Vidas secas

Vidas secas Graciliano Ramos




Resenhas - Vidas Secas


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Murruga 03/03/2013

Que livro...
Graciliano me impressionou com este livro. Seu modo seco de descrever a vida árida desses nordestinos, abusando de "expressões sertanejas" para mim, é o que torna este livro realmente brasileiro.

O livro nos conta a estória, fictícia não sei até que ponto, de uma família nuclear formada por personagens singulares que vive fugindo da seca do sertão e sonhando com uma vida melhor, uma vida grande. Fabiano é um pai rude, que passa a vida consertando cercas e domando animais; sinhá Vitória é a mãe dona de casa que cuida dos filhos, faz contas com sementes e sonha com uma cama de couro igual a do seu Tomás da boladeira; o menino mais novo admira o pai e as vezes tenta ser como ele; o menino mais velho admira a cachorra, que muitas vezes age como gente, diferentemente de seu pai; Baleia, a cachorra, é, para mim, o personagem mais emblemático da estória. O autor confere a ela características psicológicas e afetivas mais humanas que as dos outros personagens, basta ver que ela tem nome, os filhos não.



A leitura desta obra não foi para mim apenas parte de um hobbie. Em algumas páginas me sentia como um sertanejo de "alpercatas" ao lado de Fabiano, lamentando pela vida seca e me perguntando juntamente com ele: Por que não haveríamos de ser gente?

Como muitos já disseram antes, "não há como ler este livro sem sentir sede". Eu concordo. Me ví sedento muitas e muitas vezes durante estas páginas. Mas aí eu pergunto: Sedento de quê? De vida, com certeza.
Fran 03/03/2013minha estante
"O autor confere a ela características psicológicas e afetivas mais humanas que as dos outros personagens, basta ver que ela tem nome, os filhos não." Muito bem observado, só agora fui prestar atenção quanto a isto. ;)


Esdras Castiliano 11/06/2013minha estante
Deveríamos pagar para ler resenhas como estas.


Enrick 23/08/2013minha estante
Que bela resenha!


Júlia 02/02/2015minha estante
Deveríamos pagar para ler resenhas como essa (+1)


ricardo-rodrigues 10/02/2016minha estante
ótima resenha.


Bonfatti 28/07/2016minha estante
resenhas boas assim que me fazem utilizar o skoob.


Micha 05/10/2023minha estante
Que resenha! Parabéns


Gabriela2248 13/11/2023minha estante
Eu estou odiando esse livro


JosA225 28/12/2023minha estante
Uma das estórias mais tristes que já li.


Melissa814 11/03/2024minha estante
Quero muito ler, mas não estou conseguindo saber como, alguém pode me explicar?




Marcos Bassini 19/01/2009

Fome
Tão impressionante quanto conseguir fazer da Baleia a cachorrinha que todos perdemos, foi a capacidade de decifrar tudo o que estava contido no silêncio do protagonista, nos passando a angústia de quem teve a ignorância alimentada pela fome. Alguma dúvida de que Graciliano é um mestre?
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Mariana Fonseca 14/11/2009minha estante
Resenha sucinta e esclarecedora! Mais tarde hei de fazer uma resenha de "Vidas Secas" também :)




Regis 11/08/2023

A rudeza de uma existência desumanizada...
No sertão marcado pelas chuvas escassas, onde o descaso do governo é visível, seguimos uma família de retirantes que desloca-se constantemente em busca de uma existência menos árida e miserável.
A família é composta pelo pai, Fabiano; que quase não fala, não sabe que é branco e não sabe ler nem escrever. Sinhá Vitória, mulata esperta que sabia fazer contas com os grãos, Menino mais velho que queria saber ler e queria o significado da palavra Inferno. Menino mais novo, queria ser um vaqueiro como o pai. Cadela Baleia, a personagem mais humana que já vi.

O livro é dividido em 13 capítulos onde uma história sem linearidade é contada com quase nenhum adjetivo, a escrita seca, direta e econômica do autor narra, na terceira pessoa, a trajetória dessa família e com poucos diálogos nos conecta com esses personagens desumanizados pela seca.

