Estudos Críticos de Direito e Psicologia

Estudos Críticos de Direito e Psicologia Alexandre Morais da Rosa...




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Paulo Silas 26/04/2020

Com a proposta de aproximar as possibilidades de diálogos entre o Direito e a Psicologia, o livro une justamente apontamentos diversos acerca desses dois saberes, buscando a a intersecção através de olhares distintos sobre objetos em comum, resultando assim em análises diversificadas ao considerar o ponto da qual se parte - já que variadas são as formas nesse sentido, tendo-se assim compreensões diversas possíveis acerca temáticas presentes na obra que recebem as abordagens. Como bem aponta Alexandre Morais da Rosa na apresentação do livro, "é preciso o estabelecimento de um diálogo hospitaleiro e que aceite a impossibilidade de que cada campo do saber possa dar "a" solução". Daí que proposta de se proceder com estudos críticos levando em conta as contribuições que cada uma dessas áreas, Direito e Psicologia, possa dar, é salutar e notoriamente proveitosa, resultando assim numa obra que contribui de fato para aquilo que se destina a estudar.

Dentre as leituras via Direito e via Psicologia que compõem a obra, Andréa Beheregaray discute no capítulo "Políticas públicas para o afeto: reflexões acerca do processo de dessensibilização dos policiais militares no Rio Grande do Sul" a questão da saúde mental daqueles que lidam cotidianamente com a violência, enfatizando a importância dos cuidados nesse sentido e apontando para a necessidade de superação do preconceito interno que existe e acaba impedindo de que muitos procurem a ajuda devida e necessária, pontuando-se que "para combater a violência é preciso, antes de tudo, não produzi-la". Gustavo Noronha de Ávilia com Gabriel Gauer e Luiz Alberto Simões discutem brevemente alguns pontos da problemática da psicologia do testemunho no capítulo "Falsas memórias e processo penal: (re)discutindo o papel da testemunha", onde apontam para o fato de que a "a falsificação de memórias é muito mais frequente do que se pensa", expondo assim a necessidade de se discutir a questão. Alexandre Matzenbacher critica o império normativo do Direito que busca se estabelecer sobre o amor no capítulo "Manifesto contra a judicialização do amor", apontando para o problema de como o Direito lida com isso em alguns julgados, destacando que "o Direito não pode pretender judicializar a tragédia humana que deve estar no divã e não nos tribunais". Essas e outras abordagens estão presentes na obra, proporcionando reflexões críticas a partir da relação proposta.

O livro, portanto, com seu viés crítico, fornece ao leitor aquilo que se propõe a oferecer. Alexandre Morais da Rosa, Paulo Ferrareze Filho e Alexandre Matzenbacher reúnem excelentes abordagens que interseccionam essas duas áreas do saber com pontos de vista diversos. Mediação, psicanálise, ceticismo e temas tantos outros surgem em meio às páginas dessa excelente obra, cujos referenciais são amplos ao considerar que, como evidencia Alexandre na apresentação, "não há [...] consenso no que significa Direito e Psicologia. Como saberes construídos a partir de significantes, a cadeia de sentidos depende da escolha do significante". Tem-se assim um bom livro com abordagens críticas diversas no âmbito dessa relação interdisciplinar.

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