spoiler visualizarSweet-Lemmon 10/10/2011
Que pena que eu não posso dar 4.5 estrelas!
Como uma tradução pode modificar um livro- para o melhor e para o pior. Aqui, mais uma vez, dona Nova Cultural, não apenas mutilou o livro como modificou tanto a protagonista que a transformou em outra personagem. A Gabby Darwin da versão NC simplesmente não é a Gabby Darwin da versão escrita por Diana Palmer e depois reeditada, traduzida e publicada pela Harlequin. Tenho que admitir que, de certa forma eu até preferia a versão NC de Gabby. Tudo bem, ela parecia um Rambo de saias- mas era tão diferente do que estávamos acostumados a ver com mocinhas da Tia Palmeirão.
O problema é que por mais que eu tenha gostado daquela Gabby ‘valentona’, ela não era a real. E eu. Como leitora me senti ( e sinto) enganada e ultrajada com o ‘trabalho’ que a tradutora fez.
Para se ter uma idéia da diferença entra as versões:
Na Versão NC:
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"— Questão de sobrevivência, meu amigo. A fazenda vizinha foi destruída não fez um mês e o dono… — Diego interrompeu-se, olhando para Gabby. — Desculpe, señorita. Essa conversa em geral não agrada nada as mulheres.
Ela deu de ombros.
— Mulheres também se envolvem em guerrilhas. Além do mais, vou precisar a manejar alguma dessas armas, pelo menos por medida de precaução. É bom já ir me acostumando com os nomes. E, se quiserem, podem falar balas, em vez de projéteis. É muito mais curto e eu não me importo nem um pouco…
Laremos voltou-se para J.D. sem disfarçar o espanto diante do tom de Gabby. Ele soltou uma gargalhada, aconchegando-a a si com carinho.
— Você não imagina como acertou em qualificá-la de fenômeno, Laremos! Às vezes, surpreende até a mim… Não foi por acaso que á trouxe para cá.
— De forma nenhuma seria por acaso.
O sorriso de J.D. quase desapareceu ao notar como outro homem fitava Gabby de maneira insinuante. Apressou-se em retornar aos preparativos do resgate.
— Conseguiu o avião? — quis saber com certa secura."
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Na Versão Original e HQ:
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"- Si - concordou Laremos. - Foi por isso que sobrevivi, e muitos de meus vizinhos não. A finca acima da minha pegou fogo um mês atrás, e seu dono... - Ele olhou para Gabby. - Perdoe-me, senorita. Este tipo de conversa não é para os ouvidos de uma mulher.
- Eu nem mesmo entendo sobre o que vocês estão falando - disse ela, estudando os dois homens. - O que é uma bazuca... era este o nome? E o que são blocos de C-4?
- Eu lhe explico tudo mais tarde - prometeu J.D. - Conseguiu o avião? - perguntou para Laremos."
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A primeira vez que li Lobo Solitário, na antiga versão Nova Cultural, confesso que achei a estória confusa e truncada, sem contar, corrida demais. Nesta reedição, tudo faz muito mais sentido. E o que era uma estória bem fraquinha transformou-se em um belo conto de amor, aventura, paixão e segunda chance. Simplesmente amei.
A estória começa quando a irmã de J.D, um advogado criminalista, é seqüestrada no exterior e ele decide resolver a situação “com as próprias mãos”, mas, para isso ele precisa da ajuda de sua jovem secretária, Gabby, a fim de fingirem que são um casal de amantes enquanto estão em ‘terras hostis’ . Gabby aceita viajar com o chefe (no fundo, ela gosta de uma aventura) mas acha tudo aquilo uma loucura- para ela, ele é apenas um simples advogado. O que a jovem não sabe é que, na verdade, J.D, antes de advogar, fora um mercenário.
A primeira parte do livro é uma mistura de romance com estória de ação. Algumas cenas de aventura são um tanto quanto tolas (fica-se com a impressão que a autora não pesquisou exatamente o assunto, mas sim assistiu vários filmes estilo ‘Esquadrão Classe A’) mas ao todo o resultado é satisfatório. Neste aspecto ‘aventureiro’ , o livro é interessante e animado. Porém, a melhor parte do romance é o mesmo o relacionamento dos dois.
