Nath @biscoito.esperto
29/05/2022"Para mim, dava na mesma se o mundo existisse ou se não houvesse nada em lugar nenhum".Como é comum nas histórias dostoiévskianas, "O sonho de um homem ridículo" começa quando nosso protagonista se deixa envolver pelo pessimismo e depressão da onda niilista que passou pela Rússia do século XIX. Sem ver sentido algum no mundo, ele decide comprar um revólver e cometer suicídio.
Na noite em que decide dar cabo à sua vida, o protagonista está voltando para casa do trabalho. No caminho, esbarra em uma menina que chora, desesperada, buscando ajuda para sua mãe, que está morrendo. Comovido pelo encontro, o protagonista questiona se realmente deseja morrer ㅡ até então ele tivera certeza de que nada no mundo o emocionava ou abalava, mas estava errado. Ver aquela menina de oito anos chorando por sua mãe moveu algo em sua consciência, e naquela noite ele não aponta o revólver para sua cabeça, mas acaba adormecendo enquanto mirava em seu coração.
Em sono profundo, o protagonista é levado para uma jornada fantástica e bíblica, conhecendo de perto o paraíso e o pecado original que desestabilizou a humanidade.
Eu li quatro obras do Dostô em 2022, mas esta novela foi a minha favorita até agora. É uma história maravilhosa e que nos faz pensar no significado daquilo que fazemos. Será que o mundo pode ser bom e justo, ou será ingenuidade acreditar nisso? Somos ridículos se acreditamos que o bem pode vencer o mal?
Talvez seja isto que está faltando à humanidade nos últimos tempo: uma boa dose de sonhos ridículos.
"Vi e sei que os seres humanos podem ser belos e felizes, sem perder a capacidade de viver na Terra. Eu não quero e não posso acreditar que o mal seja o estado normal dos seres humanos".
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