Ogaiht 24/04/2023
Planeta dos Macacos ou Planeta dos Homens?
Eis um clássico da ficção científica francesa. Planeta dos Macacos, escrito por Pierre Boulle, é um livro repleto de simbolismo e um grande exercício de empatia.
A estória narra a viagem espacial de um grupo de 3 astronautas que deixam a terra para uma missão em direção a uma outra galáxia. Para eles, será uma viagem de 2 anos, mas para a Terra, se passarão alguns séculos.
Chegando a Soror, um planeta cuja atmosfera e características físicas são idênticas às da Terra, este grupo tem uma supresa: existe vida inteligente lá, e há seres muito parecidos com os humanos, exceto por não serem capazes de falar e possuírem hábitos e habilidades bem primitivos. Mas o verdadeiro choque da tripulação é descobrir que há outro tipo de vida no planeta: os símios! Estes seres nada mais são que chimpanzés, orangotangos e gorilas que possuem inteligência e habilidades similares às dos humanos da Terra. Capturado, Ulysse Mérou, personagem que narra a estória, tenta estabelecer contanto com a cientista chimpanzé que estuda humanos chamada Zira. No início a cientista parece não acreditar, mas à medida que interage com Ulysse e vê que ele não é desprovido de inteligência como os outros da espécie humana, Zira fará de tudo para que todos saibam de sua existência e que o homem pode sim ser provido de inteligência, mas tal descoberta poderá acarretar num verdadeiro terremoto na sociedade símia se provarem que o homem pode ser tão inteligente quanto o macaco!
Esta obra é como uma alegoria para nossa sociedade, onde a maioria acredita que o homem é o único ser pensante e inteligente não apenas no planeta mas no universo. Ao acompanhar a jornada de Ulysse, ficamos revoltados junto com personagem com a forma como os humanos são tratados naquela sociedade. Mas, se pararmos para pensar, não é assim que tratamos os outros seres? Não seriam os macacos da estória apenas uma alegoria para o homem? Este livro é um ótimo exército de reflexão e empatia, nos convidando a refletir e a se colocar no lugar dos seres que interagem conosco e que pensamos serem inferiores apenas por não serem humanos.
A linguagem do autor é muito simples e a leitura bem fluida. A editora Aleph fez um ótimo trabalho editorial, acrescentando alguns textos complementares no livro. Só achei a forma do livro (lembrando levemente um hexágono) um pouco incomum, mas nada que atrapalhe a leitura. Para os amantes de ficção científica esta obra é obrigatória.