Gabby tem uma personalidade doce e amigável que muitas vezes bate de frente com o estilo quase grosseiro de J.D. Ele é extremamente ciumento e possessivo (especialmente quando Gabby está perto de Diego Laremos, outro mercenário e amigo de J.D) e isso o leva a ser cruel. Os dois vivem uma situação de desejo não muito contido mas controlado- e o problema é que ele, como todo mocinho de Diana Palmer que se preze, não quer amar e ela, se apaixona muito rapidamente (aliás, essa é uma das minha críticas: ela se descobre apaixonada rápido demais!).
É o jogo do eterno ‘quero/não quero’.
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"- Pensei que talvez você quisesse ir almoçar comigo - disse ele do nada,(...)
Ela o olhou, percebendo que ele estava diferente, então notou o traje. Nunca tinha visto J.D. em nada exceto em seus ter¬nos ou no uniforme de combate próprio para florestas. Mas agora ele usava jeans azul, tão surrado e desbotado quanto seu próprio jeans, com uma camisa azul mo¬derna e botas. Gabby permaneceu ali, não conseguindo parar de olhá-lo. Ele estava tão devastadoramente bonito e másculo que ela sentiu os joelhos enfraquecerem... de certa distância, pelo menos. Ainda sentia-se um pouco desconfortável em ficar sozinha com J.D.
- Não vou atacá-la - disse ele suavemente. - Não vou fazer um único movimento que você não queira. Nem mesmo vou tocá-la, se isso for necessário. Mas passe o dia comigo, Gabby.
- Por que eu faria uma coisa dessas? - indagou ela brevemente.
J.D. deu um sorriso melancólico.
- Porque estou solitário.
Alguma coisa na região do coração de Gabby cedeu. Devia ser seu cérebro mole, disse a si mesma, porque não tinha lógica ceder a J.D. Aquilo somente tornaria sua partida mais difícil. E ela precisava partir. Não seria capaz de suportar continuar perto dele, sentindo-se da maneira como se sentia.
- Você tem amigos - murmurou ela de forma evasiva.
- Claro. - Ele se levantou, enfiou as mãos nos bolsos, fazendo o jeans se estender sobre os músculos do estômago e coxas poderosas. - É claro que tenho amigos. Há Shirt e Apollo...
- Estou falando... de amigos aqui na cidade - disse Gabby de modo hesitante.
J.D. permaneceu silencioso por um momento.
- Eu tenho você. Ninguém mais."
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Porém a relação dos dois se deteriora quando ela salva a vida dele- e o humor do rapaz, que já não era dos melhores, consegue piorar! Ele passa a agir como um menino de 8 anos: gosta da menina e por isso lhe puxa as tranças. Esse é o momento “ódio-supremo-dos-mocinhos-grosserirões-de-tia-palmeirão” ! Sim, ele a maltrata demais, porém logo percebe o erro e tenta se desculpar, mas aí, é a jovem que não quer mais.
E então começa a melhor parte do livro, onde ele tem que implorar pelo perdão dela. Rastejar, rs! É justamente a partir desse momento que tudo vale a pena e a leitura fica ótima. J.D não quer apenas pedir perdão, mas também provar que a ama de verdade.
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"Os dedos de ambos se roçaram de leve enquanto eles andavam, e J.D. olhou para baixo, observando-a cuidadosamente.
- Procurando verrugas? - perguntou Gabby, numa tentativa de amenizar a tensão entre eles.
- Não realmente - respondeu ele. - Estou tentando decidir o que você faria se eu pe¬gasse sua mão.
Aquela honestidade irrepreensível mais uma vez. Gabby sorriu e deu-lhe os dedos delgados, sentindo-se trêmula quando ele lentamente entrelaçou os dedos nos seus."
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Diana Palmer nos presenteia com uma escrita simples, mas impactante, cheia de passagens lindas, extremamente românticas e delicadas.
Recomendo.
[E a versão vai além de onde a versão Nova Cultural termina]
Leia a resenha complata no meu blog: (com as capas originais etudo mais:P)
http://umaconversasobrelivros.blogspot.com/2011/10/lobo-solitario-de-diana-palmer-soldados.html