Mari 15/02/2024
"Eram pobres crianças sem pai, sem mãe. Por que aqueles homens bem-vestidos tanto os odiavam? Foi com sua dor."
O livro se inicia com manchetes de jornais que denunciam um grupo de crianças ladronas, intitulados de Capitães da Areia. O grupo formado por mais de 100 meninos vive em um trapiche próximo ao mar de Salvador e são liderados por Pedro Bala, que também não passa de um adolescente. Embora seja composto em sua maioria por crianças, os capitães são muito bem organizados e unidos.
Apesar da pouca idade, eles são avançados em vários aspectos, como sexualidade, uso de bebidas alcoólicas e cigarro. Além de viverem do crime.
Ao falar assim parece muito que o livro é sobre um bando de delinquentes da Bahia, porém eles não são apenas isso, eles não só vivem do crime, eles sobrevivem justamente por conta do crime. Eles são pequenos infratores, comentem vários crimes, mas também são apenas crianças que querem brincar, que anseiam pelo amor de um pai e mãe.
Não é como se, olhar por essa linha fosse desculpar ou justificar os erros dos garotos, porém conforme você lê percebe que não só eles erram, mas a sociedade também erra para com eles. Muitos deles estão em tal situação justamente por não encontrar alternativa, e muitos também lutam para sair dessa vida.
Mesmo publicado em 1937, continua sendo um livro muito atual. É assustador ver como as questões abordadas no livro continuam e persistem no país, a temática é uma denúncia social e a narrativa é claramente sobre empatia.
Foi uma excelente leitura, eu não só li a obra, eu a senti.