F. Pierantoni 20/09/2010MockingjayMinha ansiedade por Mockingjay – terceiro volume da série Jogos Vorazes, ainda sem previsão de chegada ao Brasil – era imensa. Talvez, equiparada ao que senti na espera pelo lançamento do último volume de Harry Potter. Afinal, com dois livros sublimes na conta, a saga havia rapidamente se tornado a minha favorita do universo literário. Contudo, assim como J.K. Rowling, será que a autora Suzanne Collins me desapontaria no final?
O fim de Catching Fire, o segundo volume, deixou muitas perguntas no ar. Mockingjay inicia-se por responder a maior parte delas, contando sobre o que se acometeu sobre Katniss, seu distrito e os demais personagens. Então, a história se desenrola, tendo a rebelião como foco e Katniss como sua estrela. Ou melhor, como seu pássaro.
Após dois livros absolutamente impecáveis, em Mockingjay a série finalmente comete seus primeiros erros – o que é, por si só, notável. O fato é que não dá para ser perfeito sempre e alguns pontos que antes eram trunfos dessa vez se desequilibraram. A violência, por exemplo, sempre foi parte-integrante da saga, presente na medida exata. Neste título, todavia, ela se desregulou e, pela primeira vez, fiquei incomodado pelo excesso de brutalidade – o que Collins pensou para achar que seria legal derreter uma pessoa com um raio de luz? É como se, depois de dois livros anteriores, a autora tivesse que exagerar na barbárie para o terceiro livro parecer mais “épico”. Junto com isso, também achei que a trama foi recheada de mortes desnecessárias.
Outro problema que observei decorre do fato de os personagens – após tantas desgraças nos livros um e dois – terem chegado ao terceiro volume profundamente danificados – fisica e mentalmente. A tolerância do leitor para com os horrores suportados por eles já não é a mesma e chega um momento em que você simplesmente deseja que tudo acabe, para o bem ou para mal. O que não dá é seguir os vendo sofrer.
Não quero, contudo, passar uma impressão errônea do livro nesta resenha. Para o leitor que a acompanhou até agora, pode parecer que o livro é péssimo. Muito pelo contrário, ele é maravilhoso – por isso minhas 5 estrelas. Não é perfeito como os outros dois, mas, ainda assim, magnífico. Os pontos negativos citados são, de longe, subjugados pela maravilhosa escrita de Suzanne Collins, que continua com a corda toda. É impossível largar o livro? Sim. A emoção ainda chega em toneladas? Põe toneladas nisso. A trama continua cheia de reviravoltas? Com certeza. Somado a tudo isso, finalmente conhecemos o destino reservado para os personagens que tanto nos cativaram e, isto, não tem preço.
Mockingjay pode ter apresentado algumas fraquezas antes ausentes da série e, em certos pontos, não ter seguido os caminhos que eu gostaria que houvesse trilhado. Ainda assim, é um livro formidável e um final sincero e mais do que digno para a melhor série de ficção que já li. Minhas expectativas para esse título eram altas e, definitivamente, ele as atingiu com glória. Com todos seus méritos, a saga Jogos Vorazes sai vitoriosa da sangrenta arena do mundo literário, justamente porque, mesmo tratando de um jogo, ela nunca esteve para brincadeiras.
--
Gostou da resenha? Quem sabe você também goste do meu livro.
Descubra novos mundos em O Diário Rubro.
http://odiariorubro.com
site:
Conheça o livro e leia os primeiros capítulos