Putas assassinas

Putas assassinas Roberto Bolaño




Resenhas - Putas Assassinas


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Egberto Vital 22/08/2023

Demorei para escrever sobre essa leitura, pois esse foi meu primeiro contato com seu autor e já quero ler toda a obra dele. "Putas Assassinas" é um texto que nos transporta para um território literário onde a linha entre a realidade e a ficção é tênue e mutável.

Roberto Bolaño, com sua prosa brevemente desconcertante, desafia as convenções dos gêneros tradicionais e nos conduz por narrativas que oscilam entre memórias de juventude e delírios de viagem. Sua habilidade em fundir o vivido com o imaginado é notável e nos leva a questionar constantemente o que é real, o que é mímese e o que é inventado.

A genialidade de Bolaño reside não apenas em sua escrita intrincada, mas também na profundidade de seus personagens. Eles são retratados em toda a sua precariedade, seja na esfera econômica ou afetiva. Eles são os filhos de uma época tumultuada, os jovens chilenos dispersos após o golpe de Pinochet, os vagabundos pela Europa, os observadores de suas próprias vidas. O autor se identifica com cada um deles, mergulhando na amarga ironia que permeia suas existências, criando um jogo fascinante de fingimento e revelação.

Além disso, a habilidade de Bolaño em desafiar as fronteiras da literatura latino-americana é indiscutível. Ele rompe com o realismo mágico que dominou por tanto tempo, oferecendo uma abordagem literária fresca e inovadora que ecoa através das décadas, seu estilo literário é uma revolução por si só.

Em "Putas Assassinas," Bolaño deixa uma marca indelével, explorando temas fraturantes com uma maestria literária que confirma o lugar do autor chileno na literatura mundial, e esta obra é uma prova de seu talento singular.
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Anielson0 15/06/2023

O sol numa cabeça sem hemisférios
Os que morreram pela América Latina
e os que morreram de medo de morrer:
um olho se fecha;
o outro não cessa de chorar.
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Lu Mendes 16/12/2022

Um escritor acima da obra
Essa foi a primeira experiência com o autor. É extraordinário, porém os contos mantém aquela atmosfera na qual você percebe o escritor. É sobretudo sobre ele mostrar como realmente escreve bem.
Recomendo muito a leitura, afinal não me desagrada em nada, ver o autor por cima de sua obra. É uma experiência diferente e somente capaz à aqueles de muito talento.
Os textos pareceu uma experimentação sem fim, o autor brinca, vai e vem em estruturas e narrativas! Funciona, conta histórias dentro de suas histórias.

A leitura é prazeirosa mas também é um exercício!
#livroseleitura #literaturalatinoamericana #
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Gustota 06/07/2014

Bolaño em pílulas
O homônimo do Chapolin tem um talento inigualável para escrever calhamaços incrivelmente fáceis de ler, mas neste "Putas Assassinas", ele consegue um estilo enxuto daquilo que estamos acostumados a ver em "2666", "Detetives Selvagens" e "Noturno no Chile": autobiografia confundida com fina ficção, personagens alemães excêntricos,a femme fatale latina, referências ambíguas a intelectuais latinos e muitas e muitas biografias de poetas que talvez ou nunca tenham existido.

Nas esquinas dos contos, podemos ver um Roberto Bolaño jovem e tímido arrumando encrenca em acapulco com seu priápico pai em Últimos Entardeceres da Terra"; um Bolaño exilado perdido entre os chilenos de esquerda em "Dias de 1978"; a incrível (talvez verídica?) história de um amigo fotógrafo enfrentando um dilema moral na Índia em "O Olho Silva"; um curioso conto de formação que mostra não só uma constrangedora paixão pelo poeta mainstream Pablo Neruda, mas também seu rompimento com o mestre Jodorowski pelo mesmo motivo em "Carnê de Baile".