Vidas Secas foi publicado em 1938, é um romance que retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos. A obra da segunda fase modernista, conhecida como regionalista é tida como uma das mais bem-sucedidas criações da época.

A história dessa família me fez sofrer por me conscientizar do grau de dificuldade que uma pessoa pode enfrentar apenas por não ter tido acesso à educação, é impossível não se comover com Fabiano se esforçando para organizar os pensamentos para se defender, sem, no entanto, conseguir externar sua frustração e revolta.
As crianças desnutridas, sem alimento sem carinho, tratadas com rudeza, os pais que foram tratados da mesma forma na infância repetem o mesmo tratamento sem compreender que podem ser diferentes. Toda a família sonha com coisas pequenas, acreditando sempre que; caso as tivessem, seriam felizes... Enquanto a cachorra Baleia sonhava apenas com um osso grande e com preás. Pobre da Baleia... coitada da Baleia. O capítulo dela acabou comigo.

Vidas secas nos leva para o sertão nordestino e nos mostra como a vida pode ser realmente dura e cruel.
Recomendo para todos essa leitura.
Fabianne 11/08/2023minha estante
Amo esse livro e suas resenhas


Gessyka.Loyola 11/08/2023minha estante
Resenha impecável e o livro é excepcional! ????


Cleber 11/08/2023minha estante
Adoro suas resenhas! Fico com vontade de ler todos os livros


Vania.Cristina 12/08/2023minha estante
Está na minha meta do ano. Esperando o momento certo, mas desse ano não passa.


Regis 12/08/2023minha estante
Obrigada, Cleber. Não vai se arrepender de ler. ??


Regis 12/08/2023minha estante
Obrigada, Gessyka. Esse livro é realmente excepcional. ?


Regis 12/08/2023minha estante
Obrigada, Fabianne. ??


Regis 12/08/2023minha estante
Espero que goste da leitura desse clássico, Vânia. ??


Max 12/08/2023minha estante
Livro maravilhoso, resenha incrível! ?


Regis 13/08/2023minha estante
Obrigada, Max. Também achei o livro maravilhoso.


Carolina.Gomes 20/08/2023minha estante
Preciso reler. Um livro q me marcou profundamente.


HenryClerval 04/09/2023minha estante
Amo suas resenhas, Régis! Quando lembro da Baleia...?


Regis 08/11/2023minha estante
Obrigada, Leandro!
A pobre da Baleia. ?




Michela Wakami 08/09/2022

Quanto sofrimento em uma só história.
Uma família fugindo da seca, em busca de alimentos.
Um caminho cheio de espinhos nada fácil de ser percorrido.
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MatheusPetris 20/08/2023

O primeiro (Mudança) e último capítulo (Fuga) de Vidas Secas formam um círculo, um ciclo. A narração conta a história de uma família, mas representa toda uma classe de pessoas. Inevitavelmente, recuperei a imagem do quadro Retirantes (1944), de Portinari. Vi, pela primeira vez pessoalmente, essa obra, há poucos meses atrás, pois faz parte do museu do MASP. Seu tamanho, para além de seus traços, impressiona, assusta. É uma tela enorme, o que torna o sofrimento daquela família ainda mais agudo. E não é o que Graciliano Ramos faz ao pintar essas secas vidas? O primeiro e o último capítulo: molduras.

Bazin, em um famoso texto chamado “A Pintura e o Cinema”, afirma que a “A moldura é centrípeta, a tela centrífuga”, isto é, enquanto a moldura nos impele ao centro da tela, a tela faz o contrário, nos movendo para fora. O chamado “fora de quadro” também comunica. E o livro que pinta, o que faz? Ambos os movimentos. A escrita de Graciliano me parece residir nesse embate: o fora e o dentro, o centro e o periférico.

Qual a problemática central do livro? A miséria, uma leitura apressada pode responder. Pode até ser, em um plano exclusivo do conteúdo. Mas e a linguagem? Não seria ela a verdadeira protagonista? Miguel Torga, que guarda semelhanças com Ramos, e inclusive foi influenciado pela prosa de 30, se sentia culpado por representar pessoas que não poderiam lê-lo. Todavia, como representar uma fala, um diálogo daquele que não possui a linguagem necessária para expressar certos sentimentos, reflexões?

