Mozart

Mozart Norbert Elias




Resenhas - Mozart


9 encontrados | exibindo 1 a 9


Renata 07/12/2009

Ao contrário do que pode se pensar, esta obra não se propõe a ser uma biografia de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), renomado músico: ela é um esforço de compreensão sociológica do indivíduo Mozart à luz do seu contexto social, a sociedade de corte, a partir das ideias de Norbert Elias, delineadas no seu livro "A Sociedade dos Indivíduos".
Essa obra consegue demonstrar, de forma lógica, as teorias desse autor, sendo um ótimo relato para quem quer pensar a relação entre indivíduo e sociedade, além de ter muitas referências para quem quer estudar melhor a vida de Mozart. Sua leitura é fácil, pois sua linguagem é clara, e o livro vale a pena ser lido tanto por estudiosos (sociólogos, historiadores, antropólogos, psicólogos, músicos) quanto por curiosos acerca do tema.
Bruna 08/11/2012minha estante
Nossa deu vontade de ler!


Luh 01/05/2020minha estante
Não se propõe, mas é uma biografia muito bem escrita.




Ingrid.Visentini 09/12/2022

Análise sociológica também pode ser feita em biografia!
Norbert Elias faz um estudo sociológico sobre a vida de Mozart, reavaliando a concepção de "gênio da música".

O autor desnaturaliza o gênio da música com características musicais inatas mostrando que o que era inato em Mozart era a sua sensibilidade e capacidade de concentração acima da média e que essas características foram aproveitadas pelo seu pai Leopold Mozart, que impôs uma rígida disciplina musical porque tinha o anseio de ver seus desejos pessoais sendo realizados pelo filho.

Nesse contexto, o domínio político da alta nobreza condicionava os padrões de comportamento e os juízos estéticos que a sociedade deveria seguir. Dado que a maioria dos músicos eruditos da época eram oriundos da pequena burguesia, eles precisavam assimilar o modo de vida e o gosto musical da aristocracia dominante a fim de conseguirem emprego junto às cortes europeias.

Este livro é um biografia muito bem escrita com o intuito de compreender Mozart sociologicamente a partir de seu contexto social e evidencia que análise sociológica também pode ser feita em biografia.
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Thiago.Silva 19/12/2022

Análise interessante
Não é propriamente uma biografia mas uma análise sociológica da vida de Mozart. Vale muito a pena conferir os desafios que ele teve que superar e como ele conseguiu chegar até onde chegou.É uma boa leitura
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Emerson_BH 06/03/2020

Entender melhor Mozart
Este livro ajuda a entender melhor a vida complicada do gênio da música.
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Jimmy 18/12/2015

