Hambre

Hambre Knut Hamsun




Resenhas - Fome


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regifreitas 27/06/2021

FOME (Sult, 1890), de Knut Hamsun; tradução Adelina Fernandes.

O norueguês Knut Hamsun foi o vencedor do Nobel de Literatura em 1920, principalmente por sua obra OS FRUTOS DA TERRA (1917). Polêmicas não faltam em torno do autor. Nos anos 1930, ele apoiou a ocupação nazista na Noruega; posteriormente escreveu vários artigos pró-fascistas; e, em 1947, foi julgado por suas opiniões políticas. Hamsum nunca demonstrou remorso ou arrependimento por suas posições.

Em FOME temos um narrador-personagem, nunca nomeado, vagando pelas ruas de Cristiânia (atual Oslo). Sempre faminto, passa os dias escrevendo ou tentando vender seus escritos. Vez ou outra acaba publicando alguns artigos em jornais da cidade, rendendo-lhe um breve sustento por poucos dias. Apesar da sua penúria, não é um personagem que causa empatia. Ele é arrogante e orgulhoso na maior parte das vezes. Sofre de grandes variações de humor, e chega a sofrer alucinações por conta da fome e das privações pelas quais passa. Contudo, mesmo na situação delicada em que se encontra, recusa-se a se submeter, a exercer uma ocupação “menor”, que lhe valha pelo menos para o básico da sobrevivência; também não aceita receber qualquer ajuda dos seus conhecidos.

Hamsun não nos dá praticamente nenhuma informação sobre o protagonista; não sabemos quem é, de onde veio, o que o levou a chegar a esse ponto da vida. Por conta disso, a obra se mantém monocórdia, a narrativa é repetitiva, não apresentando quase nenhuma evolução para além da temática da fome e das agruras pelas quais passa o personagem. Em um conto, tal abordagem talvez teria sido mais eficiente. Para uma obra mais longa, as situações se estendem além da conta.
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Bruno Oliveira 15/06/2021

O DÂNDI FRACASSADO, OU PORQUÊ NUNCA DESISTIR DE SI MESMO
Fome, de Knut Hamsun é um livro que exige um pouco mais do bom leitor. Seu narrador-personagem, cujo nome nunca sabemos e já intuímos que representa todos os Homens, é um tipo difícil, mas não impossível, de sentir empatia: seu fluxo de consciência, de idéias, de delírios e afins é uma via que poucos leitores encararão numa boa. É angustiante acompanhar essa espécie de “dândi fracassado” enquanto permeia, sem parar, uma cidade grande cheia de desigualdades sociais. Há momentos sublimes sim, de cortar o coração, mas há algo ali também que torna tudo uma pilhéria, uma representação tragicômica digna duma Divina Comédia Humana; a dor é genuína.
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leonardo.fsousa 06/06/2021

Gostei bastante da leitura, apesar de ser bem angustiante. O cara passa a vida dele trocando seus escritos por uns bons trocados para se manter.
Tem uma parte que é parecida com um célebre cena bem conhecida do Chaves, o Seu Madruga puto pra caramba.
"Senhoras e senhores, estou perdido, estou derrotado! E não disse mais nada, durante todo o tempo em que fiquei ali pisoteado o chapéu.

Outro trecho interessante é este, falando da importância de um lápis:
"Embora pareça insignificante, foi este toco de lápis, muito simplesmente, que me fez aquilo que eu sou no mundo; foi ele que, por assim dizer, me deu um lugar na vida"

Ademais, o texto é bem triste, não espere nenhuma alegria, é só coisas bem pra baixo.
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kiki.marino 04/06/2021

Bom ,"fome" foi péssimo professor pro Knut Hamsun,olhando o final da sua vida...Mas sem julgamentos morais e politicos, foi uma boa introdução a sua obra, de digressões psicológicas sobre o homem/escritor à beira da autofagia. Assim caminh o homem pela vida rumo a uma escuridão infindável,numa rotina de frivolidades,ninharias e na busca de algo essencial: alimento (que na privação, desumaniza).Seja físico,espiritual ou mental,uma fome que nunca é satisfeita,de ego, anseios,sonhos,amor,de palavras e ideias...
Perambulamos por Oslo nos olhos deste homem faminto, entre incontáveis transeuntes e um pedaço de suas tristes vidas, nunca reveladas inteiramente. .
Estamos sozinhos no mundo ...
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Nat 23/11/2020

^^ Pilha de Leitura ^^
O livro é narrado em primeira pessoa e ele relata momentos da vida em que passa fome e que tenta fazer algo, que não seja mendigar, para sobreviver. Em alguns momentos é possível notar certa confusão mental devido a privação de comida. Apesar de não ser uma biografia, a narrativa é um reflexo da vida do autor, que passou por maus bocados quando saiu do interior para morar em Oslo. Knut Hamsun, vencedor do Nobel de Literatura de 1920, é considerado o precursor desse tipo de narrativa – quando o fluxo de ideias vem de dentro para fora. O livro é curto e a leitura flui bem. O autor, contudo, era contrário à industrialização e apoiou o Nazismo – dando de presente à Hitler sua medalha do Nobel. Após o fim da segunda guerra, já idoso, foi condenado por defender o regime e passou seus últimos anos pobre (novamente) e preso / internado. Por conta disso, não há estátuas ou celebrações na Noruega sobre Knut.

