozinho).

Jonathan Noel viveu trinta anos mecânicamente até que um outro ser cruzou seu caminho e ele finalmente se percebeu dentro de si. E percebeu outros rostos. Percebeu sentimentos dentro de si: ódio, raiva, tensão, compaixão, frustração. Deu-se conta da própria consciência. E (talvez) compreendeu que estava só. Tudo isso descrito com muita proximidade por Süskind.

SPOILER: Fiquei um pouco incomodada com o final que me pareceu fazer o personagem simplesmente voltar ao que era antes depois das 24 horas revoltas de sua vida. Me fez pensar numa frase de Winston Churchill "Um homem pode ocasionalmente tropeçar na verdade, mas na maior parte das vezes ele se recupera e vai em frente"

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Raíssa 28/07/2020

historias sobre homens adultos sempre soam chatas para mim, mas a história de um homem adulto aterrorizado por um animal completamente indefeso é algo a se apreciar.
a leitura fala de um existencialismo bem singular a partir do medo. tratando de situações que todos passamos e de sensações que sempre nos tiram o sono a noite.... mas que depois de algumas sessões de terapia conseguimos entender melhor
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Jéssica Dutra 18/04/2021

É um livro sobre cotidiano, rotina, mas também é um livro sobre medo, perda e solidão. Daqueles livros que você capta muita coisa nas entrelinhas.
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Paulo 06/05/2013

Anotação
Em 1987, aos 14 anos, fiquei impressionado com o best-seller O Perfume, conforme relatei aqui numa postagem recente. Não foi deslumbramento de leitor novato: reli no ano passado e a obra é realmente de grande qualidade literária, e seu autor, o alemão Patrick Süskind, é um autor bissexto, e não um produtor em série de royalties.

Naquela mesma época, comprei e li o livro seguinte de Süskind, A Pomba. Aí já me parece que o adolescente se perdeu um pouco, pois se trata de uma novela psicológica, diferente da narrativa ágil do sucesso anterior, e o fato é que acabei não guardando nenhuma recordação do livro.

Corrigi isso fazendo uma releitura 25 anos depois.

A novela foca em um dia especial na vida de Jonathan Noel, depois de um histórico pregresso sobre a árida existência desse protagonista morbidamente introspectivo e misantropo.

Tal temática não me soa tão original na ficção contemporânea. Curiosamente, a situação da personagem e suas perambulações pela cidade me lembraram de um filme de 1959, O signo do leão, primeiro longa de Eric Rohmer.

Mas Süskind é inventivo e inteligente, e mostra passo a passo como o inusitado “incidente com a pomba” fez desmoronar a segura rotina de Jonathan Noel, levando a um desfecho extraordinário, que li com surpresa e muito gosto.

Recomendo para quem gosta de temáticas mais introspectivas.

VEJA EM MEU BLOG:
http://beneficio-da-duvida.blogspot.com.br/2013/05/a-pomba-de-patrick-suskind.html
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Geovana Rodrigues 14/06/2023

Qual é o bicho, que se aparecesse na sua casa, você sairia correndo na hora?
Para Jonathan Noel, o protagonista deste livro, uma pomba. Sim, isso mesmo, uma pomba! Mas não se enganem, o poder transformador e aversivo que este pequeno animal com plumas causou no protagonista, pode se equiparar a abrir a janela do seu quarto, em uma manhã gloriosamente ensolarada e dar de cara com um mamute pré-histórico.

Para alguns, rotina é algo considerado enfadonho, para outros, um porto seguro – me encaixo nesta 2° opção, assim como o Sr. Noel. Vivendo numa rotina "perfeita" há anos, vê suas certezas e expectativas se dissolverem numa crise existencial enorme.

Seu emprego, sua casa e seus hábitos, deixados de lado bruscamente, oferecem uma visão sobre si até então desconhecida.

Confesso que até metade do livro estava achando meio sem sentido, porque as situações que o personagem passa são muito exageradas, mas acho que esse tom foi proposital.

A normalidade aparentemente é consistente e firme, mas podemos perder o controle sobre tudo à nosso respeito em questão de instantes, e isso, para o senhorzinho da história, foi avassalador.

Depois que compreendi, a narrativa ganhou todo um peso para mim. Eu sou do tipo de pessoa que funciona melhor ao seguir esquemas pré-definidos (acho que isso só fortalece a minha escolha quanto a abordagem profissional, já que tendo a ir para a Teoria Cognitivo-Comportamental. Por ser mais estruturada e seguir protocolos, me cativou).

Gosto muito da minha rotina e sempre passo por momentos de ansiedade a cada troca de período na faculdade, porque salas, horários e professores mudam (mais um motivo para rolar identificação com o personagem, somos talvez, muito rígidos perante adaptações... algo a se levar para a terapia rs).

Enfim, perdoe as divagações... Um termo que já utilizei outras vezes e volto a fazer referência: um livro pão – ao terminar, senti-me desconfortável com o rumo que tomou, mas aquelas ideias iniciais foram fermentando e crescendo, me fazendo até mudar a nota dada. Do tipo de livro que eu amo ler, porque mesmo que daqui a muito tempo, eu esqueça a história, as sensações e emoções trazidas por tais palavras vão permanecer.

site: https://www.instagram.com/p/CtaN_28LuQq/
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Heidi Gisele Borges 26/11/2023

Reflexivo, profundo. Em certa medida me lembrou de O deserto dos tártaros, pelo tempo decorrido e como o personagem percebe essa passagem lenta, sem novidades, no conforto da rotina. Enquanto espera e espera o seu grande momento.
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@wesleisalgado 18/05/2021

Solidão, melancolia, desespero

O título da resenha são alguns dos elementos encontrados nessa lindeza de pouco mais de 100 páginas.

Jonathan Noel não confia em humanos e não se sente à vontade na presença deles. Já gostei do personagem na primeira página. Jonathan leva uma vida solitária e metódica, paga seu pequeno apartamento com o salário que ganha trabalhando como vigia em um banco na França. Não grandes aspirações, nem grandes dramas, nosso protagonista se vê feliz e confortável em seu conformismo.

Vive em vida de rotina, acordar, ir pro trabalho, retornar para casa. Até que um dia, se depara com uma pomba na porta de seu apartamento, e toda o cagalhão provocado por ela no corredor, o que dará início um dia terrível na vida de nossa protagonista, onde tudo dá errado. Um terror que durará 24 horas.

Na vida de Jonathan, um rasgo na calça é o equivalente à um descarrilhamento de trem. E me pego eu pensando, eu que adoro uma rotina, coisas regradas, horas certas, e quantos pombos já me fizeram perder a paz de um dia inteiro. Foi assustadoramente real, o caos em um microcosmo causado por um evento inesperado ou algo novo ou mesmo grotesco, que te choca tanto, que por dois segundos você tem em bug até conseguir seguir em frente. Vide nosso narrador vendo um andarilho defecar na rua, mano.... o que foi escrita de como o personagem se sentiu nessa cena, foi foda!

Instigante, enigmático, perturbador, doloroso...e maravilhoso!

“Minha solidão não tem haver com a presença ou ausência de pessoas, detesto quem me rouba a solidão se em troca oferecer verdadeira companhia” [Nietzsche]
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