Mariana Dal Chico 26/10/2018“Colheita Selvagem” é um livro de não-ficção escrito pelo jornalista Carl Hoffman.
Michael Rockefeller desapareceu em 19 de novembro de 1961, na Nova Guiné Holandesa após seu barco virar, deixando ele e René Wassing à deriva. Michael pulou na água e nadou em direção à margem para buscar ajuda e nunca mais foi visto.
Em fevereiro de 2012, Carl Hoffman, seguiu os passos de Michael para tentar desvendar seu desaparecimento.
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A abertura do livro me deixou um tanto chocada ao detalhar a morte de Michael com cenas gráficas de canibalismo. Fiquei incomodada com a licença poética que o autor usou ao supor quais seriam os pensamentos do jovem Michael em suas últimas horas de vida , afinal se trata de um livro de não-ficção, por isso, fiquei esperando uma explicação documental para justificar a cena, mas acabei me frustrando ao final da leitura.
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Ainda bem que o livro é bem mais que a história de Michael, o autor usa diários, cartas, documentos, além de ter passado duas temporadas em Nova Guiné, para relatar a interação dos integrantes das tribos Asmat com o homem branco.
Os Asmat ficaram por séculos isolados em suas terras de difícil acesso, quando viram um homem branco pela primeira vez, acreditaram ser espíritos.
A relação dos Asmat com o canibalismo, ou “Caça de Cabeças” como eles chamavam, vai muito além do consumo da carne humana. Envolve equilíbrio entre os mundos dos vivos e mortos, vingança, rituais, honra aos antepassados, transformação em homem, manutenção das tradições e de sua própria existência.
Os rituais que envolvem as estacas Bisj são fascinantes.
Esse livro mudou completamente minha percepção de canibais, uma palavra que carrega medo e muito mito.
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Outro ponto negativo, além do autor especular ter conhecimento dos pensamentos de Michael Rockfeller, é a repetição de várias informações ao longo da leitura.
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No geral gostei da leitura, mas tenho muitas ressalvas.
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Opinião de leitura publicada no instagram @maridalchico
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