Fabiano, Sinha Vitória, os filhos, a cachorra Baleia, grunhem, gritam, se comunicam por gestos, pelo silêncio. Tanto Fabiano quanto Vitória estimam um personagem que só é delineado no passado: Tomás da bolandeira. Fabiano invejava sua erudição, os tantos livros que lia; Sinha Vitória estimava sua cama, uma cama decente. O movimento é o mesmo: se voltam a um passado e a uma pessoa de referência, alguém considerado “inteligente”, já que eles se auto-comparam com bichos. É Fabiano quem se corrige, não é homem, “é bicho”, afinal, “viva longe dos homens, só se dava bem com animais”.

A última frase é do narrador, uma instância aparentemente neutra, mas que se mistura com as personagens. A escolha do autor de mudar o foco narrativo e seguir a perspectiva de vários personagens, nos permite adentrar ainda mais nas entranhas da obra, deles, do quadro pintado, nesse movimento de fora para dentro e de dentro para fora. É o narrador (novamente) quem diz: eles não precisam de estudos, precisam ser práticos. Do que adianta erudição de barriga vazia? É o narrador ou Fabiano quem pensa assim? “Então mete-se um homem na cadeia porque ele não sabe falar direito? Esse é Fabiano quem pensa. Em outros momentos, o narrador chega a se expressar por Fabiano e nos dizer “era o que ele queria dizer”.

“Como podiam os homens guardar tantas palavras?” Fabiano se pergunta. Os patrões também se utilizam das palavras, se valem da ignorância. “Unico vivente que o compreendia era a mulher. Nem precisava falar: bastavam os gestos” ou grunhidos. Em dado momento, um dos filhos fica curioso sobre a origem da palavra “inferno”, afinal, como diz Hermenegildo Bastos, quem escreveu o pósfácio da edição, “não pôde resistir ao poder da palavra”, visto que a “linguagem [age] como a consciência imediata do homem”.

Os personagens parecem tentar escapar do presente, pois este é sofrimento; desejos, lembranças, sonhos, o passado e o futuro são suas formas de fuga, de se retirar. “Falou no passado, confundiu-o com o futuro. Não poderiam voltar a ser o que já tinham sido?” E será mesmo que um dia foram felizes?

Sim, eles sofrem e o círculo representa essa repetição geracional que, provavelmente, se seguirá. Na edição que li, emprestada da biblioteca, uma frase estava escrita a lápis. Ela falava mais ou menos assim: “Por que um livro que exalta a miséria faz tanto sucesso? Deve ser fruto de um pensamento de quanto pior, melhor”. Quem escreveu não leu ou leu muito mal.

Representar a miséria, não significa exaltá-la, concordar com ela. Em geral, inserir qualquer tipo de personagem em narrativas, não significa defender um ponto de vista. Muitas vezes, eles são inseridos justamente pelo contrário, para que sejam criticados. A postura do narrador e de Graciliano é crítica, é uma literatura de denúncia, mas não por isso panfletária, pois é literária, tem preocupações formais.
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J. Silva 19/01/2023

Vidas Secas
Vidas Secas é clássico da literatura nacional, livro citado com frequência nas aulas de literatura. Não há quem passe pelo ensino médio sem ouvir de sua história e conhecer as características de seus personagens.

O livro com seus poucos capítulos, ocupam de determinado trecho da história de uma família de sertanejos, que estão em fuga da seca, rumo a uma vida melhor. Nessa passagem vemos com a vida dessa família é sofrida, como a natureza é implacável e como Fabiano é subjugado por seu empregador e pelo Estado.

Para se ter uma ideia dos percalços, já no capítulo inicial vemos que o papagaio da família, num momento de necessidade serviu de alimento. E depois, a caça conquistada pela cachorrinha Baleia foi dividida entre todos.

O sofrimento da família é marcado da primeira à derradeira página. Tudo lhes falta, desde palavras, visto que conseguem articular pouquíssimas frases, até sonhos. Durante toda história o sonho de Sinha Vitória era uma cama, uma cama rudimentar.

