Márcia 04/03/2011Anjos = bichinhos virtuais. “Halo” trata de anjos (ninguém adivinha, né?); mas não qualquer tipo de anjos, e sim daquele tipo mais óbvio, enfeitado, e culturalmente aceito. Os anjos de “Halo” não cativam nenhum tipo de imaginação e – Deus nos livre! – criatividade. A autora apenas abriu a bíblia – ou seja lá onde se encontram esses “anjos do senhor” – e copiou tim-tim-por-tim-tim até mesmo as personalidades dos personagens. Aí fica fácil, né?
Bethany, Gabriel e Ivy, não tem nada, absolutamente nada, de particular, especial ou cativante. São “seres sagrados” enviados para a Terra com um objetivo mais que passado e chulo – salvar a humanidade. Em todos os cantos do mundo, os seres das trevas (totalmente opostos aos anjos, como não poderiam deixar de ser) estão usando de sua influência maligna para induzir os humanos a criar o caos. Mediante esse quadro de horror mundial e blábláblá, DEUS - devo me atrever a dizer que toda essa perspectiva de anjo em cima da bíblia e dos mandamentos é mais que absurda num livro que se propõe a entreter jovens através de um romance. A existência dessa “evangelização” no livro deveria ser avisada na sinopse para que as pessas não o comprem - resolve mandar dois de seus mais preciosos guerreiros (um arcanjo, Gabriel, e um Serafim, Ivy) para uma cidadezinha que correponde a nada mais que um buraco no mapa. Claro!
Junto com os dois, de brinde, vai uma novata que o leitor é obrigado a acompanhar durante toda a trajetória do livro. Sinceramente, as autoras de agora em diante deveriam se abster de narrações na 1ª pessoa. São cansativas e só funcionam se a personagem narradora for no mínimo interessante. O que Bethany certamente não é.
A história é toda formulada; deve ter dado tanto trabalho quanto um bichinho virtual. Não há surpresas, ou emoção, ou coisa alguma, apenas tédio. Bethany passa de “anjinho do senhor” para adolescente rebelde em poucos dias. Xavier passa de “cara interessante da escola” para “Edward 2”. Apenas Gabriel possui algum potencial como personagem, mas, é claro, como boa escritora que a Adornetto é, não aproveitou nem um pouco o único personagem que presta.
Talvez para tentar inserir um pouco de "ação" no livro, a coitada ainda trás um outro personagem "do mal" tão clichê, previsivel e burro quanto todos os outros. Como "a parte do mal" da história surge Jake, apresentado logo no início como o que realmente é. Para que alguma surpresa, não é, Alexandra?
Fiquei estupefata quando li algumas resenhas aqui referindo-se ao inicio do “relacionamento” de Bethany-Xavier como “natural”, “original” ou, pasmei!, “interessante”. A mim, pareceu apenas uma cópia muito mal feita do velho Crepúsculo. Até mesmo falas, diálogos inteiros, são claramente copiados à risca e disfarçados com aquele velho truque fundamental de “mudar algumas palavras” para que a professora não perceba. Mas é claro que, como em toda cópia, falta a essência do original. Em qualquer cópia, na verdade, falta qualquer essência e Halo é prova disso: um livro vazio, desprovido de qualquer capacidade de provocar emoções no leitor (só por essa falha absurda já desqualifico como livro).
Halo é mais um dos fracassos do gênero dos quais tanto falo.
Para credito da autora (único e bem fraco) admito que achei interessante a perspectiva da narrativa de um anjo e não do humano que se apaixona por ele. Mas a Bethany é tão burra que logo essa sentelha de interesse se esvai.