Escatologia

Escatologia Joseph Ratzinger




Resenhas - Escatologia


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Cris 25/05/2020

Escatologia
O livro Escatologia: Morte e Vida Eterna, foi escrito em 1977 pelo Cardeal Ratzinger, considerado um dos maiores teólogos da Igreja. O Papa Bento XVI entra em
discussões com todos os autores filosóficos e teológicos relevantes e,
guiado apenas pelo amor e desejo pela verdade, expõe a teologia da
morte, esclarece a imortalidade da alma e a ressurreição dos mortos, bem como
a vinda de Cristo. Interpreta o inferno, o purgatório e o paraíso, enxergando-os
a partir de uma teologia de esperança e crença no futuro. Embora de imenso significado teológico, este livro é muito mais que uma consideração acadêmica. É um reflexo da doutrina de Cristo no
mundo de hoje em relação às principais questões humanas da vida.
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Luiz 31/12/2023

A discussão Escatológica por Joseph Ratzinger
Livro: Escatologia - Morte e vida eterna
Autor: Joseph Ratzinger


Joseph Ratzinger é o conhecido Papa Bento XVI, tão famoso por seu conhecimento teológico e contribuições incríveis enquanto este no Papado até a entrada do Papa Francisco.

No prefácio do livro, Ratzinger, conta que havia um antigo projeto para escrever este livro antes de assumir o cargo de Papa, porém essa obra ficou relativamente incompleta até finalmente ser lançada, e depois relançada com novas considerações a serem feitas visto que seu trabalho parece não ter sido tão compreendido.

O livro possui 2 prefácios do autor, cada um correspondente a uma edição do livro, possui também toda sua temática trabalhada em 3 capítulos relativamente extensos, uma Introdução que nos coloca a par da discussão deologica sobre a Escatologia, e ao fim um Epílogo e um Anexo, todos escritos pelo próprio autor.

"[...] e hoje a Escatologia passou a atrair a atenção, é porque a pergunta pelo futuro do todo voltou à ordem do dia. Criar uma mundo novo: essa é a tarefa que atualmente absorve todas as forças. Nessa realidade, a velha Escatologia, sob o rótulos depreciativo de "salvação da alma", é deixada de lado, aparentando ser incapaz de oferecer qualquer contribuição à "práxis" de uma nova era."
(Joseph Ratzinger, p.38)

A proposta principal do livro é discutir, junto aos teólogos mais modernos, a questão da Escatologia. Nomes como: Karl Barth, Rudolf Bultmann, Oscar Cullmann e C.H. Dodd, e também a dita "Teologia Política" (Teologia da Libertação) são os principais nomes, correntes, de diálogo e tendo suas propostas debatidas e analisadas por Ratzinger para a questão da Escatologia.

O tema da Escatologia sempre foi de interesse dos teólogos, a forma de o como ocorrerá o dito "Fim dos Tempos", conforme as professoras do Profeta Daniel e as Profecias do Livro de Apocalipse, bem como a noção de Céu e Inferno, e até mesmo a volta de Jesus Cristo, porém a medida em que Deus se encarna na história se fazendo homem, Jesus Cristo nos apresenta novas formas de compreender essas perspectivas, inclusive a própria leitura judaica do "fim dos tempos", conforme vemos o mistério da morte e ressurreição de Cristo, bem como a salvação da alma e etc, novas formas de se pensar sobre a Escatologia foram sendo trabalhadas dentro do mistério de Jesus. Aos poucos o interesse sobre a Escatologia migrou para a Cristologia, ao passo que entendemos melhor sobre Cristo, podemos compreender melhor a Escatologia.

Temas como:
A) Imortalidade da Alma;
B) Ressurreição dos Mortos;
C) Ressurreição da Carne;
D) Ressurreição de Cristo;
E) Inferno;
F) Paraíso;
G) Purgatório;
H) Anticristo; e
I) Cristologia.