Vidas Secas proporciona inúmeros debates, a exemplo de exploração do trabalho, desigualdade social, fome, analfabetismo, miséria, desprezo do Estado, relação homem e animal. Enfim, cada leitor consegue extrair dessa história algo para explorar. Não é à toa que ao final temos um posfácio com tantas obras sobre esse livro.

De minha parte, destaco o brilhantismo de Graciliano Ramos na construção da história e dos personagens, sobretudo, na cachorrinha Baleia, que em teve suas emoções, sonhos e medos tão bem descritos e, que ao final deu a ideia de igualdade entre todos.
Raquel 23/01/2023minha estante
Silva, você fez a melhor resenha que eu li sobre esse livro. Obrigada




Celestino 16/02/2021

Fala seca Obra seca Vida miserável
Tive meu primeiro contato com Vidas secas ainda no colégio, e foi o primeiro( e talvez o único) paradidático que eu de fato me interessei, não sei se por conta do fator regionalista dentro de mim ou por ser um livro mais "acessível" linguisticamente falando.

Então, a obra gira em torno de uma família sertaneja composta de cinco personagens em busca de um lugar pra se estabelecer e prosperar mesmo que minimamente. A trama se passa no início do século XX em um nordeste que sofre devido à fortes secas, ao abandono sofrido pelo povo nordestino no geral e ao coronelismo, muito presente também nas obras do Jorge Amado.

Graciliano expõe de forma direta toda a miséria dos retirantes nordestinos, desde a sua miséria financeira até a miséria emocional e o grande expoente de todo esse sentimento é o protagonista Fabiano. Ele é um homem extremamente bruto e ignorante que passa toda a vida servindo a senhores de terra e tentando existir no sertão. É incrível como o autor consegue exprimir o retrato do povo nordestino em uma personagem, um homem que apesar de desafortunado é extremamente resiliente e delicado por dentro, e isso vem a ser percebido nos últimos capítulos com a seu admiração pelas demais personagens, mesmo que de forma discreta.

Os filhos de Fabiano não possuem nome na história, mais uma vez mostrando que eles são apenas "mais uns" em meio a milhares de retirantes. Os diálogos entre as personagens são precisos, devido a toda a ignorância deles a comunicação é realizada muito mais por meio de grunhidos e expressões corporais do que por falas propriamente ditas. Apesar de eu simpatizar muito com o Fabiano devido a sua situação, acho que a personagem que mais me chamou a atenção foi a Sinhá Vitória, mulher inteligente na medida do possível e pilar da família, sendo em diversas vezes vista por seu marido como "uma pessoa de tanto juízo a marchar na terra queimada".

A forma como a cachorra Baleia é retratada também é de se admirar, a cadela mostra-se por vezes ser tão "gente" quanto os demais. Sua representação na obra é linda e sua importância crucial. Por fim, o final do livro é de fazer qualquer um chorar, e exprime a essência do que é ser nordestino. Vale muito a leitura
Davyd 16/02/2021minha estante
Ótima resenha. Faz tempo que quero ler esse livro mais ainda não deu certo. Vamos ver se arranjo um tempo agora. Valeu.

PS: Me lembrou "O 15" da Rachel de Queiroz.


Celestino 16/02/2021minha estante
Você vai gostar muito, e é bem curtinho, dá pra ler ligeiro. Tenho que ler "O 15" e "Grande sertão", vou tentar adiantar nesse ano ainda. Valeu pelo feedback Davyd ;)


Davyd 16/02/2021minha estante
"Grande Sertão Veredas" está aqui na estante, ainda nem tirei embalagem. Hahahaha. Outras coisas na fila. Mas estou super ansioso para lê-lo também.

PS: aguardando suas próximas resenhas. Tmj


Celestino 16/02/2021minha estante
Pois é, o meu tá guardado na estante também hehehe. Queria fazer uma leitura coletiva dele mas não tenho perspectiva nenhuma ainda.
Tmj meu amigo, próxima resenha provavelmente vai ser de um do Bauman ;)


Guga 20/02/2021minha estante
Oi, Celestino! Amei sua resenha, impecável. "Vidas Secas" é de longe meu livro brasileiro favorito. Tem um significado tão profundo para mim. As personagens apesar de serem tão introspectivas são extremamente complexas.


