Como ser Anjo

Como ser Anjo Lalo Arias




Resenhas - Como ser Anjo


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Kelly Midori @kemiroxtvliterario 15/05/2018

Resenha: Como ser Anjo
Como ser anjo é um livro escrito pelo autor Lalo Arias em 2018 sendo um livro de literatura nacional e de romance.

A estrutura do livro a capa é branca com um “A” vermelho e um sapato. Ele possui um sumário, um prefácio, um prólogo, com capítulos numerados e um epílogo. Eu adquiri pela parceria da Editora Penalux.

O conteúdo do livro é sobre Jonas como personagem principal, ele ama Mona mas o deixa... Ele tem o melhor amigo Petrônio. Ele usa drogas faz parte dele. Jonas escreve poesias o livro demonstra aventura entre o personagem e acontecimentos relatados ele está no fim da juventude Jonas pode se definir como anjo trágico , o livro é mais sobre a vida de Jonas e se envolve nas palavras e se encanta pela escrita conforme lendo as poesias e pensamentos do personagem.

Minha análise do livro ele é ótimo esse livro é interessante ver no decorrer da estória o que acontece com Jonas e gostei das partes que mostram as poesias dele esse livro da literatura brasileira é um livro ótimo e eu recomendo para quem gosta de romance, poesias e apoia a literatura nacional.

Lalo Arias (1953 – São Paulo, sp) é autor dos livros de poesia Cidade Desaparecida (Editora Scortecci, 2010) e Cartas para Naíma (Editora Patuá, 2014). Foi jornalista por mais de vinte anos na área de edição de arte da maioria dos grandes jornais da capital paulista. Foi dono de bar, gerente de pousada, cantor de banda de rock, escrevinhador de manuais de treinamento e viajante solitário. Foi também funcionário público no início da fase adulta. É poeta desde a juventude. Já viveu na maioria das regiões do país. Hoje em dia reside em Cunha, lugar suficientemente distante e perigosamente próximo à cidade que tanto ama e, ao mesmo tempo, odeia: São Paulo

@kemiroxtvliterario

site: http://kemiroxtv.blogspot.com.br/2018/05/como-ser-anjo-lalo-arias-isbn-13-isbn.html
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Krishnamurti 21/05/2018

Como ser anjo
As décadas de 70/80 do século XX ficaram marcadas no mundo inteiro como períodos de grandes mudanças sociais, políticas e ideológicas. Em Literatura já certas tendências relacionadas a essas novas configurações, vinham se delineando desde final da década de 1950 e começos da década de 1960. A Geração Beat (Beat Generation, em inglês) ou movimento beat foi o termo usado para descrever determinado grupo de artistas, principalmente escritores e poetas que davam ênfase ao engajamento visceral em experiências com as palavras combinadas com a busca de um entendimento espiritual mais profundo. “On the Road” de Jack Kerouac, encarnou o herói dos jovens. E os membros da Geração beat rapidamente desenvolveram uma reputação como os novos boêmios hedonistas que celebravam a não-conformidade e a criatividade espontânea. Ao lado disso a obra do francês Rimbaud, fez muitos acreditarem que poderiam alcançar um "grau maior de elevação da consciência" através do desregramento dos sentidos, e por isso não dispensavam o uso das drogas, sexo e rock and roll. Em voga a sede existencial manifesta no carpe diem - aproveite o dia”, sem limites. No Brasil, guardadas as proporções de descompasso temporal e assimilação própria ao meio, não se fugiu à regra, sobretudo por conta da influência americana. Um período em que o jovem - que se rebelava cansado do modelo quadradinho de ordem estabelecido- , apareceu na cena politica brasileira, sobretudo em protestos, resistências e atuações diversas relacionadas a ditadura militar.
São questões que nos abordam difusamente ante a leitura do romance “Como ser anjo”, do escritor Lalo Arias, lançado recentemente pela Editora Penalux. Em um exercício de difícil rememoração, às vezes confusa, que combina saudosismo, melancolia e motivações positivas o protagonista da trama Jonas vai recompondo a memória de sua juventude passada nessa ambiência em que viveu, uma época em que a vida para ele era “apenas uma aventura inconsequente e bela” p. 115. É entretanto, livro pesado, de fortes emoções.
Já o primeiro capítulo é um flagrante da existência aventureira e tresloucada de Jonas. O sujeito se mete em um avião de voo doméstico com um quilo de cocaína pura amarrada à cintura. E se embriaga, e cheira cocaína, e torna a beber e a cheirar por toda a viagem. O homem é uma máquina de consumo de drogas. Isso no ar, porque quando chega em terra ainda acrescenta outro vício que é o do mulherio. Não há como saciar um individuo assim. Passaram pelos braços e camas do sujeito, as belas Lisa, Malina, Marcele, Sílvia, Heleni, Ivone e o “todo e sempre” amor amalucado e mal resolvido com a Mona.
A sucessão de casos amorosos e peripécias de dependência química do protagonista tendem a tornar a trama carente de verossimilhança, mas é tudo parte dos artifícios imaginativos da ficção, cujos temas recorrentes são a errância, a boêmia, a dificuldade em empreender a construção de sua tão sonhada obra poética, (decorrente, claro, das escolhas que vai levando a efeito em sua vida), o desregramento sexual e o desenraizamento existencial sobretudo o relacionado aos limites que ancoram a existência humana. A família, tão bem representada pelas referências ao pai e ao avô do protagonista. Lalo Arias estica os limites da plausibilidade para que a ficção esteja apta a cotejar reflexões morais e filosóficas.
“comecei a lembrar de uma coisa que a Mona tinha me dito uns meses antes de começar toda essa história. Ela havia me dito que era impossível viver comigo porque eu me comportava como um anjo, não um anjo bom ou um anjo mau, mas como um anjo que não dava muita bola pra nada, que apenas flanava sobre todas as coisas, que não se importava com as alegrias e as tristezas de quem quer que fosse, que não tinha a menor piedade por ninguém e que eu passava voando pela vida das pessoas sem me importar muito com elas ou com o que restava delas depois da minha passagem. Você é um anjo perdido”. P.100.

