Fabio Pedreira 11/10/2019Através do VazioSobrevivendo no espaço
Através do vazio é uma ficção científica lançada pela Suma esse ano e é o primeiro livro do gênero escrito pelo autor S. K. Vaughn. Como a própria sinopse diz, esse é um thriller de sobrevivência no espaço, onde vamos acompanhar a comandante May em sua batalha para se manter viva em uma nave vazia.
Como se não bastasse estar sozinha na nave, May acorda sem lembrar de nada. Sua memória de longo prazo está intacta, mas a de curto prazo desapareceu. Essas memórias são importantes para saber o que aconteceu com a nave, que se encontra em total escuridão e totalmente deserta, sendo ela a única sobrevivente de alguma catástrofe. Mas ela sabe que isso pode ser resolvido depois, pois sua principal prioridade é restaurar os sistemas da nave e entrar em contato com a central da Nasa para poder conseguir alguma chance de resgate.
Enquanto não consegue contato, sua única companhia é a IA (Inteligência Artificial), que assim como May, não tem registros do que aconteceu e também não consegue se comunicar com outras partes da nave. Sendo assim, as duas se juntam para conseguir colocar tudo em ordem. O problema é que quanto mais investigações são feitas mais claro fica que os problemas apresentados não poderiam ter acontecido por acaso e sim por alguém.
Através do vazio foi uma leitura controversa porque ela consegue ter um início interessante, porém, arrastado, e um final elétrico, porém, parecendo um novelão. No início do livro, você fica curioso para saber o que pode ter acontecido para a nave ter chegado naquele ponto, mas em compensação o livro só vai engrenar depois de 150 páginas. Até tem coisas interessantes nesse período, mas quase sempre muito lentas. O livro fica revezando entre o período atual e flashbacks, geralmente contando da relação entre May e Stephen, seu marido.
Esses flashbacks são claramente desculpas para dar mais impacto ao que irá acontecer no capítulo do presente e em sua maioria são pouco interessantes. O lado bom é que os capítulos são bem curtinhos, então você dificilmente passará mais de 2 ou 3 páginas lendo sobre o passado.
Mas depois das 150 primeiras páginas - de um total de 372 - o livro engrena e fica muito melhor de ler. Eu comparei muito a escrita do Dan Brown neste sentido, um mistério que começa morno e que vai esquentando mais com o decorrer do livro, ficando frenético e com capítulos pequenos. Nesse período a May descobre coisas muito importantes e também passa por muitas situações difíceis, sendo legal acompanhar como ela faz para conseguir se manter viva. E apesar do plot twist sobre o mistério da possível traição não ser surpresa para ninguém, é legal legal a forma que se desenrola.
O mal é que perto do final muitos desastres já aconteceram, mas o autor continua empurrando mais e mais, o que acaba virando um pouco de novela mexicana e, convenhamos, com pouco plot twist. Mas, para uma primeira viagem - piadinha não intencional - do autor é uma boa estreia no lado da ficção científica. É um livro que talvez seja bom para quem quer começar a ler mais sobre o assunto. A maioria dos “erros” são por excesso, então é algo que pode ser ajustado em livros futuros.
Só recomendo esperar baixar um pouco o valor do livro para poder adquirir, mas se te der muita vontade, vai em frente. Tirando isso e apesar dos pesares o livro leva 4 estrelas, pois consegue divertir e prender o leitor depois de um certo tempo.