ArthurmalariA 25/04/2021
O terror pelo mestre do terror
10/2021
A Dança Macabra é o décimo primeiro livro publicado pelo Stephen King, primeiro livro de não ficção, e propõe um panorama do terror no cinema e na literatura dos anos 50 aos anos 80. Eu sou um aficionado do cinema de terror, mas realmente o que Stephen King trás pra esse livro é um pouco mais do que O Exorcista e os grandes Slashers do passado. Aliás, quando ele escreveu esse livro a maior parte dos slashers não existia ainda, ou não tinham, a força que vieram a ter depois. Aqui Stephen King fala de filmes da sua infância e adolescência, terrores que eu, e provavelmente você que está lendo, achamos datados, engraçados, como os vários filmes sobre insetos gigantes e bombas nucleares. Bem, não eram pra quem viu esses filmes nas suas épocas. King desenha o momento em que viviam de medo de uma bomba nuclear e seus efeitos diariamente, e esse terror era muito mais real do que demônios ou vampiros. Conta aqui nesse livro sobre um momento em que estavam no cinema vendo algum filme de terror e o dono do cinema interrompeu a sessão pra informar que os soviéticos tinham conseguido lançar um foguete (algo assim, não me recordo mais). Stephen King fala sobre os programas de rádio da época, do cinema, a suspensão da descrença pra se apreciar essas obras, e conta como ele se interessou pelo assunto, o que nos trás ao capítulo mais longo que é sobre a literatura. Aqui ele faz uma análise de vários livros clássicos de terror, fantasia e ficção científica que o levou a ser o grande escritor que é. E por fim ele fala um pouco de si mesmo, que é o que muitos procuram quando leêm este livro, já que o mestre não tem uma AUTObiografia (tem uma biografia publicada pela darkside, mas não foi escrita por ele mesmo, certo?) Enfim, a Dança Macabra é um livro longo, muitas vezes um pouco chato ou desinteressante (principalmente quando fala das obras que você não viu ou não pretende ver), mas não é didático como muitos o acusam de ser. Tampouco é uma conversa com um amigo sobre o tema. Diria que aqui o Stephen King soa como um professor falando do tema (o que é bastante fácil, já que ele mesmo É um professor, e muito que fala vem de discussões que ele teve em classe), sabe aquele professor descolado e que entende muito de algo, que você tinha o prazer de conversar depois das aulas sobre o assunto que discutia? Bem, exatamente assim. Quando o livro ainda está na metade e se arrasta por alguns momentos, a vontade é só parar, mas a autenticidade e escrita primorosa do King te faz continuar (eventualmente ele até xinga outros escritores), e quando o livro chega no final você só queria mais. Sinto MUITO por não ter uma versão mais nova, talvez um volume dois, com análises entre as décadas de 80 e 2010, aproveitaria muito mais, com certeza. 8/10
P.S. Se você não gosta de spoilers, esse livro vai te irritar demais em algumas partes.