E termina acontecendo o previsível numa vida assim. Um belo pontapé de Mona, que transtorna o Don Juan da cocaína e o deixa completamente, e cada vez mais, só.

“Escuro. Escuro, tudo escuro. Não somente a escuridão da noite. Havia trevas norteando a minha alma. E quando o avião começou a baixar sobre a cidade, a minha cidade, com aquela natureza morta de concreto armado, envolvida pelas luzes das ruas passando pela janelinha, luzes das ruas que antes de iluminar, muito antes, causavam sombras de mistério, de dor, e de desespero em meu coração solitário, quando o coração, o meu coração, começou finalmente a baixar, enfiando-se, por assim dizer, no ventre da minha cidade, minhas faces queimavam, meu peito saltava, meu coração doía. Eu era um completo idiota em desespero”... “E eu era um cãozinho sem dono, um filhote desprotegido e faminto, que só desejava proteção e afago. Meus olhos lacrimejavam. Meu coração gania. Eu estava totalmente bêbado”. P.76.

A extrema solidão em que o protagonista vai se afundando catalisa a história, funcionando como fio de costura da narrativa – inclusive pelo seu valor simbólico –, mas não resume a questão. Ele orienta o olhar, mas não sintetiza o potencial literário e moral de “Como ser Anjo”. Fica para o leitor mais atento o que escrevemos acima, e voltamos a chamar a atenção: as relações que o protagonista estabelece, ou melhor deixa de estabelecer com o avô e o pai, senão vejamos: “Eu não consegui me livrar da lembrança do meu velho avô encolhido em seu leito de morte, implorando para que eu agisse como Deus. E com todo aquele oceano abaixo, eu quase tocava os céus. Meu Deus, eu pensei, então é esta a aventura humana”. P. 95. Já a figura paterna era-lhe um desconhecido que imprimiu em seu espírito dois polos: “Uma mão de carinho e uma mão de chicote”. P. 133.
Mona o trocara em verdade por um outro “Anjo “ mais domesticado (da patota deles mesmos). E é a derrota completa. Segue-se um período de reclusão em sítio distante para onde se retirara para curtir a sua dor de corno merecida. O tempo verdadeiramente não dá trégua às nossas vidas. O “tempo, circulava o bangalô com os mesmíssimos jeitos, sempre. Meus vagos projetos de construir uma poesia definitiva, que falasse de toda uma geração, a minha geração, sequer iniciavam”. P. 162. E o homem vai ao fundo do poço: “Aquilo estava se tornando um hábito então: Cheirar, inalar, aspirar. Beber, engolir, ingerir, sorver”. “... aquele ciclo vertiginoso de carreiras e copos, de copos e carreiras. Ah! Era um desatino!”. P. 174. Eis a rotina da dependência brutal a que Jonas chegou.
Finalmente ele termina se lembrando do louco e cego, do lúcido e visionário Rimbaud que, por outro lado também afirmara; ‘contra angústia, marcha forçada’. P. 162. Não se pode simplesmente distorcer e levar ao pé da letra a expressão escrita por Horácio Flaco (65 a.C.- 8 a.C.): “Carpe diem, quam minimum credula postero”, (aproveite o dia de hoje e confie o mínimo possível no amanhã). Sempre há consequências decorrentes das escolhas que fazemos... Golpes na vida há para todos. Cada indivíduo reage diante deles, de forma distinta, e com isso revela a sua verdadeira natureza, isto é, a sua forma mental, o seu temperamento, o seu tipo de personalidade e, portanto, de reação. Vale a pena conferir que rumos Jonas dará à sua vida...



Livro: Como ser anjo – Romance de Lalo Arias, Editora Penalux, Guaratinguetá SP, 2018, 194 p.
ISBN: 978-85-5833-331-3
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