Matheus Alves Carmo 25/05/2022
Um grande apologeta
"Deus não é bom, mas bondade; a bondade não é meramente divina, mas Deus." (Pág. 138)
Quando decidi começar esse livro, tinha outra opção de Lewis, o livro "Deus no banco dos réus", mas escolhi esse por achar que seria mais "fácil" (queria uma leitura mais rápida, rs). Bom, não sei quão difícil é o outro, mas "Reflexões Cristãs" não é nada superficial.
O livro é um compilado de textos, artigos, ou ensaios de Lewis, publicados ou lidos nos mais variados lugares. Todos eles tratam sobre algum aspecto da fé Cristã, trazendo pensamentos de Lewis sobre vários assuntos, como Cultura, literatura, oração - e até vida extraterrestre.
"Ainda não estamos adequados para visitar outros mundos. Nós enchemos o nosso mundo com massacre, tortura, sífilis, fome, desertos e tudo o que é medonho para os ouvidos ou para os olhos. Deveríamos prosseguir infectando novos reinos?" (Pág. 283)
Como citei no início, não é um livro superficial, e tem alguns momentos um pouco mais complicados (especialmente comparados aos dois livros que havia lido dele, 'Cristianismo puro e simples" e "Cartas de um diabo a seu aprendiz"). Lewis era culto, um acadêmico e leitor ávido, e tinha muitos recursos - aqui, faz uso vários autores, vários filósofos, várias expressões em Latim, etc. E apesar dele sempre diminuir seus próprios conhecimentos, se mostra aqui um grande apologeta.
"Se você não conhece a Deus, é claro que não o reconhecerá, seja em Jesus ou no espaço exterior." (Pág. 281)
A apologética é basicamente a defesa lógica da fé Cristã. E Lewis a executa muito bem, principalmente nos capítulos em que fala sobre Futilidade, Subjetivismo, teologia moderna, e existência de Deus. Sua argumentação é algo que admiro muito, a forma como ele usa a lógica, faz inferências, e questiona até a si mesmo, é algo que prende.
"Se "bom" e " melhor" são termos que derivam seu inteiro significado da ideologia de cada povo, então, é claro, as próprias ideologias não podem ser melhores ou piores do que as outras." (Pág. 127)
Quando não trata de apologética em si, trata de assuntos inerentes aos próprios cristãos, como nosso relacionamento com cultura, literatura, ciência, etc, e são reflexões muito interessantes. Há, ainda, um capítulo em que trata sobre uma questão particular sua, sobre oração, sobre a qual não tem resposta - ele admite que tem uma dúvida, mas isso não abala sua fé: é uma fé racional.
"[...] nada deve ser feito ou cantado ou dito na igreja, que não tenha como objetivo, direta ou indiretamente, glorificar a Deus ou edificar o povo ou ambos." (Pág. 163)
Estou certo de que não consegui colocar tudo o que me fez amar o livro na resenha - e o ué coloquei, talvez não tenha expressado tão bem -, mas é um livro que indico demais, especialmente pra quem quer um contato com o lado da apologética cristã. A cada livro admiro mais esse grande autor.
"Autoridade, razão, experiência; dessas três, misturadas em proporções variadas, todo o nosso conhecimento depende." (Pág. 81)