O Preço do Sal

O Preço do Sal Patricia Highsmith




Resenhas - O Preço do Sal


7 encontrados | exibindo 1 a 7


Srta.Araújo 19/12/2020

Foi uma leitura muito fluida, tão deslizante que me fez tentar ler menos e mais devagar. Embora apresente pontos que me irritam em qualquer livro/filme norte-americano, não interferiu no quão bom foi essa leitura. Estou meio sem palavras, terminei, e é como um daqueles livros que você lê e quando termina as outras coisas ou outros livros não tem o mesmo valor.
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Anna Carolina 31/10/2015

Essa não será uma resenha crítica. Não primordialmente. Culpa do livro, não minha, porque se o peguei disposta a tecer uma análise aprofundada a respeito da narrativa e da construção da história como um todo, me descobri em um êxtase que tornou os detalhes incômodos em meros apontamentos irrelevantes.

Acontece que eu nunca tinha ouvido falar de O preço do Sal até o ano passado, quando saiu a notícia de que Todd Haynes iria adaptá-lo para o Cinema com Cate Blanchett num dos papéis principais. Como onde Cate vai, eu vou, desenvolvi uma obsessão pelo filme ainda na pré-produção. Claro que o tema lésbico também foi um grande contribuinte – a maior parte de minhas histórias aborda esse aspecto –, mas quanto mais eu conhecia da história através da adaptação, mais eu queria conhecer a versão original.

Pouco depois do lançamento do filme em Cannes, resolvi providenciar um arquivo para degustar os primeiros capítulos antes de adquirir oficialmente o livro. Baixei uma versão traduzida para o espanhol, e, ao me familiarizar com a história, comprei o e-book em inglês. Pretendo comprar a edição física também, e aqui está o veredito dessa resenha, nem é preciso ir adiante se não quiser: como boa leitora fetichista, eu não me conformo em não ter bons livros em mãos.

O fato de ter sido escrito em uma época extremamente recatada confere o bônus da experiência ao drama de Patricia Highsmith. Valendo-se ao máximo do “show, don’t tell”, observamos o desenrolar dos acontecimentos sob a perspectiva indireta de Therese, uma jovem retraída e insegura que nos apresenta Carol como seu oposto – inabalável.

A narração é espontânea e ágil. A autora não se demora em cenas aparentemente inúteis, faz a transição de acordo com o que quer contar e só. A princípio, estranhei esse estilo. Os cortes são rápidos, como nos filmes que precisam caber em duas horas e por isso só passa o que for fundamental. Aliás, foi difícil separar o visual do trabalho de Haynes do que me era dado por Highsmith, mas não acredito que isso conte como ponto negativo – pelo contrário. Foi um casamento esplêndido, tal que eu aconselharia você que não leu a ir atrás das fotos antes de pegar no livro, e você, que leu, faça o mesmo antes de reler.

Ao mesmo tempo em que me perturbava, no entanto, eu achava extremamente ousado esse recurso. Não que os demais livros que li teçam situações inúteis, mas foi minha primeira experiência com algo tão dinâmico. Isso é bom, isso é ruim, vai do gosto do freguês.

Para mim, foi quase hipnótico. Como fitar atentamente o ir e vir dos carros pela janela. As páginas passam, os acontecimentos passam, as sensações passam; sem que se perceba, lá estão, borboleteando em seu inconsciente. Embora haja um toque lírico aqui e ali, não é a preocupação principal de Highsmith florear o que já é floreado. Em outras palavras, ela não vê necessidade em estender o amor a outros devaneios. O sentimento, por si, já é um.

Dessa forma, quando apresentados, os momentos mais poéticos são o biscoitinho que acompanha o café.

O distanciamento que há entre o leitor e Therese, proporcionado pela narrativa em 3ª pessoa, e não 1ª, permite que enxerguemos um panorama um pouco maior do que o da personagem, no entanto Highsmith cuida para que as informações sejam filtradas por sua protagonista antes de chegar a nós. Assim, tendemos a pensar como Therese, manipulados por sua compreensão dos fatos, nos encantando com o que a encanta e nos frustrando com o que a frustra.

Dessa forma, acreditamos que Carol é, como descrita, impermeável, segura de si, dominadora. Com ou sem Cate Blanchett na cabeça, a personagem se faz tão presente que é quase palpável – o que é curioso, porque, dado o foco narrativo, sabemos tão pouco dela quanto Therese.

Aí que a parede entre o leitor e a obra se faz útil.

Carol é tão insegura e cheia de dúvidas quanto sua jovem amante, mas tem, seja pela maturidade, seja pela índole, a capacidade de disfarçar suas emoções. Seu amor pela filha, Rindy, em cheque com o amor por Therese, acaba por revelar esse lado mais frágil e é uma evolução tão natural e coerente, quase sutil, que mal dá para determinar quando essa ruptura entre o que se sente e o que se mostra acontece.

