spoiler visualizarNatália 04/01/2017
Compreensão Social
Livro que conta com a contribuição e referência a grandes pesquisadores, sociólogos, assistentes sociais e psicólogos, tais como Jodelet, Paugam, Bader Sawaia, Bauman e outros. Não traz grandes respostas, mas instiga a reflexão acerca da exclusão e seu enfrentamento.
Apresenta a exclusão entendida como todas as formas em que são rejeitados indivíduos dos mercados materiais e simbólicos da sociedade. Isto ocorre seja pelos problemas de desemprego, moradia, educação, pela desigualdade de direitos em geral, em uma sociedade que prega a democracia.
Remetendo-se historicamente, é possível notar que a exclusão vestida de democracia se torna bastante evidente a partir da revolução industrial e com grande parte da população rural se destinando às cidades, momento em que houve muita gente, pouco emprego, pouco espaço, direitos e regulamentações escassos e, portanto, houve a formação das periferias. Isto foi um problema que o governo e estudiosos acreditavam ser solucionado com o tempo, que as próprias cidades iriam se adaptar ao aumento populacional e a oferta de emprego, o que não ocorreu.
Grande parte da população foi desqualificada pelos seus meios de produção, já que estes, na cidade, exigiam maior aprimoramento, o que também não era de acesso a todos. Portanto, perderam aos poucos as oportunidades de inserção no mercado de trabalho. Pessoas estas que anteriormente possuíam certa estabilidade e inserção social. Alguns chegaram até o grau mais elevado de exclusão, o apartamento social, em que o sujeito não é considerado mais como semelhante, com direitos assegurados, mas à margem da sociedade.
Diz-se as formas de desvinculações do sujeito de seu meio pela precariedade material com uma abordagem social posto que todos os níveis de exclusão demonstram como consequência a perda de vínculos, seja com família ou amigos, que pela ausência de recursos se sentem envergonhados e tendem a se excluir de suas relações.
É possível notar, portanto, a partir do modo como se deu a urbanização e o modo como o sistema funciona que a exclusão não é algo a ser simplesmente erradicada, ela é produto do sistema capitalista em que vivemos, em que o que se pauta é a dominância de um sobre o outro, a burguesia sobre o proletariado.
Tais conseqüências são observadas até os dias atuais principalmente nas metrópoles, onde em diversas regiões os direitos de habitação, saúde e educação são ausentes ou precários, simbolizando uma inclusão perversa.
Outrossim, apesar do reconhecimento dos direitos universais, e do meio social, é necessário considerar a individualidade de cada sujeito, tendo em conta suas diferenças históricas e sociais que os inferiorizam continuamente através da discriminação e estigmatização, afetando assim diretamente seu psiquismo.
Tal abordagem se pauta em uma noção histórico-critica do homem, o tomando como ser formado em suas relações, as influenciando e sofrendo suas influências, e não o culpabilizando individualmente por seu estado de exclusão, mas olhando para os diversos aspectos sociais que levaram a tal situação.
Por fim, é notável que a partir da concepção da psicóloga social Bader Sawaia, o enfrentamento da exclusão deve se dar de modo material, jurídico, mas também de modo afetivo e intersubjetivo, por envolver dor, sofrimento, desvinculação social, perda de esperanças e outros sentimentos de inferioridade e culpa, como consequências de outras privações.
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