caue 21/05/2024
Lamaçal tragicômico
Fiz a leitura através de audiobook no podcast da Isabella Lubrano. Quando sua primeira experiência com um clássico ocorre por responsabilidade de uma leitura obrigatória escolar, revisitar se torna uma ideia pouco sedutora. Mas encarei como um desafio e fui ouvindo capítulo por capítulo.
O que eu teria pra adicionar a uma avaliação seria pouca coisa. Sobre o enredo: permaneceu ao meu olhar o que eu ja havia vislumbrado antes, isto é, recheado de críticas à sociedade e às instituições brasileiras. O determinismo e as referências biológicas tão utilizadas por autores da época são um ponto limítrofe entre a denúncia e o entretenimento. Etcetera, etcetera.
O que aconteceu, de novo mesmo, nessa minha segunda imersão na obra foi mais como um passeio em uma loja antiga do centro da cidade, que eu conhecia por relatos de terceiros, sob a qual caía a reputação de ser um cantinho bagunçado, empoeirado, mas com quinquilharias interessantes em seu conteúdo.
E aqui está a jóia do cortiço: falar de Brasil é percorrer os mesmos elogios sobre alegria, esperança, festa, calor, carnaval, futebol, samba e churrasco. Mas falar de Brasil também é horror, corrupção (não so política, mas moral), racismo, pobreza, violência e, é claro, esse lamaçal tragicômico dos centros urbanos.