Amanda Teles - Livro, Café e Poesia 05/01/2022Eu, filha de empregada doméstica enfrentei alguns leões ao ler estes relatos. Aliás, nem precisa ser filha ou profissional, a maneira como ainda são tratadas as empregadas domésticas é assustadora.
Muitos relatos esbarram em algumas coincidências como, mães muito novas, solo, pouco estudo, pobres e pretas. E que também criam suas crias para que jamais precisem passar pelo que elas passam ou passaram, limpando casas de família.
Ah, falando em família, muitas empregadas são como se fosse da ?família?mas é como aquela velha desculpa do: "nada contra, eu até tenho amigos que são??
A senzala ainda existe, e nem precisa mais daquele quartinho de empregada herdado de um Brasil recente, que ainda vibra em seu tom moderno e colonial.
Sobre o livro, Preta-Rara reuniu aqui alguns dos muitos relatos de quando criou sua página no Facebook #Euempregadadomestica, e foi de uma força tão potente que daí nasceu o livro. Então os relatos são os mesmos que ela recebeu, sem nenhum tipo de correção. Foi aquele velho copiar e colar, e acho que ela manteve assim pra passar a sensação de ter sido escrito por todos, como eles realmente são. Então a diagramação também é bem simples, sem firulas.
Recomendo a leitura deste livro para todos, sem excessão. É forte, é pesado e devastador ver como existe tanta história de exploração. E assim como os senhores de engenho, os patrões não querem que exista o encontro do estudo com o empregado, não são todos mas é uma maioria devastadora.
Eu, filha de empregada doméstica cresci, estudei e sigo na luta, tendo minha mãe como uma verdadeira vencedora dessa senzala pós moderna.
Se puder, leia.