ELIAS, Norbert. Mozart, Sociologia de um gênio. Rio de Janeiro: Zahar, 1995.
Neste livro o autor Norbert Elias fará um estudo sociológico sobre a vida e obra de Mozart, numa tentativa de associar ao gênio uma perspectiva do social como influência para a construção do gênio enquanto homem e de sua obra. Reavaliar a concepção romântica de gênio, tornando-a desnaturalizada já se inicia no próprio título da obra, visto que para os padrões românticos, a obra de um gênio se dava de forma isolada, quase mística, criando-se numa aura de veneração em torno daqueles a que se dava o epíteto de gênio, portanto há uma contradição ao se fazer uma sociologia de um único personagem.
Algo parecido é encontrado na vertente da micro-história, cujo texto expoente é O queijo e os vermes de Carlo Ginzburg. Elias faz uma “micro-sociologia”, contudo, diferentemente do Ginzburg que tem como protagonista um indivíduo desconhecido e camponês, vinculado à cultura popular predominantemente, o sociólogo escolhe um protagonista burguês, vinculado à cultura erudita, que é amplamente conhecido e mitificado pela tradição.
A ideia central do autor é, portanto demonstrar que a concepção de gênio com características musicais inatas é equivocada, em realidade o que era inato em Mozart era a sua sensibilidade e capacidade de concentração acima da média – assim como Bobby Fischer, o enxadrista campeão mundial em 72, eu inclusive fiquei com a impressão de que Mozart pudesse ser portador da síndrome de Asperger, assim como Fischer – essas características foram aproveitadas pelo seu pai Leopold Mozart, que ao perceber no filho tais capacidades logo as aproveitou, impondo-lhe uma rígida disciplina musical, tornando o jovem Mozart num virtuose. Leopold fez tal coisa pelo jovem Wolfgang porque tinha o anseio de ver seus desejos pessoais sendo realizados pelo filho. Já que não conseguira a carreira brilhante que gostaria de ter, Leopold colocou todas as energias no garoto, exercendo sore ele uma dominação muito forte em todos os aspectos de sua vida. Então, para Norbert Elias, Mozart é fruto dessa grande influência do pai em sua juventude como virtuose, além disso, Elias argumenta que as músicas que mais temos em conta são as que seus contemporâneos menos se agradaram isso se deve graças ao temperamento de Mozart, que tinha consciência de sua genialidade, iniciando uma revolução no papel social do músico, deslocando o centro de poder das mãos dos aristocratas que ditavam o que deveria ser composto – o que o autor denomina de arte de artesão – para as mãos do compositor, que a exemplo de Mozart iniciava a sua carreira autônoma – o que Elias categoriza como arte de artista – essa mudança irá tornar a estética musical outra, que não fora apreciada pela sociedade de corte da época, Mozart dava o passo inicial para a criação da arte de artistas, rompia os grilhões que lhe impunha o pai e passa a ditar o que queria compor, compunha inicialmente para si, citando Nietzsche: “Quando se é verdadeiro como massa, mente-se como indivíduo”.
Não é nenhuma novidade que a época em que se vive e o meio social afetam a arte de um compositor, pena que essa importância seja pouco observada por aqueles que estudam música, idolatrando alguém que é antes um homem comum – como pretende Elias – e que este homem torna-se um gênio ao longo de sua vida, suas escolhas interferem sobremaneira em sua atividade musical tornando-a madura, mais complexa e ímpar no cenário musical de sua época, merecendo o epíteto de gênio posteriormente, devido aos seus contemporâneos estarem na zona de conforto e se sentirem ameaçados por alguém de uma classe subalterna – eram considerados criados da libré, equiparando-se a cozinheiros e outros serviçais – este alguém foi Mozart, o bufão que tinha autoestima suficiente para tentar carreira autônoma sem o patronato de Salzburgo, questionando o poder e o saber da aristocracia no que concerne à música.
Mozart opera grandes transformações na música e no papel social do artista de seu tempo, concomitantemente o que lhe tornou genial e o que causou a sua ruína pessoal e social, esperando que o crivo do tempo lhe conferisse uma mudança de conceito sobre a sua obra.
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leticia cordis 10/11/2023

Curtinho e bem escrito
Gosto muito da escrita do Norbert Elias, li O Processo Civilizador muito tempo atrás e foi uma inspiração pra mim a forma como ele consegue transpor uma pesquisa acadêmica séria em uma narrativa fluida e literária, nada tecnicista. Nesse livro ele faz o mesmo, a diferença é que o texto parece que falta um final, depois nos comentários pós texto entende-se que na verdade ele não publicou esse texto em vida e este foi organizado por uma pessoa de confiança. É muito bonito do mesmo jeito.
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João 14/02/2019

Mozart, Sociologia de um Gênio - Norbert Elias

Nesse ensaio, o sociólogo alemão Norbert Elias pretende desconstruir “a ideia de que o ‘gênio artístico’ pode se manifestar em um vácuo social, sem levar em conta a vida do ‘gênio’ enquanto ser humano na convivência com outros [...]”.

De início, Elias promove um resgate biográfico de Mozart a fim de compreender a prematura morte do músico. Cogita que Mozart não era correspondido no amor que nutria pela esposa, tampouco o era no afeto e na obra que dedicava à sociedade de seu tempo. Ao que parece, a insegurança emocional de que se ressentia desde a primeira infância, associada ao distanciamento e (quiçá) à infidelidade de sua esposa na juventude, geraram frustração existencial. Esse estado depressivo se agravou à medida que sua obra não teve a receptividade que merecia na sociedade da época. Logo, espiritualmente abalado, Mozart se torna caminho fácil para a doença e morre aos trinta e cinco anos de idade (1791).

