Rafael 09/06/2021
Leitores do mundo, uni-vos
Honestamente, não achei a narrativa uma obra-prima. O texto é simples, sem uma linguagem literária ou poética que cairia bem ao livro. Mas isso não faz da história algo desprezível ou medíocre. Por meio de uma narrativa popular e da estratégia da acumulação - tão interessante para as crianças -, entendemos estruturas sociais de exploração e opressão que vivemos diariamente em uma sociedade liberal capitalista. Tudo de uma forma simples e acessível para os pequenos.
Depois de anos vivenciando maus tratos à natureza e à sociedade em um Brasil (des)governado, no mês em que tem se falado na mídia sobre os “delírios comunistas”, foi importante ouvir as palavras de um comunista de verdade. Encarar o mundo com base nas relações que estabelecemos com as outras pessoas e com a natureza é um dos passos necessários para construirmos uma sociedade harmoniosa.
Essa edição ainda traz o trabalho incrível da ilustradora Laia Domènech, com ilustrações suaves, mas marcantes, que não subestimam a inteligência das crianças apenas com desenhos caricatos de cores vibrantes. Além disso, a inversão na lombada e, consequentemente, na forma de se ler o livro nos leva a pensar por outras perspectivas. Seria ótimo se todos fizéssemos isso algumas vezes.