suziey 13/06/2024
Vidas Secas
Não achei que fosse gostar tanto assim desse livro, principalmente por se tratar de um clássico, mas a leitura foi bem mais agradável do que eu esperava.
Vidas Secas fala sobre uma família de retirantes nordestinos, obrigados a constantemente se deslocarem por causa da seca, da fome e da miséria no contexto no qual estão inseridos.
Logo conhecemos a família, formada pelo pai, Fabiano, sua esposa Sinhá Vitória, seus dois filhos, a cadela Baleia e um papagaio.
Fabiano é um cara grosseiro e que possui um vocabulário pobre, resultado de nunca ter ido à escola, e os seus filhos também reproduzem essa mesma característica. Como resultado, Fabiano possui uma grande dificuldade para se expressar e pouco dominio das palavras, e constantemente se comunica com balbucios e grunhidos. São poucos os diálogos que acontecem entre a família, vemos muito mais as reflexões internas.
Fabiano constantemente também se chama de ?animal?, a própria família é animalizada como uma consequência da desigualdade e da miséria que a família enfrenta, os levando a recorrer aos seus instintos e a condições de vida tão desumanas e cruéis.
Sinhá Vitória é mais estudada que Fabiano, ela consegue fazer contas e o ajuda com o financeiro, impedindo também que o patrão dele se aproveite de sua falta de conhecimento.
As crianças não tem nome, entendi isso como uma forma de mostrar a pobreza de linguagem dos pais e também a falta de identidade das crianças, tudo em decorrência da situação animalesca em que eles vivem.
O capítulo da Baleia mexeu bastante comigo, afinal, dentre todos da família ela foi a personagem mais humanizada, com suas reflexões, pensamentos e sentimentos, como alegria, tristeza e afeto. Baleia demonstrou lealdade à família e também representou a esperança.
O final do livro representou o fim de um ciclo. É triste pensar que esses personagens não existem apenas no papel, afinal, muitas pessoas são que nem Fabiano. Ou que nem Sinhá Vitória. Ou também que nem essas crianças sem nome.