Annalisa 29/02/2024Desaparecidos em Luz da Lua
Desaparecidos em Luz da Lua começa exatamente onde o primeiro livro termina, Ophélie está a caminho de encontrar Farouk para se apresentar devidamente como noiva de Thorn. O livro é um pouquinho maior que o primeiro, porém apresenta um ritmo mais lento, senti a leitura um pouco mais arrastada.
Temos Ophélie sendo Ophélie com todos os seus problemas atuais e o surgimento de mais um monte deles. Ela acidentalmente se torna vice-contista da corte, e precisa todas as noites contar uma história para Farouk. Como fazer isso, se ela se quer consegue se expressar bem em uma conversa de duas ou três pessoas? Como descobrir o que está acontecendo em Polo? Ela se vê cada vez mais emaranhada em uma sociedade tão cheia de mistérios e mentiras que nada mais é passível de confiança, nem mesmo aqueles mais próximos dela.
Sua relação com Thorn é um balde de gelo, eles ainda não consegue se conectar corretamente, na verdade eles mal conseguem se comunicar de forma correta e suas interações são bem poucas ao longo do livro. Poréeeeeem, entretanto, contudo, todavia, eu consigo sentir aqui um cheirinho de palha. A relação deles é bem fria, poucas palavras, nenhuma sequer demonstração de afeto, maas dá para sentir nas entrelinhas (e aqui você vai precisar ter o faro bem apurado) que a autora está nos dando pequenas esperanças de um futuro romancinho como migalhas aos pobres. Aguardemos próximos livros.
Há uma introdução total de novos personagens maravilhosos: destaque merecidos para Archibald, Raposa e Gaelle. São a trupe que Ophélie estava precisando para se sentir mais confortável e acolhida. A chegada de tooooda sua família ao Polo também traz alguns acontecimentos peculiares, a interação deles é muito boa, é realmente aquela grande família que amamos e odiamos na mesma intensidade.
A história vai girar principalmente em torno de Ophéllie na corte, suas pequenas leituras de histórias e o início de um mistério através do desaparecimentos de algumas pessoas importantes. Aqui começamos um episódio meio detetive, onde todos parece culpados e o verdadeiro suspeito nunca é visto. Ophélie também está sendo ameaçada da mesma forma que os desaparecidos foram, e ela não sabe se será ou não a próxima vítima. E do nada, ela se torna na verdade a invetigadora e precisa em menos de 24 horas descobrir onde todos estão e quem está realizando os sequestros.
O final do livro passar a ter um ritmo muito mais rápido e frenético, bastante informação são jogadas na nossa fuça, principalmente em relação ao passado dos espíritos familiares, sobre o passado do Mundo, o real motivo do surgimento das Arcas, sobre quem é Deus e as primeiras citações ao Outro. E tudo simplesmente acaba sem explicações muito concretas, e você precisa urgentemente do próximo livro.
A capacidade criativa e de escrita da autora é surpreendente, já li diversas de outras fantasias e livros, e nada nunca tinha visto algo parecido com isso. É deslumbrante o mundo que ela criou, completamente completo em todos os pontos, temos passado, presente e futuro nos rodeando. Eu consigo realmente acredita que as Arcas existem e possam fazer parte da realidade do nosso futuro. As personagens são estrategicamente posicionadas e estruturadas ao longo da narrativa, cada uma sendo essencial de sua maneira. E transmitindo ao todo suas personalidades e constantes. Maravilhoso!
"O passado não era sempre bonito, mas os erros de quem viera antes dela sobre a terra também se tornavam os dela. Se Ophélie tinha aprendido alguma coisa na vida, era que os erros eram indispensáveis para construir."
"Guarde seus encantos". Thorn entende agora. Foram as últimas palavras de Deus antes de desaparecer de sua vida. Guarde seus encantos. Resguarde seus prantos. Deus governa o mundo e comete deslizes".