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Resenhas - Escritura
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Eduardo
07/03/2010
A questão do radicalismo
Para ilustrar o breve comentário que farei sobre o livro, acho oportuno reproduzir o texto (sem assinatura) que consta no verso da edição que li (que não é a da foto, embora os demais dados da edição estejam corretos):
*** "Fazes circular o sagrado na carne do mundo e na espessura da língua é gesto audacioso, pois cria, para desassossego de tudo o que há, um paroxismo de verdade.
Essa Escritura de Bartolomeu Campos Queirós não faz menos: ao reconfigurar, através de aliterações, correspondências, magníficas imagens, recorrências, iluminação de toda ordem, o episódio da anunciação e dos nascimento de Cristo, provoca um efeito de reencantamento radical do presente" ***
Pois bem, esse livro é uma revisitaçao da história do nascimento de Cristo. A anunciação do Anjo Gabriel, a descrição de José, de Maria, e a viagem que fazem para o recensseamento (?), interrompiada numa estrebaria, na qual nasce a criança. Bartolomeu reconta essa história com muita poesia. Uma linguagem sensível de encher os olhos, de tão leve. No sentido descrito no texto acima, "Fazer circular o sagrado na carne do mundo e na espessura da língua é gesto audacioso", o livro é radical sim. A história bíblica é contada sempre nas mesmas santas palavras, mastigadas e mastigadas, e regurgitada nos evangelhos de esquina. Assim, o texto de bartolomeu é sim radical, pelo trabalho com a linguagem. Radicalismo na linguagem? Sim. Como também é pertinente o fato do texto ganhar "paroxismo de verdade", sem cair em mera tentação didática-catequizadora.Mas apesar do radicalismo na linguagem, não deixa de ser um texto bíblico, católico, sem qualquer radicalismo em sua temática, coisa que alguns leitores (como eu) costumam esperar de obras assim. Mas enfim, pelo belo trabalho com a linguagem, e pela discussão suscitada em mim, a respeito da questão do radicalismo linguagem X radicalismo temática (à qual devo voltar, isso é um fato, já que isso pede umaa reflexão mais profunda), a obra teve muito valor para mim.
07/03/2010A questão do radicalismo
Para ilustrar o breve comentário que farei sobre o livro, acho oportuno reproduzir o texto (sem assinatura) que consta no verso da edição que li (que não é a da foto, embora os demais dados da edição estejam corretos):
*** "Fazes circular o sagrado na carne do mundo e na espessura da língua é gesto audacioso, pois cria, para desassossego de tudo o que há, um paroxismo de verdade.
Essa Escritura de Bartolomeu Campos Queirós não faz menos: ao reconfigurar, através de aliterações, correspondências, magníficas imagens, recorrências, iluminação de toda ordem, o episódio da anunciação e dos nascimento de Cristo, provoca um efeito de reencantamento radical do presente" ***
Pois bem, esse livro é uma revisitaçao da história do nascimento de Cristo. A anunciação do Anjo Gabriel, a descrição de José, de Maria, e a viagem que fazem para o recensseamento (?), interrompiada numa estrebaria, na qual nasce a criança. Bartolomeu reconta essa história com muita poesia. Uma linguagem sensível de encher os olhos, de tão leve. No sentido descrito no texto acima, "Fazer circular o sagrado na carne do mundo e na espessura da língua é gesto audacioso", o livro é radical sim. A história bíblica é contada sempre nas mesmas santas palavras, mastigadas e mastigadas, e regurgitada nos evangelhos de esquina. Assim, o texto de bartolomeu é sim radical, pelo trabalho com a linguagem. Radicalismo na linguagem? Sim. Como também é pertinente o fato do texto ganhar "paroxismo de verdade", sem cair em mera tentação didática-catequizadora.Mas apesar do radicalismo na linguagem, não deixa de ser um texto bíblico, católico, sem qualquer radicalismo em sua temática, coisa que alguns leitores (como eu) costumam esperar de obras assim. Mas enfim, pelo belo trabalho com a linguagem, e pela discussão suscitada em mim, a respeito da questão do radicalismo linguagem X radicalismo temática (à qual devo voltar, isso é um fato, já que isso pede umaa reflexão mais profunda), a obra teve muito valor para mim.
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