No entanto, é quando a imaginação de Bolaño flui que eu acho que sua escrita se agiganta como poucos ou nenhum escritor latino consegue alcançar. No conto de humor negro "O Retorno" sobre um sujeito que morre na França e trava uma inusitada amizade com o maior estilista do país, que por acaso também é o necrófilo que abusa de seu morto corpo.

No conto "Buba", meu favorito, vemos uma curiosa relação de amizade e ocultismo entre jogadores chilenos e um africano no Barcelona, e um estranho pacto mágico que consegue tirá-los da mediocridade. Aqui a sensibilidade com que os personagens são tratados é fora de série, e tenho certeza que a Ivete Sangalo participa deste conto sob o pseudônimo de Liza.

Para quem gosta do "Detetives Selvagens", há também o conto "Fotos", capítulo perdido do livro com uma reflexão do poeta peregrino Artur Belano a respeito de um livro de fotos de poetas.


Para os iniciados no autor, espere um estilo único, espere por reviravoltas pouco usuais e em momentos inesperados e espere também por finais anti-clímax, mas que não poderiam ser mais pró-climax, pois deixam sempre o gancho em aberto para a mente fechar nossas próprias interpretações.

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Maitê 22/02/2018

gostei bastante dos primeiros contos, apesar de que cheguei a pensar no começo que não eram contos,e sim capítulos, mas aos poucos percebi que sim, alguns se conectam, e outros aparentam se conectar por ter um teor como que autobiográfico. Depois do conto que referencia "Ghost", passei a perder o interesse pelo livro, as historias simplesmente não me interessavam mais, não que fossem ruins mas algo estava faltando para mim.
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Adriano 02/12/2021

"a legião de órfãos errantes..."
Meu conto preferido O olho Silva. Sobre a solidão sujeitos deslocados, destruídos, desabrigados, errantes marcados por iterações diferentes do fim do mundo..

El ojo Silva está indo resgatar dois meninos (um deles não tem nem sete anos de idade, o outro, dez) de um bordel clandestino e labiríntico onde o mais novo está prestes a ser castrado em um ritual religioso em preparação para o festival onde um jovem eunuco é oferecido aos deuses e seu corpo encarna o espírito de uma deidade cujo nome Silva quer esquecer [...]. O menino mais velho foi castrado anos antes e é agora um escravo sexual oferecido aos prazeres dos turistas.

Quem já conhece a prosa Bolaño vai gostar desse livro.

Destaque para os contos:
O Olho Silva

Gómez Palacio

Últimos entardeceres na terra

Vagabundo na França e na Bélgica

Prefiguração de Lalo Cura

Putas assassinas

O retorno

Buba
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withsomegrace 05/03/2020

a menção a lalo cura (personagem icônico de 2666) foi o que eu mais gostei e apesar de entender bolano como entendo poucos autores, esse livro não me fisgou. pareceu incompleto ou mesmo desnecessariamente prolixo em algumas partes.

o conto da puta assassina ficou maravilhoso.
do lalo cura idem.
aquele do futebol também maravilhoso.
as menções literárias simplesmente fantásticas.

sugiro ler tudo de bolano antes de ler esse.
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Carlos Henrique 16/11/2020

Bolaño em porções rápidas
Putas Assassinas é um livro de contos que apresenta alguns dos temas favoritos do autor em pequenas porções mais rápidas de digerir. Entre contos sobre violência, pornografia, futebol, fantasmas e expatriados vemos a alma do povo latinoamericano se revelar. Se 2666 ou Detetives Selvagens parecerem pesados demais para uma leitura inicial de Bolaño, esse livro pode ser uma boa entrada.
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Jessica.Rodrigues 10/05/2020

O cotidiano na literatura
Bolaño transforma histórias do cotidiano em contos de muita qualidade. Alguns me prenderam mais do que outros, como sempre acontece em coletâneas de contos, os preferidos foram: Ojo Silva, putas assassinas e Buba. Achei a vibe muito parecida com a série animada (Netflix) "love, death and robots".
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r.morel 05/04/2017