site: https://www.youtube.com/c/PilhadeLeituradaNat
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arthur966 30/09/2020

"a minha vida era já tão infeliz e miserável, tão irreparavelmente miserável que não valia a pena lutar ou esforçar-me por conservá-la nem um minuto."
dostoiévski escrevendo o apanhador no campo de centeio. me confirmou minha certeza que todo escritor é um sofrido.
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Marcus.Paulo 27/08/2020

Mais que o próprio personagem principal, a fome e as consequências dela para o ser humano me fizeram refletir, todos os delírios e alterações que passa o personagem, sua moral, tudo é afetado pela fome.
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Jão 25/08/2020

Um dos livros mais impactantes que já li.
Desempregado e sem dinheiro, o protagonista se vê perdido, sem rumo, perambulando pelas ruas como um cão desamparado à procura de alimento para abastecer o estômago vazio. E não importa o tipo de alimento, seja lascas de pau, osso cru, a própria saliva, o importante é preencher de qualquer forma esse órgão que o atormenta a todo instante. Extremamente orgulhoso, não é capaz de pedir um pedaço de pão seco para minimizar essa tortura que vem de dentro. Deseja ser visto como alguém importante, não quer se parecer frágil perante as pessoas com as quais dialoga. Dessa forma, sofre calado, esconde a própria fome, não deixa sua dor transparecer. Sem perspectiva de mudanças, deseja a morte, a fim de evitar tamanha angústia e sofrimento.
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Juliete Marçal 20/04/2020

Fome, solidão, orgulho e delirios.
"Se pelo menos eu tivesse um pouco de comida, um dia tão lindo! Subjugava-me a sensação dessa alegre manhã."

O livro narra o cotidiano de um escritor que já teve dias melhores e que padece pela fome. A fome e a penúria são constantes na vida do protagonista solitário, - não nominado pelo autor -, e que passa fome quase o tempo todo da narrativa. Ele vive essa situação de pobreza devido ao fato de não conseguir encontrar emprego, e também, por causa do seu orgulho.

O personagem percorre a cidade de Cristiânia com o seu cotoco de lápis e pedaços de papel, ao mesmo tempo em que tenta escrever um artigo, crônica ou qualquer texto que possa ser aceito e publicado por algum jornal da cidade, e com isso ganhar alguns trocados que serão usados para aplacar a sua fome e miséria por alguns dias. Através da escrita ele sacia a fome e, em certos momentos, ele vive o dilema de não ter inspiração para escrever, e como consequência, não ter o que comer.

O livro em certos momentos soa repetitivo, porém, é possível perceber que se trata de um ciclo, cuja intensidade vai aumentando, revelando as oscilações psicológicas do personagem vivenciadas através da fome.

"É o diabo, a gente ir se deixando desfigurar, vivo, unicamente por obra da fome."

A partir da miséria do personagem somos apresentados ao ápice do desespero causado pela fome. Durante a narrativa, acompanhamos o estado de espírito do personagem transitar entre a fome, a miséria, o orgulho e o delírio.

"A fome, cruel, dava-me a vontade de sumir, de morrer; tornei -me sentimental e caí em pranto. Minha miséria nunca teria fim."

É um livro de enredo simples e com um texto de ritmo lento. Ele é incômodo, desagradável e traz sensações e sentimentos ruins. É tocante e melancólico. É angustiante o sofrimento físico e psicológico causado por não ter o que comer. Nesse livro, a fome traz um tipo de orgulho que se confunde com delírios à beira da loucura.

"A loucura lavava em meu espírito; deixei que lavasse, com plena consciência de estar submetido a forças que não poderia dominar."

^^
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Peleteiro 25/01/2020

Compulsivo e insano, mas não delirante
Acredito que a expectativa criada por conta da quantidade de elogios que grandes escritores dirigem a esta obra acabou afetando a minha leitura. Esperando uma obra-prima sensível ou até poética, me deparei com uma narrativa compulsiva e realista, no seu sentido mais cru, que não me encantou e me exigiu esforço para terminar a leitura. A supressão de determinados pronomes e algumas escolhas de palavras da tradução de Drummond podem ter afetado a minha avaliação. Ao invés de traduzir determinada expressão para algo como "sério?" ou "jura?", em certo momento, o tradutor optou por "deveras?", por exemplo. O que ficou, no mínimo, enfadonho.

