Anienne 13/05/2020
Reinações De Narizinho
Esse livro de Monteiro Lobato, tem vários contos infantis com a turma do Sítio do Picapau Amarelo, esta que embalou minha infância e de tantos, que como eu, eram crianças nas décadas de 70 e 80.
Durante a leitura percebemos que um conto tanto é intrincado no outro, como pode ser lido de forma independente.
Através desses contos, temos a possibilidade de conhecer a realidade distante, do inicio do século vinte, em que a tecnologia da forma que conhecemos, não existia e as crianças tinham que se utilizar de parcos brinquedos, como a boneca de pano e o boneco de sabugo de milho e da intensa criatividade, misturando-se com fábulas, contos de fadas e tudo o que a imaginação é capaz de criar.
Além de toda essa riqueza, as histórias nos enchem de uma nostalgia tão boa, com cheiro de terra, de pé no chão, de contato com as plantas, das frutas tiradas do pé, da intimidade com os animais, os rios e os riachos.
Esse livro é um pequeno oásis para os nossos sentidos e para a criança que dorme dentro do adulto.
Mais uma vez, retorno à polêmica que gira em torno do autor e que discute os preconceitos, o racismo na obra, etc...
O que tenho a dizer é que Monteiro Lobato viveu numa época específica e que ele traduz a realidade do momento com muita verdade. E sim, vamos encontrar falas preconceituosas e a tia Nastácia é um dos alvos preferidos.
Eu entendo que a grandeza da obra sobrepõe e muito essa parte e que seria uma escolha bastante infeliz, impedir uma criança, negra ou não, ter acesso à obra por esse motivo. Primeiro porque essa se torna uma ótima oportunidade de diálogo e discussão sobre o assunto e segundo porque se a criança é poupada na literatura, ela irá encontrar o preconceito de uma forma mais dura na padaria, no parquinho ou na escola.
O Racismo era uma realidade no Brasil naquela época e continua sendo! Fato! É preciso falar abertamente e a literatura é um meio maravilhoso, sempre à disposição.
Sim, eu indico esse livro, de todo o coração.