Isadora.Oliveira 09/01/2024
Um livro icônico
Desde já devo dizer que quem vem ao livro na pretensão de ler uma história de amor subversiva, pode ir se retirando. A história é um romance sobre a sociedade, viaja entre o sagrado e o profano, o "bem" e o "mal", aquilo que agrada a família tradicional e o que vai de encontro a suas regras.
Desde o começo o narrador-personagem, Roberto Drummond, trás uma narração não linear, os acontecimentos são contados como se fossem a medida em que ele se lembra deles, a elite mineira é descrita de forma interessantíssima, a zona boêmia, o comunismo da época, a polícia, tudo é retratado de modo que atrai. Acho que em grande parte é uma experiência jornalistica, aqueles que como eu são fascinados pelo jornalismo vão se esbaldar com as narrações do jornalismo da década de 60, os detalhes do trabalho e dos avanços da profissão...
Adorei o desenvolvimento dos personagens, em sua grande maioria baseados em pessoas reais, são delicados na escrita, são palpáveis até, poéticos.
Adoro cada momento do Roberto com o Malthus e o Aramel (mesmo não sendo fã do Aramel), eles possuem uma amizade linda.
Fiquei genuinamente triste com o final, mas é a vida, sinto que deveria ter muito mais coisas, há ainda muito o que descobrir.
Mas é isso, a história voa entre o real e o imaginário, é divertida e tem seus momentos de tensão, mas sobretudo mostra que de 64 pra cá não mudamos muita coisa, já que as falácias da época ainda enganam nos dias de hj.