Nos contos de 'A mulher que transou com o cavalo e outras histórias', a cidade serve como interlocutora para a criação ficcional de João Ximenes Braga, e vai se formando a cada narrativa como um museu de tipos humanos. Personagens têm suas vidas íntimas expostas pelo ponto de vista dos narradores, que ganham 'invisibilidade' e tornam-se investigadores em potencial da intimidade alheia. Nos contos, começam a despontar, entre outros, desejos, fetiches e perversões, que trazem, em muitos casos, o sexo para o centro da cena como a via de libertação ou de aprisionamento, tensionando a narrativa. A psicologia dos personagens do autor nasce da fragilidade ou da força, mas demonstram um ponto em comum - a busca de uma forma de felicidade que foge dos paradigmas da sociedade burguesa.