Celestino 20/02/2021minha estante
Valeu Guga, Vidas Secas é um dos meus favoritos também, gosto demais de livros regionalistas, ainda mais quando são daqui do Nordeste. Espero que goste das próximas resenhas também ;)


Bruna 03/03/2021minha estante
Amei a resenha! Li no finalzinho do ano passado e também me apaixonei.
Ps: Baleia é a verdadeira protagonista!?


Celestino 03/03/2021minha estante
Valeuu Bruna :))
Não tem como não se apaixonar né, é maravilhoso. Baleia é um amor mesmo. Obrigado pelo feedback ?




@tigloko 20/06/2023

"- Fabiano, você é um homem - exclamou em voz alta"
A história começa com Fabiano, sua mulher Sinha Vitória, seus dois filhos e a cachorra Baleia atravessando o sertão nordestino em busca de um lugar longe da seca que assola a região. Depois de se estabelecerem em uma fazenda, acompanhamos suas vidas e as dificuldades que eles enfrentam para sobreviver ali.

Como um livro com uma narrativa simples, com poucas páginas, pode carregar tanta potência, tantos sentimentos?

Pelo São Bernardo tive um primeiro contato com a escrita do Graciliano, que é carregada de linguagem regional, um desenrolar direto e reto. Aqui a leitura fluiu melhor pois já estava preparado apesar de ainda ter certa dificuldade.

O tema desigualdade social é presente em todos os momentos do livro, é algo que fica martelando nos pensamentos de Fabiano, como uma coceira. Seja nos momentos em que é explorado pelo patrão ou até mesmo quando Sinha Vitória deseja uma cama para dormir de forma confortável. Além disso, a seca também é presença constante na história, nunca esquecida pelos personagens.

A afeição a cachorra Baleia foi imediata para mim, logo nos primeiros capítulos. Acompanhar seus pensamentos( o mais puro e simples possível) como um personagem importante na história, foi uma sacada genial do autor. Não seria exagero dizer que é o melhor personagem do livro.

Mesmo sendo um livro cheio de momentos tristes, as partes em que Fabiano ou Sinha Vitória tem sonhos de um futuro melhor tanto pra eles como para seus filhos trouxeram para mim um fio de esperança durante a leitura.
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carlosmanoelt 03/03/2024

?Tudo seco em redor.?
"Vidas Secas" do alagoano e meu conterrâneo Graciliano Ramos é uma obra-prima da literatura brasileira que transcende as fronteiras do tempo e do espaço, oferecendo uma visão crua e profunda da vida no sertão nordestino. A narrativa se desenrola através da jornada da família de Fabiano, composta por ele, sua esposa Sinhá Vitória, seus dois filhos, um papagaio e uma cachorra chamada Baleia. A seca é um dos principais antagonistas do romance, moldando todas as facetas da existência desses personagens. Graciliano Ramos apresenta uma prosa econômica e precisa, que espelha a aridez e a aspereza do ambiente em que se passa a história. Essa linguagem minimalista não só cria uma atmosfera opressiva, mas também revela a essência da condição humana diante da adversidade. Através de descrições vívidas e diálogos autênticos, o autor dá voz aos marginalizados e oprimidos, explorando temas universais como a luta pela sobrevivência, a injustiça social e a alienação. Os personagens são retratados de forma complexa e multifacetada, cada um lutando com suas próprias batalhas internas e externas. Fabiano, em particular, emerge como um símbolo da luta do homem comum contra as forças avassaladoras da natureza e da sociedade. Sua jornada é marcada por momentos de desespero e resignação, mas também por lampejos de esperança e humanidade. Outrossim, a obra é de uma rara beleza, é um testemunho da resiliência do espírito humano frente às adversidades mais extremas e uma reflexão profunda sobre a condição humana.
gizaguerra 03/03/2024minha estante
Que resenha!


carlosmanoelt 03/03/2024minha estante
:)