Nota-se que o sociólogo Norbert Elias não está tanto interessado na dimensão social do conflito entre a alta nobreza e a burguesia ascendente, como está na repercussão desse conflito sobre o comportamento individual do artista e/ou do intelectual que vivia sob as condições sociais daquela época. Daí “Mozart” ser um importante estudo de caso a esse respeito. Nota-se que o domínio político da alta nobreza condicionava os padrões de comportamento e os juízos estéticos a que toda sociedade deveria aspirar. Dado que os músicos eruditos de então eram oriundos sobretudo da pequena burguesia, logo precisavam assimilar o modo de vida e o gosto musical da aristocracia reinante a fim de granjearem um bom emprego junto às cortes europeias. Essa ordem e coisas nunca inspirou a simpatia de Mozart. De origem humilde, Mozart aprendeu com o pai (Leopold Mozart), a contragosto, a se comportar e a adequar sua obra ao gosto tradicional da alta nobreza. Suportava com dificuldade as frequentes humilhações e o sentimento de inferioridade que sua posição social inspirava. Aparentemente orgulhoso, Mozart era cônscio de seu extraordinário talento, e se ressentia de não ser reconhecido como um igual na sociedade de Corte. Rebelou-se contra os padrões de comportamento da aristocracia, e, não raramente, burlava o formato tradicional da música de Corte mediante arroubos de criatividade individual.

Contudo, não devemos nos enganar. As atitudes de Mozart não sugerem uma discordância ideológica ou de princípios em relação à sociedade de Corte. Ele se revolta, isto sim, contra sua posição social subordinada e inferior. Consciente de sua inteligência e de sua genialidade musical, quer ser visto como um igual. Aliás, sente-se até superior aos empertigados da Corte. É dono, pois, de um comportamento ambivalente: deseja o reconhecimento de um grupo social que despreza. Movido pelo inconformismo, abandona o emprego da Corte de Salzburgo e se torna “músico autônomo” em um incipiente mercado livre. Porém, a estrutura social da época e a carência de instituições musicais no “mercado livre” não permitem a Mozart uma completa liberação do seu gênio artístico: mesmo na condição de "músico autônomo" ainda dependia de encomendas das Cortes locais, e, para os espetáculos públicos, devia compor ao sabor tradicional da aristocracia dominante. Nas vezes em que se atreveu a compor ao gosto de sua própria imaginação não provocou boa impressão, o que contribuiria para o seu desprestígio perante o público vienense, a ele tão caro. A incompreensão geral sobre a inventividade musical de Mozart caracterizou a relação “outsider-establishment” que guardava com a sociedade de Corte.

Para a perfeita compreensão da arte e de nós mesmos, Elias defende um estudo do artista que não negligencie o seu aspecto humano. Assim, não se deve separar o Mozart-artista do Mozart-homem. Para Elias, há um problema mal resolvido do processo civilizador europeu que consiste em deificar as obras-primas como produtos de gênios sublimes alheios aos instintos humanos. Tal problema surge de um esforço civilizacional voltado a escamotear a natureza animal do homem em prol de uma visão espiritual e romântica do gênio humano. Porém, ao contrário dessa tendência moderna, o sociólogo defende a necessidade de investigar as conexões da obra do artista com a experiência e o destino sociais de seu criador. Elias não crê em um dom inato. Logo, o talento de Mozart não seria congênito. É, isto sim, uma combinação de sua perícia musical (amplo conhecimento adquirido) com uma consciência musical apurada, em sintonia com o fluxo-fantasia que brota de sua mente. A questão é que Mozart “desprivatiza” suas fantasias, ou seja, as traduz por meio de seu material artístico (a música). Logo, o conceito romântico de “gênio” nada mais seria do que a capacidade incomum de comunicar ao público o caótico fluxo-fantasia, dando-lhe inteligibilidade sentimental através do material artístico (o mesmo se aplica à literatura e à pintura).

A “sociologia de um gênio” possibilita, assim, observar a influência que a ordem social da época provocou sobre a criação artística de Mozart. E, sem dúvida, não fosse sua rebelião contra o padrão musical que lhe era encomendado na Corte de Salzburgo, Mozart não nos teria dado a felicidade de experimentar a originalidade musical que nele desabrochou com maior liberdade durante os anos de “músico autônomo” em Viena. Aliás, é provável que Mozart sempre tivesse latente em si a necessidade de dar vasão a esse “fluxo-fantasia” que morava em seu imaginário, algo que só pode realizar com maior liberdade após desvencilhar-se da subserviência que lhe era reclamada na sociedade de Corte de Salzburgo.
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Vitoria293 30/06/2022

Deveria ser obrigatória
É menos uma biografia e mais uma análise sociológica do Mozart, a relação entre indivíduo e sociedade. Retratando suas relações familiares e com a corte da época.
Não falando apenas do Gênio musical, mas os traços psicológicos e sociais que o atravessaram durante toda sua vida até sua morte.
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