@wesleisalgado 18/05/2021Solidão, melancolia, desespero
O título da resenha são alguns dos elementos encontrados nessa lindeza de pouco mais de 100 páginas.
Jonathan Noel não confia em humanos e não se sente à vontade na presença deles. Já gostei do personagem na primeira página. Jonathan leva uma vida solitária e metódica, paga seu pequeno apartamento com o salário que ganha trabalhando como vigia em um banco na França. Não grandes aspirações, nem grandes dramas, nosso protagonista se vê feliz e confortável em seu conformismo.
Vive em vida de rotina, acordar, ir pro trabalho, retornar para casa. Até que um dia, se depara com uma pomba na porta de seu apartamento, e toda o cagalhão provocado por ela no corredor, o que dará início um dia terrível na vida de nossa protagonista, onde tudo dá errado. Um terror que durará 24 horas.
Na vida de Jonathan, um rasgo na calça é o equivalente à um descarrilhamento de trem. E me pego eu pensando, eu que adoro uma rotina, coisas regradas, horas certas, e quantos pombos já me fizeram perder a paz de um dia inteiro. Foi assustadoramente real, o caos em um microcosmo causado por um evento inesperado ou algo novo ou mesmo grotesco, que te choca tanto, que por dois segundos você tem em bug até conseguir seguir em frente. Vide nosso narrador vendo um andarilho defecar na rua, mano.... o que foi escrita de como o personagem se sentiu nessa cena, foi foda!
Instigante, enigmático, perturbador, doloroso...e maravilhoso!
“Minha solidão não tem haver com a presença ou ausência de pessoas, detesto quem me rouba a solidão se em troca oferecer verdadeira companhia” [Nietzsche]