Gabriely Peixoto 03/03/2024minha estante
Caramba, que resenha! ? Muito bom mesmo.


carlosmanoelt 03/03/2024minha estante
obrigado




Athis 12/01/2022

A complexidade no sertão
O romance “Vidas Secas”, do escritor brasileiro Graciliano Ramos, foi publicado em 1938 e faz parte da segunda fase do modernismo (geração de 30). Ele é considerado, por parte da crítica literária, como sua obra-prima.
A obra narra à vida de Fabiano e sua família que abandonaram o lugar que viviam para fugir da seca. Sem condições físicas de continuar sua viagem, optam por se instalar numa fazenda desabrigada que eles tiveram a sorte de encontrar, após muito tempo de caminhada sem rumo. A história continua com a descrição dos personagens, de seu cotidiano, da sua adaptação no novo lar e os seus problemas enfrentados.
Em relação à narração, os capítulos são diferentes dos livros comuns, pois eles não seguem uma linearidade de união. O livro é semelhante à junção de vários contos que relatam situações do dia a dia e revelam problemas sociais que um mesmo grupo de personagens enfrenta com a utilização de marcações discretas no tempo. Contudo, essa maneira incomum pode gerar um sentimento de falta de informações, em outras palavras, a sensação de que o leitor pulou partes importantes da narração.
O autor aborda, de maneira clara e explicativa, a pobreza, a dependência da natureza e as dificuldades dos moradores do sertão nordestino. Além disso, ele denuncia a miséria, as injustiças e, principalmente, a exploração do trabalhador, por meio de uma linguagem coloquial e expressões regionais.
Outra característica da obra é a simplicidade dos personagens. Eles são retratados como brutos não escolarizados e dois deles não possuem um nome próprio, são denominados de “o menino mais novo” e “menino mais velho”. Contudo, o autor, por meio do aprofundamento do psicológico dos personagens, transforma-os em complexos.
A história consegue retratar, verdadeiramente, temas sociais e os pensamentos dos personagens transmitem o posicionamento do autor. Entretanto, a sua escrita e narração poderiam ter sido mais bem desenvolvidos.
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Madson 15/03/2024

Se não caiu um cisco no seu olho no capítulo da cachorrinha Baleia, eu sinto lhe informar mas provavelmente você já está morto por dentro. ? clássico
Gabriely Peixoto 31/03/2024minha estante
Perfeição, perfeição é o significado desse livro. Me destrói completamente! ???




Lista de Livros 20/12/2013

Lista de Livros: Vidas secas - Graciliano Ramos
Segue abaixo o link indicando os trechos significativos e a opinião sobre o livro.

site: http://listadelivros-doney.blogspot.com.br/2010/10/vidas-secas-graciliano-ramos.html
Daisy 27/06/2023minha estante
Por que 3 estrelas? Não e julgamento, quero entender seu posicionamento se vc quiser dizer.


Lista de Livros 27/06/2023minha estante
Opa, Daisy, na classificação do meu blog, três estrelas representam um bom livro, que é o que penso que "Vidas secas" seja, uma boa obra.
Livro de ambientação parecida e que me impactou muito foi "Grande sertão: veredas". Este é um dos meus favoritos.


Daisy 02/07/2023minha estante
Eu dou apaixonada em Grande Sertão ? com esse livro não tem como! Vidas secas me comoveu muito, e enquanto lia, sentia uma aridez tão grande que o livro provoca, que é como se precisasse beber água pra conseguir terminar...




spoiler visualizar
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Joel.Martins 25/02/2021

Tão triste. Porém, tão real.
É o tipo de leitura que deve ser analisada academicamente para tentar destrinchar tudo que o autor quis dizer.
Gostei muito da leitura; me transportei para o sertão; sofri com as mazelas da Família do Fabiano e sinhá Vitória; admirei o amor e união dessa família.
E ainda tem a cachorra Baleia, Meu Deus, a cachorra Baleia ???
Aline Michele 26/02/2021minha estante
Ahhh quero ler




kath 16/04/2022

Livro pequeno e rápido de ler.
Inicialmente li por causa do vestibular, porém, foi uma leitura prazerosa e real. Recomendo.
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