Apesar disso, é inegável o domínio da escrita por parte de Knut Hamsun, que, não à toa, foi imortalizado por este trabalho. A capacidade de transportar ao leitor a aflição e a "desumanização" que o personagem sofre impressiona. Por fim, vale ressaltar o primoroso trecho onde descreve o passeio e o encontro com a moça que chama de Ilailá.
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Tati Iegoroff (Blog das Tatianices) 04/06/2019

Um livro curto e denso
Com o perdão do trocadilho de mau gosto, "Fome" foi um livro que eu não devorei, mas que me fez pensar bastante ao longo da leitura. E se o título parece estranho, logo nas primeiras páginas ele passa a fazer sentido, nos apresentando um homem que não possui quase nada e que passa todo o livro em busca de trocados para sobreviver.
Vale notar, também, que nosso protagonista é tão miserável que sequer recebe um nome, enquanto outros personagens são nomeados ao longo da história.
"Fome" também é um livro que reflete bem os sentimentos do ser humano: nosso protagonista começa o dia feliz, de repente se irrita com algo, depois enxerga algo pequeno e belo, para logo em seguida agir como um louco e, novamente, acalmar-se. E como a história é praticamente um imenso monólogo, conseguimos experimentar essas sensações ainda mais a fundo.
O protagonista de "Fome" sonha com o dia em que escreverá algo que lhe dará muito dinheiro. Para alcançar esse momento, portanto, passa seus dias vagueando pela cidade e escrevendo crônicas e artigos, que tenta vender para o jornal da cidade, em troca de um dinheiro que pouco dura nas mãos desse personagem.
É engraçado como eu ficava muito feliz quando algum dos textos do protagonista era aceito no jornal, mas também ficava brava em vê-lo gastando esses trocados com a certeza (inexistente) de que logo ganharia mais.
O livro está dividido em quatro partes e não há capítulos. Também não há uma diferença muito grande entre uma parte e outra, a não ser o fato de que sempre temos a sensação de que a parte seguinte trará momentos mais fáceis para o personagem.
É interessante perceber como o autor de "Fome" consegue sustentar essa história por um bom tempo e com tão pouco: só temos um protagonista — miserável — e toda a história acontece em apenas um local, a cidade de Cristiânia (que descobri que hoje trata-se de Oslo, capital da Noruega). Ainda assim, como disse anteriormente, trata-se de uma obra que nos apresenta muitos sentimentos e, para além dos já mencionados, há até episódios de um quase romance que, uma vez mais, nos enche de falsas expectativas para o nosso protagonista.

site: https://blogdastatianices.wordpress.com/2019/06/03/fome-knut-hamsun/
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Jean Bernard 19/04/2019

Fome, honra e dignidade.
Acompanhamos nessa obra a vida de um escritor, que através de contos e artigos vendidos para jornais locais, sobrevive dia a dia com míseras coroas pagas por seu trabalho. Seus escritos nem sempre são aceitos e vemos, então, cair na miséria.
A fome - que da o nome ao livro - é retratado minuciosamente. Conforme avançava na leitura, pior me sentia. Uma angústia e dor tomou conta de meu ser. Tive que parar a leitura, por vezes, para poder recobrar o fôlego perdido.
Acabamos por nos apegar profundamente ao protagonista. Sua dor, apesar da enorme fome, é a perda da honra. Apesar das grandes mazelas, tenta com todas as forças manter a dignidade. O aumento da fome faz com que flerte com a loucura, às vezes aceitando-a, por horas repudiando-a. .
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?(...) A consciência de que devia permanecer digno e honrado me dominou. E a firmeza do meu caráter suavizava o meu espírito numa sincera exaltação. Não seria eu como um farol de luz pura naquele oceano da vida, turvado pelo naufrágio inumerável dos espíritos vacilantes? Empenhar, ainda que fosse para comer, um objeto de outra pessoa, não significava comer e beber, de uma só vez, a própria dignidade? (...)?. .
.
A vida e a obra de Knut Hamsun se mesclam inexoravelmente. Só assim compreendi como o autor conseguiu expressar de forma tão pungente as consequências da fome.
A narrativa, por muitas vezes, me fez lembra ?Crime e Castigo? de Dostoiévski. Acho que só isso já basta para explicitar a magnitude do texto de Hamsun.
Um livro incrível que merece ser relançada, pois essa edição de 2004 da Editora Itatiaia não faz jus à obra (bom! Antes ela do que nada)
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Ariana.Costa 30/11/2018

Um livro cheio de desespero, drama ...
Para quem curte melancolia e depressão de uma maneira singular de ver a vida.
Pois como o personagem é visto no enredo te deixa triste ...
Muito sofrimento
Muito melancólico

Mas no fim ainda há uma esperança
Patricia 25/05/2019minha estante
A cena descrita ao final do livro parece uma pintura, dá para sentir essa esperança que você disse e deixa a leitura menos indigesta. Achei o livro incomodo e indigesto porque a gente se incomoda com as atitudes e o modo de pensar da personagem, inclusive com o fato de ele nunca dizer seu nome...




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