São constantemente discutidos e debatidos, Ratzinger nos apresenta os principais pontos de cada uma daqueles autores, juntamente com as visões da Teologia Política, a visão Judaica, e até mesmo a visão de alguns escritos apócrifos e gnósticos que propõem algum tipo de visão sobre a Escatologia, apontando seus erros e acertos, e onde aquela visão pode em alguma medida melhorar a visão que temos sobre o tema.

"[...] a desumanização da morte provoca necessariamente a desumanização da vida. Se a doença e a morte são rebaixadas ao plano do tecnicamente factível, o mesmo ocorre com o homem. Se a aceitação humana da morte representa um perigo extremo, também o ser-humano [Menschsein] se torna demasiadamente perigoso. No esforço por recuperar o ser-homem, confrontam-se atualmente duas concepções: de um lado, uma visão de mundo positivista-tecnocrática; de outro, um anseio nostálgico por uma natureza intacta, o qual vê no espírito a verdadeira destruição da paz original e empenha-se cada vez mais a estigmatizar o ser humano como o mais desgraçado dos animais. Na postura diante da morte está incluída a postura diante da vida: a morte se torna a chave para a questão de o que é, na verdade, o homem. A brutalização que hoje experienciamos em relação à vida humana tem laços profundos com o rechaço da questão da morte. As atitudes de rejeição ou banalização dessa questão só podem solucioná-la medida em que anulam o próprio homem."
(Joseph Ratzinger, p.93-94)

Ratzinger nos chama "à mesa" pra debater sobre esse tema de forma ampla o contrastando com a sua leitura de sobre a Escatologia e o como ela funcionaria e quais os autores que o influenciaram pra formulação dessa conceituação.

"O leitor do presente livro poderá facilmente reconhecer que acolhida aquilo que nessas ideias representava realmente um avanço, ao mesmo tempo em que tentei corrigi-las a partir dos dados essenciais da fé."
(Joseph Ratzinger, p.271)

É um livro extremamente teológico e filosófico, por isso me surpreendeu, Ratzinger trabalha o tema como numa discussão acadêmica de alto nível, porém confesso que pude perceber se tratar de um tema bem complexo o que requeriria mais conhecimento pra compreender de forma mais fácil o cerne das diversas questões colocadas. Ainda que eu esperasse que fosse um livro com bastante Teologia e filosofia, me surpreendi por não conseguir acompanhar como esperava que pudesse.

Ratzinger comenta os pensadores Helenisticos, Platão e até mesmo Aristóteles, cita os Pais da Igreja como Clemente e  Orígenes por exemplo, o que pude perceber que precisaria me aprofundar mais nas questões discutidas e o que me faltou impossibilitou de melhor absorver o conteúdo do livro. Talvez num futuro com o a questão da Escatologia mais robusta em minha mente, esse livro se mostre menos desafiador.

Não achei um livro simples de ser entendido fora quem já tem costume de ler livros nesse proposta, assim não recomendo tanto a leitura, mas enfatizo que possui um alto nível de articulação de debates sobre o tema.

"[...] Um acontecimento decisivo foi a obra do abade italiano Joaquim de Fiore (1130-1202), que deduziu, da crença no Deus trinitário, uma História dividida em três estágios: à era do Pai (Antigo Testamento) e do Filho (a Igreja até nossos dias) se seguiria uma era do Espírito Santo, na qual a Igreja cumpriria plena e espontaneamente a mensagem do Sermão da Montanha, por meio da ação universalmente eficaz do Espírito Santo. Essa visão da História foi antecipada no "milenarismo", que é como foi chamada a expectativa -- fundamentada em Ap 20, 2-7 -- de um reino milenar de Cristo sobre a Terra, que antecederia o fim do mundo e o Juízo Final. Em Joaquim de Fiore, porém, essa concepção, que praticamente desaparecera desde o século IV, é sistematizada e até mesmo transformada num programa de ação prática, que visava atingir o terceiro estágio da História mediante a fundação de determinadas ordens religiosas.
Num primeiro momento, a esperança despertada pelo ensinamento de Joaquim de Fiore conquistou um ramo da Ordem Franciscana; mais tarde, no entanto, experimentou uma crescente secularização, até converter-se em utopia política."
(Joseph Ratzinger, p.36-37)
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