Hildeberto 08/11/2010
A forma as vezes tem conteúdo
Na escola, ao estudarmos Olavo Bilac, a visão que a nossa professora de literatura nós passou dele não era nada animadora. Para uma grande parte dos meu colegas, as poesias de Bilac eram chatas, muito preocupadas com a forma (e somente com a forma e sem nenhum conteúdo. E passavamos horas estudando a métrica dos seus poemas e lendo poemas como Profissão de Fé. Poucos eram os que gostavam da poesia parnasiana, e eu não era um deles.
Passado dois anos, eu pensei que nunca mais precisaria ler poesia, muito menos parnasiana. Nunca tive interesser por esse tipo de leitura. Mas decidi fazer novamente vestibular. E na lista dos livros que eu deveria ler, estava Melhores Poemas de Olavo Bilac. E para passar no vestibular, pensei eu, todo o sofrimento é válido.
Comecei a ler o livro e me surpreendi. Os poemas de Bilac não eram nada do que eu imaginava, poemas duros e frios, mas sim poemas muitas vezes belos e é claro com forma impecável. E essa junção de características fez com que eu começasse não só a gostar de Olavo Bilac, e sim de poesia em geral.
Mesmo tendo a sua principal preocupação a forma, ele consegue exprimir sentimentos de maneira tão bela. E muito deles falam o que qualquer pessoa que amou poderia ter dito. Rico em imagens, mais de uma vez me transportei para o mundo por ele criado.
Mas neste livro não há apenas poemas de amor: a poemas muito engraçados, poemas satíricos, poemas puramente parnasianos (mas nem por isso ruíns). Nem todos os poemas são do meu agrado. Mas a maioria o são, se tornando muitos deles inesqueciveis.
Para ler esse livro, meu companheiro foi o Aurélio, o dicionário. O livro tem um vocabulário muito complexo paras as pessoas sem um alto grau de erudição como eu. Esse seria o ponto negativo e o que faz a leitura não ser tão rápida. Por outro lado, palavras mais sofisticadas por vezes tornam os poemas mais belos.