Ao mesmo tempo, vemos a Therese aparentemente inocente projetar em Carol seus próprios defeitos, e aí fica claro que não se tratam de duas pessoas tão diferentes assim. Ao chamá-la egoísta, Therese reflete seu egoísmo; ao julgá-la insensível, Therese se mostra incompreensiva; ao avaliar os possíveis receios e desejos de Carol, Therese revela os seus.

A impressão que temos é de que Carol tenta controlar o mundo ao seu redor sendo do jeito que é, mas Highsmith sutilmente traça o paralelo entre essa interpretação de Therese e seu comportamento. Quando vai empinar pipa com Richard, seu namorado, por exemplo, ela teme que a pipa voe alto demais e surta diante da ideia de não conseguir dominá-la.

A meu ver, é o caso de uma metáfora onde a pipa reflete os sentimentos que Therese não consegue controlar em relação a Carol, e isso a desespera.

Os demais elementos da história – a relação de Carol e Abby, os trâmites do divórcio com Harge, os homens renegados por Therese – apenas endossam a questão principal que é a delicadeza de um relacionamento desse tipo nos Estados Unidos da década de 50. A tensão do pós-guerra, a vontade de arrumar um mundo bagunçado pelos conflitos físicos e ideológicos, o moralismo que nasceu disso… O background está ali, sem que precise ser apontado.

E é aí que Highsmith inova ao conceder um final feliz ao casal.

Confesso que ele não me agradou tanto – esperava um drama mais hollywoodiano, talvez? – e que a inserção de Genevieve na narrativa me pareceu um tanto forçada – mas eu leria se houvesse um spin-off com ela, porque é uma personagem que me chamou a atenção. Contudo, é singelo, doce e deixa uma sensação de alívio. Ou melhor, deixa uma sensação de “quero mais”.

Tenha sido proposital a esperança intrínseca a esse fechamento ou não, O Preço do Sal rapidamente se tornou um clássico da dita “literatura LGBT”, que retribuiu a gentileza de não se deparar com mais uma tragédia transformando-o em best-seller. Por outro lado, seria demasiadamente reducionista atribuir o mérito a isso, apenas. O livro é daqueles que se aproveitam de sua sutileza para ir fundo no leitor desavisado, e de suas entrelinhas para servir aos mais atentos. Extremamente sensível e com figuras marcantes conduzindo a história, é certo que não será lido só uma vez.

Eu, ao menos, pretendo guardar a versão física debaixo do travesseiro.

site: http://erradoemlinhastortas.wordpress.com
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Marselle Urman 23/12/2014

Sal?
Therese é uma garota de gostos artísticos, mas de personalidade ainda meio indefinida. Muito jovem. Namora Richard, rapaz de ascendência russa que se comporta como um rolo compressor.
Um dia, no magazine onde trabalha, ela sofre uma paixão à primeira vista. E contra todas as probabilidades, Carol vem a ser tornar o sal de sua vida. O preço a pagar é alto, especialmente por Carol.

Sinto dizer que o romance não é nada além de enfadonho. Aprecio a coragem de Highsmith de contar essa estória nesta época, mas me questiono se as recusas dos editores se deveram ao tema, ou ao fato de o livro ser chato mesmo.

Lolita, ainda mais controverso e escrito à mesma época, é um deleite do início ao fim. Aqui só temos duas garotas que se gostam e enfrentam a sociedade e suas famílias, tudo de uma forma muito racionalizada e lenta.

Não é por isso que deixaria de ler Patrícia...

22/12/2014
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Little Mary 05/04/2023

Carol é a primeira história de muitas que não foram contadas
Carol da Patrícia Highsmith surge num contexto onde as representações de relações homoafetivas sempre foram retratadas de forma trágica. Carol quebra os padrões contando uma história de amor entre duas mulheres e dando a elas um final feliz digno de seus amor, abrindo portas para que outras histórias similares surgisem no cenário.

"Carol queria-a consigo, e fosse o que fosse que acontecesse seria enfrentado por elas sem fugirem. Como era possível ter medo e estar apaixonada?, pensava Therese. As duas coisas não combinavam. Como era possível ter medo quando as duas se tornavam mais fortes juntas, cada dia? E cada noite. Cada noite era diferente, e cada manhã. Juntas estavam na posse de um milagre."
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Adda 16/10/2022

Meh, gostei! Pelo menos gostei mais do que o filme ?Carol?, que quando assisti decidi que não era pra mim. Vou rever o filme agora depois de ler :)
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