As considerações de B
1. Os contos, melancólicos irônicos, de Roberto Bolaño, em “Putas Assassinas”, são visuais e com um cineclima propício a grande tela. Aqui a imaginação é fundamental - para Bolaño, para os personagens, para os leitores. Equivalentes cinematográficos de alguns desses treze contos seriam filmes da Nouvelle Vague (atmosfera semelhante, cheiro de cigarro com tristeza no ar) e “Trinta anos esta noite” (1963) de Louis Malle.

2 Os personagens-narradores são “repetidores” de histórias; possuem a aura de protagonistas, porém não o são porque, de certa forma, se escondem e encontram algo mais interessante em outra pessoa; estão sem vontade na realidade “tanto faz”.

3. Acompanhamos esses personagens, geralmente homens solitários (exilados, entediados, perdidos?), apreciadores de poesia, e sentimos o que eles pensam (as dúvidas, as certezas); a maioria das páginas são viradas com eles, no entanto, o principal, nos quatro primeiros contos, é a história de outro personagem, que é narrada explicitamente (exemplo: “O Olho Silva”; “Dias de 1978”) ou nas entrelinhas (exemplo: “Gómez Palacio”; “Últimos entardeceres da terra”) - importante é o que fica no espaço, na passagem, de uma frase a outra frase, de uma palavra a outra palavra (o mistério).

4. Raros personagens são nomeados (nota: exilados apenas têm relações transitórias?). E o medo deles: ser um artista apagado pelo tempo, um autor que não fez a diferença.

5. As aparências não duram; sexo é só sexo, e às vezes nem isso, e o amor, se existe, é desencantado, distanciado; logo, também não existe: o vazio se completa. Exemplo: “Embora a escute com atenção, é pouco o que entende. A mulher conta fatos desconexos: crianças balançando-se num parque, uma velha tricotando, o movimento das nuvens, o silêncio que, segundo os físicos, reina no espaço exterior. Um mundo sem ruídos, diz, onde até a morte é silenciosa. A certa altura B pergunta, só por perguntar, em que trabalha, e ela responde que é prostituta. Ah, sei, diz B. Mas diz por dizer. Na realidade, para ele tanto faz. Quando a mulher, por fim, adormece, B procura a Luna Park, que está jogada no chão, quase debaixo da cama” (trecho do conto “Vagabundo na França e na Bélgica”.).

6. A técnica é a de uma narrativa oral (em muitos contos temos uma história dentro de uma história dentro de uma história - Matrioshka, bonecas russas), contudo, o essencial não pode ser captado pelo lido/escutado/visto: a percepção de cada um trará o significado desejado, o que, dependendo do indivíduo/leitor, será o Absoluto Nada; enxergar dessa maneira é válido, pois os contos de “Putas Assassinas” sustentam-se com a leitura superficial, tão prazerosa quanto descobrir visões, vidas e sonhos em palavras (histórias) alheias, onde, de repente, não existam; sinais de coisas que podem acontecer, presságios, coisas que podem nunca acontecer, histórias em suspensão, angústia no tempo parado no limbo.

7. Em/com Roberto Bolaño, a constatação: a vida é vazia e sem sentido. E o questionamento decisivo: o que é a arte? Como se relaciona a vida e a arte? Os personagens (objetos, corpos) que carregam essas dúvidas são escritores desconhecidos ou boleiros que inesperadamente encontram o sucesso e tornam-se craques; são escritores esquecidos, cineastas marginalizados ou personagens que não alcançaram seus desejos e sonhos e aspirações: desistiram (ou pelas circunstâncias foram forçados a desistir). Em/com Roberto Bolaño existe a força de vontade para persistir, mas ela é bem fraca, é cinza, um equilíbrio instável, a qualquer hora pode cansar e sumir, simplesmente desaparecer sem vestígios (um nada), romper-se. Para Bolaño, a arte pode ser um poeta beat se apaixonar por uma egípcia morta há 2.500 anos (seu único amor), pode ser também um personagem terminar de ler um livro e, antes de sair de casa para vagar pela rua, jogá-lo no lixo: a arte é um instante inexplicável.

