Resenhas - Brumadinho

Daniela Eng. Amb. 11/11/2022

Não foi acidente!
Apesar de ter sido publicado em 2019, enquanto as investigações ainda estavam em andamento, o livro é rico em informações sobre a tragédia.

Sarah L.T. 22/05/2020

A lama de Mariana e Brumadinho ainda escorrem.
"O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.
[...]
Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?"
Carlos Drummond de Andrade

Brumadinho - A engenharia de um crime, é um livro reportagem que deveria ser lido por todos os brasileiros. São feitas descrições sobre as investigações, os pontos investigados e o porquê da afirmação sobre um crime ter sido cometido, tudo isso com clareza. Além de toda a informação técnica, nos é fornecido, também, alguns detalhes sobre algumas das vítimas, lembrando-nos que não são apenas números, mas pessoas amadas e importantes, com história.
Contudo, apesar de terem informações realmente relevantes, algumas delas foram repetidas demasiadamente, o que tornou a leitura cansativa em alguns momentos.
Ter o conhecimento sobre detalhes dessa tragédia humanitária e ambiental, ajuda na compreensão do que de fato ocorreu em janeiro de 2019. Crimes foram cometidos e, mesmo que sejam fornecidas indenizações, vidas foram perdidas. "Não foi acidente".

Mariana 15/11/2020

a lama de Mariana e a de Brumadinho ainda escorrem
"O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga
[...]
Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?"
(C. D. de Andrade)

Um dos melhores livros de não-ficção que li esse ano. De verdade, que trabalho incrível o dos jornalistas Lucas Ragazzi e Murilo Rocha em destrinchar para a sociedade civil as investigações dos delegados da PF no caso do rompimento da barragem de Brumadinho.

Com o tanto de informação que a mineradora possuía, não era necessário ser grande especialista no tema para desacreditar da estabilidade da barragem. Foi crime. Foi um desastre ambiental sem precedentes na realidade brasileira. Foram 270 homicídios.

Os fatos narrados no livro causam indignação e frustração. É muito triste constatar como as autoridades federais são incapazes de fiscalizar os empreendedores e de garantir a estabilidade de estruturas que põem em risco não só o meio ambiente como a vida de milhares de pessoas. A mineração é um mercado que se autorregula. E não é o único.

Recomendo demais pra quem tem interesse nos temas de engenharia geotécnica, gestão ambiental e mineração. Livro de utilidade pública.

Lu Tibiriçá 14/05/2022

Crime sem dono, punição pra quem?
Outro mar de lama em Minas Gerais. Estado originado como tal a partir da extração mineral, carrega em seu nome sua sina.
A indústria da extração mineral ocupa espaços e não se responsabiliza pelo entorno, não interessa o mundo externo. Apenas rentabilidade e vendas ao mercado externo.
Ao não reagir aos indícios de fragilidade mostrados pela barragem I da Mina Córrego do Feijão, por várias medições geotécnicas diferentes, a direção de uma empresa de mineração coloca seus funcionários e uma comunidade em risco. O resultado? 272 mortes humanas, incontáveis da fauna e da flora. Quem são os culpados?
É essa história que esse livro conta.

Romeu Felix 24/02/2023

Fiz o fichamento sobre esta obra, a quem interessar:
O livro "Brumadinho: A Engenharia De Um Crime", escrito por Lucas Ragazzi e publicado pela editora Letramento em 2019, traz uma análise detalhada sobre o rompimento da barragem da Vale na cidade de Brumadinho, em Minas Gerais, ocorrido em janeiro de 2019, que deixou 270 mortos.

O autor, jornalista e professor de Comunicação, reúne informações e relatos que vão desde os primeiros sinais de problemas na barragem até os desdobramentos das investigações sobre o caso. Ele mostra como a negligência da Vale e a falta de fiscalização dos órgãos responsáveis contribuíram para a tragédia.

O livro é dividido em três partes: a primeira aborda o contexto do crime, apresentando um histórico da Vale e de outras tragédias envolvendo barragens no Brasil e no mundo; a segunda parte trata do rompimento da barragem em si, com relatos de sobreviventes e familiares das vítimas, bem como de especialistas que analisam as causas e consequências do desastre; por fim, a terceira parte discute as implicações do caso para a justiça brasileira e para a sociedade como um todo.

Ragazzi expõe os bastidores da Vale e dos órgãos governamentais, mostrando como a busca pelo lucro a qualquer custo foi mais importante do que a segurança das pessoas e do meio ambiente. Ele também faz críticas à mídia tradicional, que muitas vezes se mostra condescendente com as grandes corporações e pouco crítica em relação ao poder público.

O livro é uma denúncia contundente sobre as responsabilidades da Vale e do Estado no crime ambiental e humano de Brumadinho. É uma leitura fundamental para compreender as complexas relações entre o poder econômico e o meio ambiente no Brasil e no mundo, bem como as consequências devastadoras da negligência e da corrupção.
Por: Romeu Felix Menin Junior.