Emme, o Fernando 05/05/2015Não faz sentido!!!Eu não sei o que há de errado com essa "tradução", mas os poemas não fazem sentido!
O professor de literatura inglesa John Milton, da USP, ao indicar os melhores trabalhos de tradução dos sonetos de Shakespeare citou esta tradução de Vasco Graça Moura: "Esse trabalho, datado de 2005, leva a assinatura de um poeta (e político) bastante conhecido em Portugal, Vasco Graça Moura. Chama a atenção o esforço em usar decassílabos e criar imagens de algum modo próximas às de Shakespeare. Para tanto, Vasco se serve de um vocabulário bem mais próximo dos leitores portugueses que dos brasileiros. Um bom trabalho"...
No começo pensei que a dificuldade se devesse ao vocabulário "mais próximo dos portugueses" (embora nunca tenha tido qualquer problema com o português de Portugal; tenho bastante intimidade com o dialeto europeu).
Os poemas simplesmente não fazem sentido para mim, não transmitem nada.... Parecem um monte de versos feitos apenas para se encaixarem na métrica...
Resolvi comprar outras traduções dos sonetos e vi que, embora com métrica diferente da original, o sentido é mantido nos outros autores.
Acho que a opção de manter-se próximo à métrica original foi a PIOR opção de Vasco Graça Moura, pois o sentido e força dos poemas se perdeu completamente !!!
Veja tradução do soneto nº 13:
"Oh, se fosses tu mesmo!Mas assim
só te pertences quanto a vida avança.
Devias preparar-te para o fim
e dar a alguém tão doce semelhança.
E da beleza que deténs a prazo
no vencimento, então também serias
outra vez tu depois do próprio ocaso
e a branda forma em brando alguém verias.
Quem deixa arruinar tão bela casa
se tem honra viril com que a mantenha,
na borrasca invernal que tudo arrasa,
contra o gelo da morte, a estéril sanha?
Bem sabes, caro amor, gastar a esmo...
Tiveste um pai, teu filho diga o mesmo."
Exemplo de tradução de autor diverso:
- tradução de Thereza Christina Roque da Motta (fonte Wikipedia PT):
"Ah, se pudesses ser quem és! Mas, amado,
Tens a vida apenas enquanto ela pertence a ti.
Deverias te preparar para um fim tão próximo,
E a outro emprestar o teu doce semblante.
Assim, se a beleza que deténs em vida
Não tiver um fim, então, viverias
Novamente após a tua morte,
Quando a tua doce prole ostentasse a tua doce forma.
Quem poderia ruir uma casa assim tão bela,
Cuja economia em honra se poderia prevenir
Contra o vento impiedoso dos dias frios,
E a estéril fúria do eterno estupor da morte?
Ó, quanto desperdício! Meu caro, sabes
Que tiveste um pai: deixa o teu filho dizer o mesmo."
Essa tradução que coloquei é apenas para ver como o sentido é intenso e profundo, mas se perde totalmente na tradução de Vasco Graça Moura....