Fernanda631 29/10/2022
Promessa de Sangue
Promessas de Sangue é o quarto livro da série Academia de Vampiros, a série é escrita por Richelle Mead.
Depois de Dimitri ter virado Strigoi, todo o mundo de Rose desabou, e para piorar as coisas a Escola St. Vladimir está um caos. Mas em meio a tudo isso, Rose embarca para Rússia para ir atrás de Dimitri e extermina-lo.
Rose está caçando. Ela fez uma promessa a Dimitri, de salvá-lo da escuridão caso viesse a cair para ela, e precisa cumpri-la. Ela deixa St. Vladimir com ajuda de Adrian e parte em sua busca pelo agora Strigoi e também amor de sua vida nas gélidas terras russas; do outro lado da moeda, Lissa, magoada pelo abandono repentino de sua melhor amiga, precisa lidar com perigos rondando a sua vida. Como realeza e possível herdeira do trono, Lissa está sendo perseguida, e a segurança do colégio pode não ser suficiente para mantê-la a salvo.
Promessa de Sangue equilibra muito bem os arcos separados de ambas as personagens, e também dos seus coadjuvantes. Rose está distante, compenetrada em sua busca na Sibéria, certa de que o homem que amava se foi, deixando para trás um monstro. Monstro esse que ela prometeu eliminar; conexões e suborno compram informações e guiam Rose nessa caçada, o que acaba por colocá-la frente a frente com o novo Dimitri: o de olhos vermelhos, sedento de sangue, ainda o homem que ela ama.
Com essa viagem, a história muda totalmente de rumo, enquanto nos primeiros livros tínhamos a realeza vampira como personagens agora têm a família de Dimitri e os vampiros russos inclusos na história. E acreditem o surgimento de novos personagens foi uma coisa que me agradou bastante, tão legal vê os costumes deles, me fez se interessar por cultura russa. Mas destaque para o surgimento de Sydney Sage, uma alquimista que faz “amizade” com Rose. Ela foi uma grande surpresa na trama do livro.
O desenvolvimento tenso entre os dois, com Rose entendendo o novo Dimitri, relutando em encará-lo realmente como um monstro sem alma, ansiosa para encontrar algum traço, mesmo que mínimo, do guardião de bom coração, é muito bem orquestrado. Richelle mantém uma monotonia nos dias de Rose, mas equilibra isso com suspense e incerteza. Rose está presa, distante de tudo e todos, e só vive porque Dimitri a mantém assim. Ele lhe deu uma escolha, e um tempo para decidir. Quando Rose finalmente percebe o que precisa fazer, aí a coisa salta das páginas e te mantém grudada na cadeira até o fim de toda a situação.
Doeu muito ler o Dimitri monstruoso, mas foi um capítulo importante na história do próprio personagem. O guardião que jurou destruir o mal se torna o próprio mal; é um paradoxo intenso e perigoso, muito bem desenrolado aos olhos da Rose. Afinal de contas, ainda existe uma alma dentro dele? Algo a ser salvo? A ser liberdado?
Rose, por sua vez, amadureceu bastante com a perda. Ela não é mais a garota cômica e corajosa, tem muito medo e hesitação em suas decisões. Ela deixou sua melhor amiga, seus colegas, sua vida para trás em busca de cumprir a sua promessa, mas fazer tudo sozinha tem seu preço.
Em St. Vladimir, temos Lissa e Adrian com seus melhores momentos na saga. Lissa, amedrontada e solitária, que sofre uma explosão de emoções descontroladas com a partida de Rose. Esse baque emocional coincide com a chegada de novos alunos no colégio. Uma, em especial, que se aproxima de Lissa e se prova um provável pilar para ajudá-la com a situação perturbadora. O arco dela se sustenta principalmente na incerteza dos poderes do espírito e no alcance que isso pode chegar; o quanto pode afetar e mudar Lissa para sempre.
E Adrian, melancólico depois da partida da Rose, ansioso para alcançá-la e desesperado ao perceber que ela não está mais em sintonia. Ele é um dos personagens mais amores e preciosos dessa saga e com razão; fiel e determinado, ele se mantém nas sombras, tentando ajudar Lissa quando ela não quer ser ajudada, protegendo-a dos próprios poderes, investigando para saber em que ela está se metendo. Abalado pelos próprios sentimentos, Adrian entende que precisa focar nos arredores para impedir um novo colapso.
Promessa de Sangue é um livro lento, mas intenso. Arrastado em quase metade das páginas, por ser tão gigantesco também. Mas é um livro necessário; amadurece os personagens, entrega arcos bem mais maduros e dramáticos e mostra escolhas difíceis que com certeza repercutirão até o fim da saga.
Promessa de Sangue dá um ar de renovação muito interessante para a série como um todo, durante os primeiros três livros nós estávamos presos à dinâmica da Academia e sempre rodeado dos mesmo personagens e isso muda bastante nesse quarto volume. Durante o livro a Rose passa por diversos lugares diferentes e conhece vários novos personagens - com um grande destaque para Sidney e para o Abe -, uma mudança muito bem vinda depois do baque que foi o final do terceiro livro. Mas, ao mesmo tempo, ainda continuamos acompanhando a vida na Academia através da mente de Lissa, só que em segundo plano já que, mais do que nunca, a Rose é a grande protagonista dessa estória.
Diferente dos outros livros, existe algo de realmente triste em Promessa de Sangue, a dor que a Rose passou, o tamanho de sua perda está presente em cada pensamento da personagem. Apesar de ter uma razão concreta para sofrer, a Rose, em nenhum momento, se torna melancólica ou fica de chatice, ela continua com a sua personalidade badass e encara tudo com força e determinação, porém a autora consegue imprimir sua dor de forma implícita durante a narrativa.
Acho que um dos momentos mais tristes do livro - e de toda a série - é quando ela acaba perdendo a si mesma. Não posso falar abertamente o que acontece porque é um spoiler gigantesco, mas sei que quem leu o livro vai me entender. Para mim aquilo não é apenas o resultado do que está acontecendo com ela fisicamente, mas sim a explosão de dias e dias de sofrimentos reprimidos. É realmente agoniante ver pelo quê ela passa durante essa parte do livro.
É incrível como a Richelle Mead consegue se superar a cada livro, mesmo quando vocês está certo de que encontrou o melhor, o seu favorito, ela vai lá e surpreende novamente. Promessas de Sangue, como eu já disse, traz o melhor da série, é excitante e triste e acaba com um final extremamente empolgante.