Igor.Ciambelli 03/06/2024
Sempre quis ler esse livro e já faz um tempo que estou com vontade de ler alguma coisa do bom e velho Sherlock Holmes. Não foi pelas palavras de Conan Doyle, mas deu pra matar a saudade desse personagem mesmo com o autor o satirizando empenhadamente.
Foi uma leitura leve, fluida e instigante. Dei boas risadas com o humor ácido e jocoso do saudoso Jô Soares.
Há, no entanto, uma gafe de Jô ao caracterizar uma pomba-gira como "demônio com jeito de mulher-dama" numa das passagens mais relevantes do romance, pois é quando se esclarece seu título. Porém, em contrapartida, é notável seu empenho na pesquisa do contexto do RJ do século XIX e de alguns personagens icônicos da época, bem como sua habilidade de inseri-los na narrativa da obra. Muito divertido o experimento ficcional de juntar, entre outros, Olavo Bilac, Chiquinha da Silva, Dom Pedro II e Sherlock Holmes em um mesmo enquadramento, frequentemente, inclusive, em mesa de botequim. Cenário fértil para poder brincar e ironizar atributos notórios de todos esses interessantes personagens e, de quebra, para proporcionar a versão mais cômica que já vi sobre a criação (e batismo) da caipirinha. Embora puramente ficcional, a versão da fórmula preconizada pelo Dr Watson é a mais legal. E extraindo um trecho do próprio livro, "se a versão é mais pitoresca que o fato deve se conter a versão."