Camille.Pezzino 25/06/2020
RESENHA #132: QUEIMANDO PLANOS
Nos momentos mais sombrios, em que as soluções necessitam de precisão, encontramos obviedades inerentes, as quais, por vezes, passam-nos despercebidas pela aflição da situação. Assim, cometemos deslizes e erramos julgamentos. Contudo, as revoluções surgem a partir desses pontos na história e as suas mudanças podem ser boas ou ruins – dependendo do ponto de vista.
Numa pegada ainda política, embora um pouco mais pessoal, voltamos ao universo incrível de A Biblioteca Invisível. Esse volume, antes de tudo, devo dizer que não é melhor que o segundo, A Cidade das Máscaras, mas ainda ganha do primeiro – que já é ótimo – em capacidade técnica e desenvolvimento.
Voltamos a esse universo que – como pode ser lido nas outras resenhas da série – me fascinou ao ponto de eu desejar estar em um lugar mágico como esse. O interessante é que nada é estanque, tudo se transforma no decorrer da narrativa de Cogman, inclusive, o cenário.
Quando nos habituamos a um cenário londrino semelhante ao do personagem de Conan Doyle, mas com mágica e zepelins; somos em seguida transportados para uma era tecnológica ou uma era em que o Império Russo dominou absolutamente tudo. Definitivamente, essa é uma das coisas que mais gosto na história em questão: a maleabilidade do universo.
Contudo, há mais ideias encantadoras. A série em si é dedicada aos livros, homenagem a eles, logo, é muito interessante observar como a autora vai construindo as suas ideias a partir da composicionalidade da obra. Como Traugott (2005) diz:
"A seleção do repertório gramatical pode ser consciente ou não. Escritores criativos e oradores tendem a ser altamente conscientes de suas seleções, outros menos. Essas escolhas são relacionadas aos diferentes registros e ao grau de atenção voltado a uma audiência específica, seja individual ou múltipla. Em todos os casos as escolhas são particularmente, em grande medida, correlacionadas com as estratégias pretendidas e a codificação dessa intenção."
Durante a narrativa – não só desse, como dos demais exemplares – podemos observar como a palavra importa; em seguida – no segundo volume – é a própria construção da ficção; dessa vez, Cogman apostou na construção dos personagens e no desenvolvimento de seus arquétipos. Mesmo que Vale, por exemplo, siga padrões comuns a detetives, há características similares e díspares em sua composição. O mesmo se dá aos outros personagens e, ainda que essa seja a ênfase nesse volume, não perde o foco dos demais tópicos: a construção da ficção permanece, mas de maneira branda; a palavra continua tendo muito espaço através da Linguagem.
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