site: [Outras Breves Análises Literárias em popcultpulp.com]
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Fred 02/07/2014

Putas Assassinas
Putas assassinas é um trabalho quase que biográfico, este que demonstra muito da base psicológica da literatura de Bolano personagens exilados em busca de sua identidade esquecidos pela sociedade, estes pertencentes a um mundo repleto de vícios onde a solidão se torna a única forma de consolo.
Obra que reafirma o autor como um dos melhores achados do fim do último século
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Marcelosobam 15/06/2023

Ainda não encontrei uma coletânea de contos que seja unânime, que me faça apaixonar por cada um dos textos, mas isso é pedir muito (acho).

Putas assassinas não poderia ser diferente, mas é um livro consistente pelas mão do autor. Bolaños traz um olhar sobre temáticas por vezes sensíveis e/ou nojentas (a depender do julgamento do leitor)

Destaco « Últimos entardeceres na terra » , « Dias de 1978 » e a sequência de « O retorno » , « Buba » (meu favorito) e « Dentista »
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Lucas.Sampaio 06/10/2021

Uma introdução a literatura do Bolaño
Um início auspiciosa, eu diria.
Um dia, sem nenhuma explicação, eu lembrei do nome de um autor que eu mal conhecia, e esse nome brilhava na minha cabeça, e diferente do protagonista de "Vagabundo na França e Bélgica", conto presente nessa coletânea, o nome Bolaño não brilhou como um fósforo, mas sim cono uma fogueira, e eu comprei logo 6 livros de uma vez, sem ter lido nenhum.
Idiota, não? Pensava o mesmo, até dar de cara com o primeiro texto desse livro, "O Olho Silva", em menos de 15 minutos, eu já estava em prantos, que pancada bem merecida, e me mostrou que o dinheiro investido nesses 6 livros desse autor até então desconhecido (por mim), valeu cada centavo.

O livro está longe de ser consistente, e como com todos os livros de contos (salvo exceção raríssimos casos), os contos variam de qualidade, alguns fracos, mas que possuem seu mistério, tudo tem mistério. No entanto, quando a pancada vem... ela é direta, justa, potente, e foi o que me fez continuar lendo e lendo e lendo.

Eu destaco: O Olho Silva, Últimos entardeceres na terra, Prefiguração de Lalo Cura, O Retorno, Buba e Carnê de Baile.

Na verdade, de forma geral, eu recomendo demais esse livro, as discussões sobre a ditadura do Pinochet (algumas vezes postas de forma sutil), as torturas sofridas pelos militantes, uma visão crítico-reflexiva mezzo auto-acusatoria sobre a esquerda e seu papel na sociedade, aparecem nas páginas e tudo isso em poucas páginas, de forma concisa, no entanto poética e ultraviolenta.

Estou ansioso para reencontrar novamente a narrativa do Bolãno.
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Luiz Miranda 13/07/2018

Belive the Hype
Os Detetives Selvagens e 2666 são os livros badalados de Bolaño, 624 e 856 páginas respectivamente. Então, se você quer primeiro fazer um "test drive" antes de encarar essas Bíblias, recomendo Putas Assassinas.

13 contos que mantém um alto e estável padrão de qualidade. Temos momentos autobiográficos e curiosos voos ficcionais. Em todos a força da escrita de Bolaño fica evidente, uma prosa capaz de dar cor e sabor aos fatos mais corriqueiros e banais.

Dos 13, apenas o pedante "Fotos" me desagradou. De resto, pode acreditar no hype e na tal Bolañomania, trata-se de um baita escritor.
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